Do sofrimento ao controlo absoluto, para cumprir a tradição
Um golaço de Guarín, aos 70 minutos, permitiu ao F.C. Porto cumprir a tradição de ser feliz em Moscovo. A terceira vitória sobre o CSKA em outras tantas visitas foi expressão de uma exibição em crescendo, que foi do sofrimento pronunciado, nos primeiros 25 minutos, ao controlo absoluto na última meia hora. A vantagem conquistada para o Dragão é importante e merecida, mas ainda não resolve a eliminatória, frente a uma equipa russa com individualidades de primeiro plano.
Foi o CSKA quem entrou melhor, obrigando Helton a mostrar serviço, ainda não estava decorrido o primeiro minuto: Doumbia ultrapassou a linha defensiva portista, entrou pela meia esquerda e, de ângulo apertado, obrigou o guarda-redes portista a defesa atenta. Foi um aviso para o que estava para vir, já que a estrutura defensiva do F.C. Porto lidou sempre mal com as transições rápidas do CSKA, sofrendo para colocar Vagner Love e Doumbia em fora-de-jogo.
Pela direita, o japonês Honda começou a inquietar Fucile por volta dos 15 minutos, criando uma grande ocasião para Vagner Love, que rematou ao canto direito de Helton para grande defesa do guarda-redes.
Por entre fases de sofrimento, a boa notícia para Villas-Boas é que a sua equipa chegava com relativa facilidade à área do CSKA, com Falcao a pôr à prova Akinfeev (5 m). Mas alguns problemas de adaptação à relva artificil, particularmente sensíveis em James e Hulk, limitavam os estragos dos contra-ataques do dragão: só aos 43 minutos Akinfeev voltou a ser posto à prova, num remate à meia-volta de Guarín, após o terceiro canto conquistado pelos portistas.
Pelo meio, tempo para mais uma defesa apertada de Helton (Vagner Love voltou a aparecer-lhe pela frente, aos 23 minutos) e para um golo bem invalidado ao CSKA: Vagner Love podia ou não estar adiantado à defesa, mas não havia dúvidas quanto à posição de Doumbia, que tocou a bola para a baliza.
Com o CSKA a dar-se melhor com as transições rápidas, o jogo entrou então numa fase mais pausada, com o F.C. Porto a ter mais posse de bola e a tentar privilegiar a segurança no passe, em detrimento da agressividade. Aos poucos, graças ao recuo de Fernando, a equipa conseguiu rectificar os problemas de cobertura, que deixavam muitas vezes Rolando e Otamendí em duelo directo com Doumbia e Vagner Love e o intervalo chegou numa fase de acalmia.
O clima prolongou-se na segunda parte, apesar de Vagner Love ter desperdiçado uma grande ocasião (56 m), chutando no ar após trabalho de Doumbia na direita. Mas esse foi o canto de cisne da equipa russa: a partir do momento em que Fernando encostou junto aos centrais, e os dínamos do CSKA (Honda e Mamaev) foram perdendo frescura, o F.C. Porto começou a mandar no jogo.
Mesmo com as acelerações de Hulk e James prejudicadas pela permanente inadaptação à relva artificial, o F.C. Porto foi crescendo com o passar dos minutos. Aos 67 minutos, Sapunaru, após um livre de Hulk, deu o primeiro aviso. Já com Varela em campo, Guarín beneficiou do trabalho do extremo, na esquerda, para abrir espaço ao seu remate poderoso, que não deu hipóteses a Akinfeev.
O golo premiava aquela que era já, nesta altura, a melhor equipa em campo. A impressão acentuou-se em 20 minutos finais de controlo absoluto, com sucessivas trocas de bola a acabar de cansar uma equipa russa que, nesta fase, pagou a factura do início da época, não voltando a incomodar Helton. Seria até legítimo acreditar que, com um pouco mais de risco, o F.C. Porto talvez tivesse conseguido o segundo golo. Mas o que foi conseguido já foi muito bom.
in "maisfutebol.iol.pt"
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