"James nunca foi tão famoso"

James Rodríguez vive dias felizes, "apesar de triste por não ter ganho à Venezuela", salvaguarda a mãe, Pilar. Na selecção da Colômbia passou de estreante a destaque e os elogios não vêm apenas da Imprensa, pródiga a multiplicar páginas sobre o jovem desde que, pela segunda vez noutras tantas internacionalizações, foi o melhor em campo. Figuras da história do futebol colombiano, como Valderrama e Juan Pablo Ángel, também se deliciam com o craque, mas o grosso do carinho vem do povo, louco com a perspectiva de, em breve, ter um colombiano na lista dos melhores jogadores do mundo. "Nunca foi tão famoso", confirma Pilar, radiante por ver o filho nestas andanças. "Desde o jogo com a Venezuela que aqui falam muito do James. Até a mim me perguntam por ele. Só se fala dele", explica, para que se possa ilustrar a onda que cresce a cada grande exibição. "Emocionada" pelas palavras de Valderrama, "o melhor jogador da sua época", aconselha o filho a "manter os pés no chão" para que possa "escrever a sua própria história."

Certo de que isso acontecerá está Eduardo Lara, o seleccionador que lhe permitiu a estreia pelos sub-16 e que o acompanhou até aos sub-20. "É um rapaz muito dócil e humilde. Entrega-se ao trabalho e é bom profissional. No futebol acontecem muitas coisas estranhas, mas não será por falta de empenho que não chegará ao topo", perspectiva Lara, a O JOGO, ele que sente os elogios ao "menino" como se fossem para si. "É como um filho. Ele e outros jogadores que me passaram pelas mãos. Fico orgulhoso por ter contribuído para esta evolução tremenda", refere. Profundo conhecedor do futebol sul-americano, Lara desmente Ángel. "Ainda não é o melhor colombiano. Não podemos esquecer Falcao, Guarín e Yepes. Mas está no grupo dos melhores", diz, certo de que tem uma margem de crescimento incrível e que o pode guindar até patamares superiores. "Tem condições extraordinárias. Aliás, aos 15/16 anos já as mostrava. Tem uma técnica incrível e vai fazer uma história enorme neste país. Tem condições para ser o melhor do mundo. Deus o queira", vinca, embora depois salvaguarde que a idade dos melhores do momento pode dificultar esse estatuto: "Messi e Ronaldo ainda são jovens. Mas ele também pode marcar uma era."

A fama pode aumentar com uma grande exibição, esta madrugada, contra a Argentina. "É verdade que nunca foi tão famoso neste país como agora. Toda a gente, na rua ou nos cafés, o elogia. Mas se jogar bem contra a Argentina, essa visibilidade ainda aumenta. Uma grande exibição pode ser decisiva não só na Colômbia, como em toda a América do Sul", explica, recordando que o jogo é um clássico do continente e assume proporções colossais quando a Colômbia vence

Insatisfeito porque está habituado a ganhar tudo

A mãe de James Rodríguez liga todos os dias ao filho, mas é raro falarem sobre outro assunto que não a vida pessoal. Mas no tom de voz notou-lhe alguma tristeza pelos últimos resultados do FC Porto. "Está triste porque estavam habituados a ganhar tudo", explica. "Mas pelas palavras dele parece-me que o nível da equipa voltará a subir. Ele diz que o grupo está com muitas ganas para dar a volta", revela.

Comparado a Messi pelo seleccionador

Leonel Álvarez foi ontem questionado, na antevisão do jogo de hoje com a Argentina, sobre a forma como pretende parar Messi, mas optou por começar a responder com... James. "Se eles têm o Messi, nós temos o James", atirou de pronto o seleccionador, antes ainda de passar aos elogios mais concretos sobre o argentino do Barcelona. "Temos que estar atentos ao Messi, porque é o melhor jogador do mundo, mas não lhe faremos uma marcação individual. Higuaín também é um jogador que me preocupa, porque ele consegue aparecer na área quando menos se espera para finalizar os lances", referiu.

Estes enormes elogios a Messi, antecedidos por uma comparação a James, serviram apenas para comprovar, uma vez mais, o estatuto crescente do portista na Colômbia. Depois do bilhantismo apresentado no Mundial de sub-20, realizado no último Verão, James conquistou agora e em definitivo o respeito e admiração dos compatriotas num nível superior - a selecção principal. E para isso, bastaram apenas dois jogos realizados frente à Bolívia e Venezuela, nos quais o extremo foi considerado o melhor jogador em campo. Hoje há mais, com a Argentina.

om "ojogo.pt"