Pela primeira vez na história, a SAD do FC Porto vai apresentar um orçamento que entra na casa dos 3 dígitos. É de milhões de euros que falamos, obviamente, e o número que a sociedade vai anunciar aos accionistas no próximo mês já não é coberto pela cláusula de rescisão de Hulk, isto para citarmos uma referência imediata. São 101 milhões previstos no campo da despesa, contrabalançados com uma expectativa de receita que garante lucro no exercício e que também antecipa um novo máximo. Angelino Ferreira, administrador da SAD, fez as contas com O JOGO. "O orçamento de custos previsto é de 101 milhões de euros. É um recorde, é superior ao da época passada. Mas isto é o orçamento, é uma projecção", ressalvou, sem deixar de notar o salto face a 2010/11, quando a previsão se ficava por 94,7 milhões.
Extrapolando a questão dos números, aquilo que se traduz para o futebolês é o reforço do investimento associado a todo o grupo FC Porto, mas que gravita, como é natural, em torno da equipa de futebol e dos seus resultados. Nesse sentido, foram já sintomáticos os mais de 30 milhões de euros gastos no último mercado e que traduzem a intenção de sublinhar o domínio interno e a projecção europeia do clube.
A administração dá grande enfoque a esse investimento e espera o devido retorno, o que está completamente replicado na projecção de 109 milhões em receitas, o que depende de êxitos desportivos, de longevidade na Champions, de sucessos de bilheteira e, inapelavelmente, da venda de jogadores. Importa notar, nesta parcela, que o FC Porto já tem um Falcao de avanço, porque as primeiras transferências do Atlético de Madrid vão entrar nas contas de 2011/12, assim como novas tranches dos negócios de Bruno Alves ou Raul Meireles, por exemplo.
Nomes à parte, eis um orçamento que acentua a questão do rendimento desportivo e que eleva a fasquia face à temporada passada, indissociável dos três títulos internos e da conquista da Liga Europa, que vale mais pela valorização dos activos do que pelas receitas que gera. Vítor Pereira já não responde só perante a filosofia do clube, mas também perante os accionistas.
Cinco temporadas a fechar no verde
Não é por elevar a fasquia que o FC Porto se tem exposto a chumbos nas contas. Desde 2006/07 que a SAD apresenta lucro aos accionistas, o que voltou a suceder em 2010/11, com um saldo positivo de 534 mil euros no resultado consolidado, acima dos 83 mil euros do exercício anterior. Mais do que uma margem notável, conta a tradição que a administração quer prolongar. É aí que entra o encaixe de 109 milhões previsto.
534 Mil euros de lucro
Não são projecções, são dados concretos e que dizem respeito ao exercício anterior. A SAD amealhou mais do que nunca (mais de 90 milhões, sem proveitos com passes de jogadores) mas também investiu forte (M€ 86,5).
17,5 Milhões de euros
Pagos em prémios pelo rendimento e que significam mais de um terço dos 50 milhões que a SAD gastou com pessoal. São variáveis difíceis de prever, mas com impacto nas contas condizente com o que o colectivo conquista.
56%
É a relação entre o que a SAD gasta com salários e os seus proveitos operacionais. A UEFA, à luz do fair-play financeiro, estabelece que essa percentagem não deve superar os 70%. Há um ano, o FC Porto estava mais perto do limite (68%).
202 Milhões de euros
É o valor do novo passivo, que cresceu mais de 40 milhões. A SAD desdramatiza alegando que aumentou a capacidade para o cobrir num espaço de tempo mais curto (2,06 anos). Acrescenta que parte da dívida à banca já foi abatida.
in "ojogo.pt"
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