NA presença de La Pulguita novamente no seu país gerou um reboliço mediático em torno do miúdo que explodiu com a camisola da Argentina no Sul-Americano de sub-20 depois de ter sido chamado a participar nos treinos da selecção principal no Mundial da África do Sul e de seis meses em que apenas se pôde treinar em Quilmes. Agora voltou ao clube em que se formou no Paraguai e sabe que está em contagem decrescente para jogar as últimas partidas com a camisola azul e vermelha do Cerro e começar a familiarizar-se com o azul e branco do FC Porto. "Será o desafio mais importante da minha carreira, um passo muito grande que darei depois de tudo o que lutei. Oxalá possa adaptar-me rapidamente e ganhar um lugar na equipa", desejou, em exclusivo, para O JOGO.
Tem seguido a campanha do FC Porto?
Sim, claro. Às vezes é complicado ver os jogos e acompanhá-lo como queria porque no Cerro passamos muito tempo em estágio e viajando, mas sei que já é campeão, que ganhou ao Benfica no estádio do rival e que vai jogar a final da Taça. E sei que está na semifinal da Liga Europa com todas as condições para chegar à final. Nota-se que tem um plantel muito competitivo e está a fazer uma grande temporada, espero que possa ganhar todos os títulos que está a disputar.
E já torce pela equipa como se fosse um adepto?
Claro, estou a torcer para que continue a ganhar. Ainda não sou parte do grupo, mas quero que tudo corra pelo melhor. Estou ansioso por chegar a Portugal, juntar-me ao plantel e começar a treinar com eles.
Sente-se preparado para chegar ao futebol europeu tão cedo?
É uma grande oportunidade para mim e vou esforçar-me ao máximo para triunfar. Estou com muita confiança de que me vai correr tudo bem. Sei que o FC Porto é uma grande equipa da Europa, que conta com futebolistas de primeiro nível e eu vou tentar acompanhar o ritmo deles.
Qual será o seu objectivo ao chegar ao futebol europeu?
É natural querer ser reconhecido e creio que estou no bom caminho para isso. Quero triunfar no futebol, sonhei com isso desde criança e é para isso que luto todos os dias. Sei que ainda tenho muito para aprender e, por isso, gosto de ver futebol nos meus tempos livres.
Vê muitos jogos do Barcelona para copiar o Messi? Como encara isso de ser comparado com ele?
Claro que o vejo, mas falta-me muito para ser como Messi. Ele é o melhor jogador do mundo e eu estou a começar a minha carreira. As comparações com Leo são algo que me dá muito orgulho. Ele é uma figura mundial e qualquer um gostaria de parecer-se com ele, mas o meu desejo é escrever a minha própria história.
Que características partilha com Messi?
Talvez a forma de encarar os rivais. Acho que temos o mesmo prazer em enfrentá-los e tentar desequilibrar com dribles. Mas tenho de repetir que Leo está num outro patamar: ele é o melhor. A mim falta-me aprender muitíssimo. Apenas metade do que ele é já seria fantástico. É um jogador muito completo, tem tudo: domínio da bola, velocidade, precisão, desequilíbrio e uma capacidade de definição bárbara. Impressiona-me a quantidade de golos que faz. Ninguém o consegue parar.
Hoje está a pagar pela inactividade em 2010?
Está a custar-me um pouco porque estive muito tempo sem competir e este Verão não pude participar na pré-temporada. É algo de que falei com o corpo técnico do meu clube. Sinto o apoio dele e trato de aproveitar cada vez que me dão uma oportunidade de jogar.
Em que condições espera chegar ao FC Porto?
Muito bem. Cada vez estou a jogar mais tempo e sinto-me melhor fisicamente. Não foi fácil agarrar o ritmo depois de tanto tempo, porque não é o mesmo treinar e jogar ou apenas treinar. Perdes capacidades. Mas já estou a recuperar esse tempo e estou a preparar-me para chegar na melhor forma possível e não sentir tanto a diferença quando começar a jogar pelo FC Porto.
Para lá da forma física, o que o prejudicou mais naquele conflito?
Eu sempre tive as coisas muito claras, por muito que se tenham dito um montão de disparates sobre mim. Eu escolhi representar a Argentina e a minha família sempre me apoiou. Sempre disse que tenho um grande carinho pelos dois países. O Paraguai também é a minha casa, foi lá que nasceram os meus pais e é um país ao qual estou agradecido. Depois, não dou importância ao que possam dizer sobre mim.
Agora vai ter de seduzir os adeptos portugueses...
Oxalá possa ganhar o carinho da gente do FC Porto depressa. Estou muito feliz por chegar a um clube tão grande, que me veio buscar aqui e me deu esta oportunidade que também é o próximo desafio da minha carreira.
Já imaginou jogar a próxima Liga dos Campeões?
Sim, já sonhei com isso. Jogar essa competição é quase como se fosse um mundial de clubes, porque é lá que estão todas as equipas importantes e os melhores jogadores do mundo. Oxalá esse momento chegue depressa e que antes disso o FC Porto possa dar muitas voltas olímpicas esta temporada.
"Fica-me linda, não?" Que bem que está!"
"Fica-me linda, não?" A camisola do FC Porto parecer ter poderes mágicos para Juan Manuel Iturbe, a promessa argentina que dois meses antes de chegar ao seu futuro clube a provou em exclusivo para O JOGO. Toda a sua timidez, a mesma que leva a falar sempre em voz baixa e a olhar para o chão enquanto fala, e o seu rosto sempre sério modifica-se quando recebe a camisola. Olha-a primeiro, sente-lhe a textura, veste-a e na sua cara desenha-se um sorriso enorme. "Ainda não a tinha vestido. Disseram-me que me iam enviar uma, mas ainda não a tenho" comenta com a mesma alegria de um menino que acaba de receber um presente. "Não sei que número terá a minha, verei quando chegar a Portugal qual me dão. Mas isso não é o mais importante. O que me motiva é que vou jogar num grande da Europa, entusiasma-se o argentino apontado como o novo Messi enquanto posa para as fotos no lóbi do Hotel Sheraton de Buenos Aires, onde se alojou o Cerro Porteño para estagiar antes do jogo com o Estudiantes de La Plata para a Copa Libertadores.
Família em Portugal para dar apoio
Iturbe chega ao Porto a tempo do arranque da próxima temporada, mas não viaja sozinho. "Vou viajar com toda a minha família, os meus pais e os meus irmãos", explica. "Hoje tenho a sorte de poder estar outra vez com eles. Escolhi estar perto da família e por isso voltei ao Paraguai, onde estavam todos instalados. Com eles ao meu lado sentia-me mais confortável e por isso em Julho vou levá-los para Portugal." Mas nem só a família servirá de suporte a Iturbe durante a fase de adaptação a Portugal e ao futebol europeu, até porque não faltam jogadores sul-americanos no plantel do FC Porto. "Ainda não tive a sorte de conhecê-los", sublinha o jogador. "O único com quem tive um contacto foi com o Nico Otamendi, com quem viajei para o Mundial da África do Sul. Mas vou ter tempo para isso. Para já, estou concentrado no Cerro Porteño e quero despedir-me daqui da melhor maneira possível."
La Pulguita decisivo no superclássico do Paraguai
Imagine um jogo entre o FC Porto e o Benfica disputado no Estádio da Luz; agora imagine que, a 20 minutos do fim, ainda não havia golos e que os portistas até já estavam reduzidos a 10 jogadores; imagine, ainda, que entrava na equipa do FC Porto um menino de 17 anos, e que esse menino marcava o primeiro golo, sofria o penálti para o segundo e a sua equipa ganhava 2-0. Pois bem, foi mais ou menos isso que Juan Iturbe fez ontem pelo Cerro Porteño, no mais escaldante clássico do Paraguai, disputado no terreno do Olimpia. O reforço dos portistas para a próxima época entrou em campo para resolver a partida, com um golo que começa a ser uma imagem de marca: correria desde o meio-campo e remate colocado à entrada da área. "Sempre sonhei em marcar um golo ao Olimpia", afirmou o avançado no final de um encontro em que voltou a ser apelidado de "Mini Messi" pela mais variada Comunicação Social paraguaia.
in "ojogo.pt"
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