Era a entrevista que faltava e se exigia depois da brilhante exibição no Estádio da Luz. De resto, é a primeira grande entrevista de João Moutinho desde que assinou pelo FC Porto. Sem pressas, Moutinho conversou com O JOGO e não deixou nenhum tema sem resposta, ainda que tenha evitado ser polémico quando abordou o passado de leão ao peito. Assinar pelo FC Porto, a 4 de Julho de 2010, revelou, "foi o grande salto e a melhor decisão" da sua carreira, tomando-a para somar títulos. Ele que nos seis anos em Alvalade venceu apenas duas Taças de Portugal e duas Supertaças Cândido de Oliveira. No FC Porto pode igualar esse número de troféus logo na primeira época. Aliás, festejou um na estreia oficial com a camisola 8 dos dragões: a Supertaça Cândido de Oliveira. No início de Abril, garantiu o título nacional - o primeiro do currículo - e logo no Estádio da Luz, palco onde, na última quarta-feira, fez o golo que abriu o marcador numa "remontada" da Taça de Portugal que considerou histórica. Foi apenas o segundo golo da época do médio que admitiu ter de melhorar no aspecto da finalização.
A ambição de João Moutinho não conhece limites e, menos de um mês depois dos festejos na casa do grande rival, já colocou o contador a zeros. "Queremos sempre mais e espero dar continuidade". Uma afirmação curiosa, que, sublinha, espelha bem o sentimento do todo o grupo de trabalho do FC Porto. "É como diz o nosso autocarro: 'este é o nosso destino'", lembrou, admitindo que, mesmo depois de todas as provas de qualidade, "toda a gente está à espera de um tropeção do FC Porto".
Por isso, a concentração continua a ser absoluta para o embate com o Villarreal e a definição da Taça de Portugal, com o Guimarães, as duas provas que ainda estão em aberto para os dragões. Com um percurso praticamente imaculado na Liga Europa, o médio admite que será uma enorme desilusão não chegar a Dublin, onde não tem preferência pelo adversário, mas alerta para a dificuldade que será defrontar uma equipa "que está a fazer um grande campeonato em Espanha".
Quando assinou pelo FC Porto, imaginava uma época assim?
Sabia que em todas as competições iríamos fazer o melhor para conquistá-las. Felizmente, logo no início da época conseguimos uma, a Supertaça, e com algumas jornadas por disputar garantimos o título. Agora, temos mais duas competições superimportantes que queremos conquistar.
Puxando o filme atrás, ainda se recorda do primeiro dia no clube?
Lembro-me de que senti uma grande vontade de treinar e de ir para dentro do campo para me ambientar da melhor forma e estar bem para ajudar o clube.
E, nessa parte inicial da mudança, não estranhou deixar de lado a responsabilidade de ser o capitão? Não sente saudades disso?
Não. Estamos muito bem entregues com o Mariano, o Helton e o Falcao. Tenho é saudades de ganhar títulos.
Saudades? Mas o último ganho foi só há três semanas...
Pois, mas já tenho saudades. Como estamos a tomar-lhe o gosto, espero dar continuidade. É isto que nos leva a evoluir. Queremos sempre mais, há sempre objectivos para atingir.
"Ausência do Mundial? Queiroz que explique, se quiser"
O que sentiu quando teve conhecimento que iria ficar de fora do Mundial da África do Sul?
Foi uma das maiores desilusões da minha carreira, juntamente com a derrota pelo Sporting na final da Taça UEFA; aliás, nessa época, podíamos ter vencido o campeonato e a Taça UEFA no Sporting e perdemos tudo na mesma semana. Foi uma grande desilusão. Mas, e regressando à Selecção, sem dúvida que foi uma grande frustração não ter ido ao Mundial, sobretudo depois de ter estado presente em todas as convocatórias da Selecção Nacional.
Carlos Queiroz admitiu recentemente que se arrependeu de não o ter levado ao Mundial...
Ele é que terá de justificar as suas palavras. Tentei olhar sempre para a frente porque e, sendo novo, acredito que ainda vou a tempo de ter mais oportunidades para alcançar o objectivo de estar presente num Campeonato do Mundo.
Carlos Queiroz explicou-lhe por que não o chamou?
Não, nem tinha de o fazer. Foram as ideias dele. Fiz os possíveis por estar nessa convocatória, mas se achou que não era a melhor opção ele é que deve explicar os motivos, se quiser.
Agora, com Paulo Bento, parece indiscutível na Selecção Nacional. Acredita que se fixou definitivamente?
Esse sempre foi o meu objectivo. Todos os jogadores que jogam num grande clube têm essa ambição. Trabalho diariamente para ajudar a minha equipa, mas quando vou à Selecção tento manter o mesmo nível
Portugal vai conseguir a qualificação para o próximo Campeonato da Europa?
Claro que sim. Todos acreditamos nisso, sobretudo pelo que temos vindo a fazer desde que o mister Paulo Bento assumiu o comando técnico. Temos feito grandes resultados e realizado grandes jogos. Queremos muito lá estar.
in "ojogo.pt"
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