Ainda é cedo para perceber as reais semelhanças entre André Villas-Boas e Vítor Pereira e só hoje - jogo treino com o Gutersloh - se pode realmente começar a perceber se o novo treinador vai seguir a linha táctica do antigo. Mas há processos que os 30 minutos abertos de treino já dão a perceber. Um deles, ontem com bastante enfoque no primeiro exercício físico-táctico do dia, tem a ver com o ataque planeado a partir das alas. Os extremos de Vítor Pereira serão iguais aos de Villas-Boas: mais interiores do que de linha, a jogarem com diagonais para dentro e não para fora. "Alas para dentro, lateral sobe", gritou o treinador, para que não restassem dúvidas. A concepção também agrada aos defesas, especialmente a Álvaro Pereira, que tanto gosta de fazer todo o corredor. Mas o uruguaio nem sequer está aqui.
Apesar do exercício ter privilegiado esse tipo de ataque, todos os jogadores foram envolvidos nele, ao ponto de Hulk e Varela terem funcionado como trincos e Fernando, por exemplo, extremo. Isto porque o desenho elaborado pela equipa técnica contemplava oito estações fixas, pelas quais passaram todos os jogadores. E ao garantir que os 21 jogadores de campo à disposição passavam por todas as posições, ficou também assegurada a velocidade de transicção e o ritmo alto indispensável a quem está em pré-época.
Os golos foram a sobremesa. Mas mais uma vez em dose reduzida, pese embora a obsessão de Vítor Pereira pela finalização. É verdade que um esquema com 21 jogadores impossibilita vários remates de cada um, mas não deixa de ser curioso que, mais uma vez, os guarda-redes tenham levado a melhor. Ontem ninguém bisou (marcaram Hulk, Djalma, Fernando, Castro, Kelvin, Walter e David) e os tiros foram bem mais à queima-roupa do que no dia anterior. A diferença é que passou a ser obrigatório rematar de primeira e nem sempre o último passe foi tão direccionado e mortífero como os goleadores agradecem. A rever.
Kléber forte nas assistências mas nem sequer rematou...
O exercício era, de facto, bastante complexo. Tanto que, mesmo com o preparador-físico Filipe Almeida por perto, Vítor Pereira fez questão de o explicar a todos os jogadores. Mas a assimilação não decorreu por igual e Kléber, por exemplo, perdeu-se. O treinador fez questão de o encaminhar para as respectivas posições, mas o brasileiro foi refém da velocidade imposta e dos enganos anteriores. Por isso, acabou por nem sequer ter a oportunidade para rematar à baliza, afinal aquilo que mais gosta de fazer. Mas a assistir, porém, foi dos melhores.
Vítor Pereira quis mais jogos na pré-temporada
O nome de Vítor Pereira surgiu como a opção natural para dar continuidade a um projecto que, apesar de ter um rosto, não se esgotava em André Villas-Boas. Há muito a unir os treinadores, mas também se começa a perceber o que os separa. Por exemplo, foi o novo técnico quem pediu um calendário de pré-época mais preenchido, por forma a potenciar em jogo aquilo que se trabalha no treino. Villas-Boas, que é adepto do mínimo de competição antes da temporada, só queria dois particulares na Alemanha, o inevitável desafio de apresentação aos associados e mais um encontro a fechar o mês de Julho. Aliás, no fim-de-semana que antecede a Supertaça havia até a possibilidade de disputar um torneio, cenário que foi descartado. Com Vítor Pereira, acrescentou-se um jogo ao estágio na Alemanha e, já esta semana, encontrou-se ainda nova data para um teste com o Rio Ave.in "ojogo.pt"
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