Na sombra do mediatismo do Benfica, o FC Porto foi somando triunfos e já leva dez seguidos na liga. António Oliveira conseguiu 15 em 1996/97.
"Sabemos que as vitórias do FC Porto são difíceis e as dos outros, no último minuto, são fantásticas." André Villas-Boas deixou o toque de alerta depois do triunfo sobre o Vitória de Guimarães (2-0) no sábado. O treinador do FC Porto queixa-se que o Benfica tem sido constantemente elogiado por todos, enquanto os feitos dos dragões são sempre vistos como resultado de um esforço sofrido para atingir o objectivo.
A teoria de Villas-Boas era simples de seguir. O Benfica estava, antes do jogo com o Sp. Braga, numa série de 11 vitórias consecutivas na liga (a uma do recorde de Eriksson em 1990/91) e de 18 triunfos em todas as competições (igualando a marca de Eriksson também, mas em 1982). A marca empolgou benfiquistas e entrou directamente para os maiores destaques da semana. Durante todo este período, o FC Porto de Villas-Boas esteve na sombra. Falando apenas no campeonato, enquanto o Benfica de Jesus somou 11 triunfos com 31-6 em golos, Villas-Boas e o FC Porto ganharam dez jogos (só empataram em Alvalade) com 24-3 em golos. Ou seja, a marca do Benfica foi melhor, mas os encarnados estão hoje com mais um ponto de desvantagem para o líder do que estavam depois de serem goleados no Dragão por 0-5.
A derrota em Braga deixou-os a 11 pontos do FC Porto, que agora, se vencer o próximo jogo do campeonato em Leiria, consegue igualar a marca de Jesus no campeonato, 11 vitórias consecutivas. Com triunfos esforçados ou não, Villas-Boas tem o título na mão, mas quererá mais do que se limitar a igualar o recorde do rival da Luz. O feito do Benfica de Jimmy Hagan na década de 1970 (29 triunfos consecutivos no campeonato: últimas seis jornadas de 1971/72 mais as primeiras 23 de 1972/73) continua intocável, mas olhando para os últimos 20 anos há várias marcas que estão ao alcance deste FC Porto.
Para já, com dez vitórias, os dragões já igualaram duas das melhores marcas dos últimos dez anos. Em 2000/01, o FC Porto de Fernando Santos fez um autêntico sprint na recta final da liga com dez vitórias nas últimas dez jornadas. O esforço foi inglório porque o Boavistão de Jaime Pacheco não cedeu à pressão e conseguiu mesmo o título com um único ponto de vantagem. Cinco anos depois, foi o Sporting de Paulo Bento a registar a mesma marca na segunda volta da liga. Mais uma vez, como com Fernando Santos, o esforço não foi suficiente. A série terminou com uma derrota caseira com o FC Porto (golo de Jorginho), que atribuiu quase definitivamente o primeiro lugar aos dragões.
Se Villas-Boas quiser olhar mais para a frente, terá dois antecessores para ultrapassar. Primeiro, José Mourinho, depois, António Oliveira. Em 2002/03, no primeiro ano completo do actual treinador do Real Madrid nas Antas, o FC Porto somou 13 triunfos consecutivos entre a nona e a 21.ª jornadas, com uma diferença de golos de 33-10. Para imitar o antigo chefe de equipa, Villas-Boas terá não só de vencer o Leiria como ultrapassar ainda o V. Guimarães e o Benfica, na Luz. Se for realmente ambicioso e quiser igualar as 15 vitórias de António Oliveira em 1996/97 (42-8), a celebração será feita no Dragão, já com o título na mão, frente ao outro grande rival histórico: o Sporting. Mas, para já, o objectivo é mesmo sair da sombra e igualar a marca de Jesus na liga.
in "ionline.pt"
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