Nas contas de André Villas-Boas, Souza raramente passou de terceira opção para a posição de trinco. Nas de Vítor Pereira ainda é cedo para perceber, mas a conjectura actual aponta para uma titularidade imediata e uma oportunidade há muito desejada pelo ex-Vasco da Gama. Na génese da hipótese, ainda prematura, está Fernando, muito longe do protagonismo assumido noutros anos.
O trinco está outra vez lesionado e fez trabalho condicionado no regresso aos treinos pós-Peñarol. Numa fase ainda atrasada da recuperação à lesão no tornozelo esquerdo, Fernando tem pouca margem para recuperar terreno, até porque já passou quase metade da pré-época na enfermaria. Ainda faltam 10 dias para a estreia oficial - Supertaça contra o Guimarães - mas o ensaio geral é já no domingo, contra o Lyon, e Souza deve manter-se até lá como única solução. A recuperação do Polvo ainda é possível, mas perante um ensaio bem sucedido, Vítor Pereira não teria grande margem para fazer marcha atrás, ainda que o habitual titular não precise de aprender os mecanismos da equipa.
A questão é também, e essencialmente, a forma psicológica. Souza está cheio de moral e ainda há dois dias disse que quer rebentar e assumir-se finalmente como titular, tendo como pano de fundo a presença nos Jogos Olímpicos do próximo ano, pela selecção do Brasil. Já Fernando mantém a vontade de sair do FC Porto, expressa ainda no final da temporada passada. A motivação não será total e as exibições menos conseguidas em alguns jogos-treinos também foram, no mínimo, estranhas.
Esta entorse no tornozelo é a segunda lesão que Fernando acumula. Tal como a primeira, não parece muito grave, mas é o suficiente para o fazer perder uma série de treinos e jogos, importantes nesta fase para definir quem vai ser titular no arranque.
O médio perdeu metade do estágio da Alemanha e só jogou as duas últimas partidas. No regresso, novo problema físico e consequente afastamento da apresentação contra o Peñarol, no qual Souza jogou 86 minutos, número raro para qualquer jogador nesta fase da época e um excelente indício. Pelo meio, Fernando alinhou em Vila do Conde e esteve na origem do único golo sofrido, ao ser displicente após um passe na queima de Bracali. Se os jogos-treino funcionam quase sempre como tubo de ensaio, então não há que enganar: Souza aparece à frente e não só na qualidade que tem sido crescente. Ao todo, soma 261 minutos, quase o dobro dos 138 do Polvo.
A outra alternativa - Guarín - mantém-se de férias e, por isso, deve estar fora das contas para Aveiro.
João Vieira Pinto
"Souza pode ser reforço"
João Vieira Pinto acredita que "apesar da maior identificação de Fernando" com os processos da equipa, "o FC Porto tem uma estrutura que pode disfarçar algumas contrariedades." Principalmente porque Souza não é um desconhecido. "Já está no segundo ano e pode ser a oportunidade para mostrar a Fernando que há soluções face a uma eventual saída", afirmou.
A convicção do comentador de O JOGO é que, Souza pode ser reforço para este ano, "como foram o ano passado jogadores que já estavam no plantel, como Belluschi ou Guarín."
Rodolfo Reis
"Não estou preocupado"
Para Rodolfo Reis, nenhum titular será uma perda preocupante. "O FC Porto funciona como um todo. Já o provou muitas vezes quando um ou outro não puderem jogar. Se o Souza jogar, entrará com a máquina oleada e por isso não estou preocupado."
O antigo defesa dos dragões considera mesmo Souza "o único jogador do plantel que pode jogar no lugar de Fernando" e elogia-o. "Tem estatura, joga simples e é bom tecnicamente. Fernando foi decisivo o ano passado, mas Souza tem qualidade", diz. Guarín é que não. "É outro tipo de médio. Daria contra equipas mais fracas, mas não em jogos mais a doer", opina.
in "ojogo.pt"
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