Hulk não marcou, nem sequer encantou, pelo menos com a mesma intensidade com que costuma encantar por cá, mas nem por isso deixou de estar em bom nível na estreia a titular pela selecção brasileira. Perante circunstâncias difíceis, mas já lá vamos, o avançado somou 80 minutos de qualidade, capazes de o transformar numa das principais figuras da vitória (2-1) sofrida sobre o México.
O melhor lance do portista aconteceu cedo no jogo: aos 16 minutos, deixou Neymar isolado com um simples toque de calcanhar, num momento desperdiçado pelo menino do Santos com um remate disparatado. Mas não foi tudo: seguiram-se dois remates sobre a meia-esquerda - um com o pé direito, outro com o esquerdo - defendidos pelo guarda-redes mexicano e ainda alguns bons momentos de entendimento com Ronaldinho Gaúcho e Neymar.
Apesar de ter jogado preferencialmente sobre a zona central, Hulk nunca se deixou amarrar a um lugar que não lhe agrada particularmente, tendo, por isso, procurado muitas vezes espaços mais laterais para ganhar espaço aos adversários. E com sucesso. A mobilidade que apresentou foi mesmo uma das principais armas do portista, tendo trocado várias vezes de posição com os restantes avançados da equipa, apesar de ser ele a referência. A primeira circunstância adversa - jogar pelo meio - foi bem ultrapassada por Hulk; a segunda nem por isso. O Brasil sofreu o golo cedo (11') e ainda chegou ao intervalo reduzido a dez jogadores, por expulsão de Dani Alves (44'); na segunda parte, e com menos um jogador, o escrete teve mais dificuldades em ligar o seu jogo ofensivo e Hulk acabou por ter menos bola. Apesar disso, o Brasil chegaria ao empate, através de um livre de Ronaldinho, e depois à vitória - já sem Hulk em campo, saiu aos 80' - com um golaço de Marcelo nos minutos finais.
Depois de alguns jogos sem vencer adversários mais cotados (França, Alemanha e Holanda), o Brasil voltou a derrotar uma selecção forte, que jogou em casa, e iniciou a segunda parte em vantagem no marcador, e também no número de jogadores.
Por tudo isto, Mano Menezes destacou o feito dos seus jogadores - "é uma vitória que nos deixa mais próximos da verdadeira dimensão da selecção brasileira", referiu -, num jogo que coincidiu com a primeira oportunidade de Hulk se mostrar a titular. E o portista parece ter convencido os brasileiros, como nos relatou o jornalista Felippe Costa, da Globoesporte.com. "Ele mostrou personalidade com a camisola da selecção brasileira. Rematou de fora da área e deixou Neymar na cara do golo com um passe de calcanhar. Movimentou-se muito e bem. Como saiu cedo do país, ainda precisa de mostrar mais na selecção para se tornar num dos indiscutíveis. Isto apesar de ter jogado muito bem", explicou.
E se Hulk já convenceu os brasileiros, falta saber se conseguiu encantar o principal: Mano Menezes. A resposta será dada já nos dois próximos jogos, em Novembro, frente ao Gabão e Egipto.
Farías
"Não aguenta estar 10 minutos sem a bola..."
Hulk tem capacidade para jogar no meio, mas está mais acostumado a jogar pelas faixas. É um jogador que quando arranca tem muita força e velocidade. No meio tem de se segurar mais a bola. Mas pode jogar tranquilamente ao centro, precisa é de um tempo de adaptação e para isso tem de treinar no meio. Poderia ser um ponta-de-lança de eleição. O handicap é que não poderá fazer muitos golos de cabeça, mas pela força que tem, pode aguentar muito bem a bola e a carga dos adversários. No futebol de hoje procuram-se jogadores assim. Tem tudo para ser um dos melhores do mundo em qualquer posição, mas Hulk talvez seja mais indicado para jogar por fora. Com dois avançados seria mais fácil para ele jogar no meio. Isto porque teria liberdade para se mover por toda a frente de ataque, como gosta. O 9 puro tem menos contacto com a bola e Hulk não aguenta estar 10 minutos sem a bola. Para ele isso é difícil, pois quer logo ir buscá-la.
in "ojogo.pt"
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