segunda-feira, 25 de julho de 2011

Do autogolo ao piloto automático

Não há muito mais do que o simbolismo de uma final à neve a unir, hoje em dia, FC Porto e Peñarol. São equipas de campeonatos opostos, nada a fazer. Até um dragão a meio-gás bastou para abafar os uruguaios e confirmar que o dia era de festa, mas entre um autogolo e uma ameaça de goleada há um fosso que ainda não nos permite apontar, com rigor, o que já vale o FC Porto de Vítor Pereira.
A cerimónia de apresentação aos adeptos - sem referência aos ausentes nem numeração que se possa adiantar - foi apenas uma metáfora de uma equipa que, em campo, procura agarrar-se às firmes certezas para contornar as muitas dúvidas. É claro que este é o esboço que vai sustentar o dragão nos primeiros jogos oficiais, mas há ainda demasiadas variáveis que não entram em equação e cujo impacto não é despiciendo.
A todas estas interrogações responde Hulk com o dedo no ar. E é um bom princípio que o jogador que mais desequilibra revele uma intenção tão firme de continuar a levar a equipa de arrasto. Foi o que fez ontem, abrindo caminho à vitória com um remate que Sosa não conseguiu segurar. O bafo de Kléber já assusta e bastou para confirmar um golo que quebrou o gelo. O problema é que o FC Porto não foi capaz de manter o jogo tão quente quanto a temperatura na Invicta...
Há dados que o explicam e o desgaste físico de um onze decalcado daquele que, três dias antes, jogara em Vila do Conde é certamente um deles. Curto, porém. Quem quiser ir mais longe perceberá que Souza ainda é um grão na engrenagem; que Rúben Micael não esteve tão intenso como noutros particulares desta pré-época; que faltou pulmão aos laterais para serem um apoio mais efectivo a um futebol que há-de continuar muito direccionado aos desequilíbrios a partir das faixas.
A estes défices circunstanciais há que acrescentar outros. E o que falta no FC Porto tem nome. Ou nomes: Falcao, Guarín, James e Álvaro Pereira, já para não alargar a conversa aos reforços assegurados e aos que ainda estarão por contratar. O que se vê em campo é que a pauta está lá e o maestro sabe o que quer, mas há uma grande diferença entre uma orquestra sinfónica e uma fanfarra dos bombeiros.
Contra o Peñarol, mais uma vez, Hulk foi o solista. É que o jogo transformou-se num bocejo entre o primeiro golo e a meia-hora final. A equipa acomodou-se a um desfecho incontornável, ameaçando a cada aceleração pontual, é certo, mas sem uma consistência que permitisse, através do colectivo, abafar os uruguaios.
O Incrível inventou o 2-0 antes de Walter fechar a contagem com números expressivos, mas que reflectem melhor o pouco que vale esta equipa do Peñarol do que o muito que jogou o FC Porto.


FC Porto 3 Peñarol 0

Estádio do Dragão
Árbitro Jorge Sousa (AF Porto)
-

FC Porto

Treinador vítor pereira
Helton; Sapunaru, Rolando, Maicon e Fucile; Souza, João Moutinho e Rúben Micael; Hulk, Varela e Kléber
Jogaram ainda: Bracali, Belluschi, Otamendi, Djalma, Castro, Walter, Sereno, Addy, Christian, Kelvin e David
Treinador diego aguirre

Peñarol

Sosa; Alejandro González, Carlos Váldez, Guillermo Rodríguez e Albín; Corujo, Nicolás Freitas, Edison Torres e Walter López; Palacios e Zalayeta
Jogaram ainda: Maxi Pérez, MacEachen, Pastorini, Amodio, Siles e Guichón
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ao intervalo 1-0
GoLOS 10' Guillermo Rodríguez (ag), 72' Hulk (g.p.) e 87' Walter
CARTÕES 25' Sosa, 61' Rúben Micael, 89' Nicolás Freitas

in "ojogo.pt"

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