Rolando estará mesmo de saída do FC Porto. O central mantém-se em Marienfeld a preparar a nova temporada dos dragões, mas a qualquer momento pode abandonar o estágio para tratar do futuro. Pelo menos, foi isso que deu a entender, ontem, na conversa com os jornalistas, justificando a vontade de experimentar outras ligas com o poder financeiro de alguns clubes com os quais, disse, o FC Porto não tem capacidade para competir. Em todo o caso, sempre foi registando que não seria uma desilusão ficar mais um ano no Dragão. "Quero é jogar futebol e sair não depende só de mim. Tenho contrato com o FC Porto e se o clube achar que é esta a altura, os interessados devem falar comigo", começou por dizer, ainda numa atitude defensiva.
A insistência no tema acabou por levar Rolando a alterar ligeiramente o discurso. "É evidente que as notícias não me passam ao lado e ter clubes interessados é bom porque confirma o bom trabalho que tenho feito. Um dia vou sair, se é agora ou mais tarde não sei. Estou preparado para sair, como para ficar. Vamos ver o que o futuro diz. Todos querem o melhor para si e sabemos que alguns clubes europeus têm condições, a nível financeiro, contra as quais o FC Porto não consegue competir", atirou.
Rolando chegou ao FC Porto em 2008 e sente que o ciclo no clube está a terminar depois de ter ganho praticamente tudo. "Estou aqui há três anos, tenho dado muito ao clube, e chega a uma certa altura em que as pessoas começam a ver a minha saída como normal. Se continuar será com naturalidade, mas também acho que esta era uma boa altura para sair porque ganhei muito no FC Porto e quero continuar a ganhar, aqui ou noutro lado", insistiu.
À Juventus, ao Roma e ao Manchester United juntou-se recentemente o Chelsea na lista de potenciais interessados. O central não escondeu que reencontrar-se com Villas-Boas seria excelente. "Adorei trabalhar com ele e gostava que ele estivesse aqui para continuar. Agora, está no Chelsea e se estiver interessado em mim, ele tem o meu número de telefone, não há problema", brincou.
Em todo o caso, Rolando está consciente de que só poderá sair se algum clube fizer uma proposta ao FC Porto e se Pinto da Costa a aceitar. Por isso, fez questão de dizer que continuar no Dragão também é uma opção que lhe agrada. "Um jogador desiludido não é um jogador à Porto e, por isso, não vou por aí. Se surgir uma boa proposta logo verei, mas ficarei cá de bom grado", concluiu.
"A dar os primeiros passos"
Apesar de considerar que Vítor Pereira foi um excelente adjunto de André Villas-Boas na época passada, Rolando ainda não tem uma opinião formada sobre o seu trabalho enquanto chefe de equipa. O central está a treinar há menos de uma semana e prefere esperar antes de apontar as virtudes ou os defeitos do treinador. "Estamos a começar e ainda não deu para ver grandes diferenças, até porque temos treinado mais a parte física. Está tudo relativamente igual e normal. Tínhamos uma imagem dele como adjunto, mas é completamente diferente ser treinador principal e ele ainda está a começar, está a dar os primeiros passos. Daqui a uns tempos poderei ter uma opinião, por enquanto ainda não", insistiu.
E que imagem era essa do Vítor Pereira da época passada? A resposta foi imediata. "A de um excelente adjunto, mas o trabalho era diferente porque ajudava o principal. Adjunto é passado, agora temos é de nos preocupar com o presente e vamos ver no que dá", atirou.
Com um discurso evasivo, Rolando não abdicou da sua postura diplomática quando aborda os temas do FC Porto. Ou seja, só surpreendeu mesmo pela contundência do seu sonho de carreira, vincado na necessidade de se projectar para um campeonato de maior dimensão.
Satisfeito por Villas-Boas
Rolando não teve pena que Villas-Boas tenha abandonado o FC Porto. "Fiquei satisfeito por ter saído", atirou sem rodeios, justificando a sua posição. "Ele conseguiu aquilo que todos pretendemos, que é o melhor para si. Juntamente com ele fizemos uma época espectacular, com grandes títulos", recordou, acabando por admitir que lhe custou perder o treinador principal: "Gostei de trabalhar com ele, foi um prazer."
"É normal que os adversários se reforcem"
As movimentações do mercado têm sido mais animadas nos rivais de Lisboa, mas Rolando não está preocupado com os reforços do Benfica e do Sporting. Em Marienfeld estão quatro caras novas no plantel, mas o central prefere esperar para dar uma opinião. "Seria injusto porque estamos a trabalhar há pouco tempo, ninguém está a cem por cento e ainda estamos a tentar recuperar a forma. O Bracali, o Djalma e o Kléber já provaram no campeonato português que têm muita qualidade. O Kelvin e os que estão para chegar ainda não conheço bem", admitiu. No sentido inverso, além de Rolando, também Falcao e Hulk continuam a ser apontados a outros clubes. "Só falo com eles sobre o FC Porto, por isso não sei de nada. Contudo, o clube vendeu sempre e quase sempre ganhou na época seguinte", sublinhou, desvalorizando as contratações dos rivais. "É normal que se reforcem", atirou quem coloca o Braga na luta pelo título.
Cláusula serve de referência
O FC Porto diz que não tem propostas, mas os empresários de Rolando garantem que já se discutiram números para a transferência do central. Faustino Gomes, um dos seus representantes, não quis alongar-se muito mais, mas nas entrelinhas insinuou que a parada está alta: "Já houve conversas, mas até agora nada está feito e até é mais provável que ele fique. Quanto pede o FC Porto? Isso não posso dizer, mas ele tem uma cláusula de 30 milhões de euros, portanto..."É fazer as contas e, neste caso, não só ao dinheiro. É que os dias avançam e o mercado tem data de fecho. "Calma, há tempo. O Bruno Alves também não foi transferido cedo", lembrou. Confrontado com as palavras de Rolando, foi directo ao assunto. "Mas quem é que não gostaria de mudar para melhor e para receber mais? Não é isso que todos querem? O Rolando não tem de ser diferente", avisou.
Apesar do currículo, da recorrente presença na Selecção Nacional e da margem de progressão que os seus 25 anos lhe garantem, Rolando não deixa de ser um defesa caro para a realidade actual dos mercados. Mesmo assim, o processo para a sua saída está em curso há largas semanas e deve mesmo ser encerrado da forma que mais interessa ao jogador e à SAD, que não lhe fecha as portas.
in "ojogo.pt"
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