Danny marcou um dos golos do Zenit no triunfo sobre o FC Porto, na segunda jornada da Liga dos Campeões. Mal a bola entrou, correu para a bandeira de canto e imitou um cão a urinar. A imagem gerou desconforto no Dragão, onde o internacional regressa amanhã, depois de ter falhado o jogo de Portugal com a Islândia devido a um drama pessoal. Em entrevista exclusiva a O JOGO, Danny garante não ter pretendido ofender ninguém, mas sabe que vai precisar de ouvidos de mercador na partida de amanhã, a mais importante do ano para o Zenit, conforme admitiu.
Como pensa que vai ser recebido no Dragão?
Da mesma forma que qualquer outro jogador. Os fanáticos do FC Porto vão puxar ao máximo pela sua equipa e não vão preocupar-se com o Zenit. Mas também vamos ter lá os nossos adeptos que vão puxar por nós. Eu tenho é que estar preocupado com o que posso fazer dentro do campo, em dar o melhor. Vou procurar ajudar a minha equipa a sair do Dragão com a vitória.
A pergunta anterior tinha a ver com a forma como comemorou o golo na Rússia, imitando um cão a urinar na linha de fundo…
Tal como O JOGO escreveu, quando marco um golo dedico sempre aos meus filhos e faço uma pequena coreografia com aquilo que eles me pedem. Nesse jogo, foi porque o nosso cão tinha chegado na véspera. As pessoas gostam sempre de pegar numa polémica só porque sou português. O FC Porto perdeu e procuraram minimizar essa derrota dando importância ao festejo. Enfim. Estou de consciência tranquila. Se me quiserem assobiar, assobiem à vontade que para mim é igual. Estou ali apenas para jogar à bola.
Mas foi, no mínimo, uma comemoração original…
Os meus filhos pedem-me cada coisa... E eu tenho que as fazer. Por acaso, no último jogo do Zenit não me pediram nada e eu marquei.
E para o jogo no Dragão já tem algum pedido especial?
Tenho, mas vão ter de esperar para saber qual é.
Por coincidência, o Danny falhou os jogos da Selecção que se seguiram a esse episódio e também foi sugerido que tinha sido por medo da recepção que teria no Dragão...
Isso é ridículo. Não tenho medo de ninguém. O único medo que tenho é da morte. De outras pessoas e destas coisas, não. Vou ao Dragão com a cabeça levantada, olhos nos olhos das pessoas e do clube, para dar o meu melhor e ajudar o Zenit a vencer. Respeito muito o FC Porto, que é um dos maiores clubes de Portugal e tem feito um excelente trabalho nos últimos anos.
Este estágio de uma semana no Algarve revela a importância do jogo para o Zenit?
Estamos aqui para nos habituarmos ao fuso horário e por causa do tempo, que é melhor do que na Rússia, o que nos permite trabalhar melhor. Estamos concentradíssimos para um jogo importante, frente a um adversário duro, que pratica um bom futebol. Para nós este é o jogo mais importante da época. Vamos ao Dragão sem pensar no empate, que até nos serve, mas não é esse o feitio do Zenit.
Está à espera de um FC Porto mais exposto do que o habitual?
O FC Porto joga sempre da mesma forma contra qualquer adversário. Tacticamente é muito forte e vai ser muito difícil para nós. Estamos preparados e vamos dar tudo o que temos para conseguir a qualificação.
Um dos favoritos vai ter de se contentar com a Liga Europa...
É verdade. Teoricamente, os dois favoritos deveriam estar a lutar pelo primeiro lugar, mas estão a definir apenas o apuramento. O APOEL surpreendeu toda a gente, apesar de ter feito sempre o mesmo tipo de jogo. Está de parabéns.
Diz que o APOEL surpreendeu, mas, ao fim dois ou três jogos, já não devia ser assim...
No jogo que fizemos no Chipre deu para perceber que era uma equipa forte tacticamente; cada um sabe o que tem de fazer e funciona como equipa. O Aílton é matador e quando precisam dele, está lá. É verdade que deixou de ser surpresa, mas está em primeiro e qualificou-se. O futebol é assim: a equipa mais pequena passou, porque pensei que o Shakhtar também ia lutar com o FC Porto e o Zenit.
É, portanto, um grupo mais equilibrado do que parecia?
Se calhar, se tivéssemos um Barcelona no grupo as coisas seriam mais fáceis...
SuperDragões prometem fazer-lhe a vida difícil
Os SuperDragões, a principal claque do FC Porto, está a preparar uma recepção "calorosa" a Danny. Os adeptos não perdoam a comemoração do golo na Rússia e tudo farão para minimizar a prestação do internacional português. "O Bruno Alves é dos nossos e vai ser bem recebido, pode estar descansado. Já não podemos dizer o mesmo do Danny. Se depender de nós, vai passar um mau bocado no Dragão. Vamos tentar intimidá-lo e pressioná-lo ao máximo com cânticos e frases em faixas. Vai ser duro porque ele faltou ao respeito ao FC Porto", referiu a O JOGO Fernando Madureira, o líder da claque.
"Nem sei como é que ainda estou a jogar"
O jogo com o FC Porto será o último sacrifício de Danny, que tem jogado no último mês limitado por fortes dores no joelho direito. Desde que abandonou o estágio da selecção para o play-off de acesso ao Europeu, que o avançado não está a cem por cento. Porém, tem-se sacrificado para ajudar o Zenit. A partir de quarta-feira vai fazer tratamento intensivo para tentar escapar à faca. A paragem no campeonato russo surge, por isso, na altura ideal.
Está a passar por uma fase complicada devido a lesões e ao quisto que teve de remover...
É verdade. Foi difícil. Fiz uma minicirurgia, mas que tinha de se feita naquela altura. Ninguém gosta de falhar os jogos da Selecção. Ainda por cima, depois, nos play-off, também tive um problema num joelho e voltei a não jogar. Aliás, nem sei como é que ainda estou a jogar, mas o clube precisa de mim e estou a fazer um esforço enorme para estar em campo. Sei que não estou a cem por cento, estou em sofrimento. Conheço-me bem, mas estou com a esperança de passar esta fase. É só mais um esforço, um sacríficio e tentar recuperar para evitar ir à faca. Vamos ver.
Foi um drama pessoal. Chegou a falar-se de um tumor?
Desde o início que sabíamos que não era, mas também não sabíamos como falar sobre o assunto, sem ter cem por cento de certeza do que era [um quisto], para não deixar os amigos e a família em Portugal preocupados. Tentámos minimizar o assunto, mas em Portugal o que vende mais são as polémicas e até escreveram isso. Foi o descalabro total e tive logo de explicar tudo. Mas já estou bem, felizmente.
"Se calhar tenho de ir à bruxa"
Danny falhou os últimos quatro jogos da Selecção, para os quais estava convocado, devido ao tal quisto que teve de remover e ao problema no joelho direito. Uma autêntica praga de lesões que até o leva a pensar em soluções mais radicais. "Se calhar tenho de ir à bruxa ou mandar uma t-shirt molhada para que me tirem o mau olhado. Sinceramente, não sei. Como já disse, não estou a cem por cento. Tenho jogado para tentar cumprir os objectivos do clube", insistiu. Neste período complicado, o internacional português contou com o apoio de Paulo Bento. "Mandei uma carta à FPF a explicar tudo e no dia anterior tinha falado com o Paulo Bento e ele compreendeu, como qualquer pessoa tem de compreender", contou.
"Na selecção deixam sair cá para fora muitas coisas que não deviam"
Foi duro ficar fora do play-off, onde tudo se decidiu?
Claro. Já é duro quando estamos lá e ficamos no banco na expectativa de entrar; ver tudo pela televisão e saber que não ia entrar nem um minuto porque estava longe, é ainda pior. Há que levantar a cabeça e dar o melhor no clube para, no próximo ano, quando houver um jogo particular, ser chamado.
Como é o seu relacionamento com Paulo Bento?
Tranquilo, de treinador para jogador. Quando tenho um problema falo com ele.
Como acompanhou os problemas com Ricardo Carvalho e Bosingwa?
São momentos. Os jogadores quando estão de cabeça quente dizem muita coisa de que se arrependem. O mister já falou, os jogadores também, e agora é esquecer esses pormenores, até porque o treinador já deu por encerrado o assunto.
Com Carlos Queiroz também houve vários episódios. Está na altura de acabar com estas polémicas?
São coisas que acontecem em todo o lado, nos clubes também e noutras profissões. Mas é verdade que os clubes protegem-se mais dessas situações. Na selecção, se calhar, deixam sair cá para fora muitas coisas que não deviam ser do conhecimento público. É tentar melhorar nesse aspecto.
Por menos que queiram, esses episódios acabam por mexer convosco…
Claro que sim. É triste ver um colega que fez tanto por nós partir, mas o treinador tem as suas opções e convoca quem acha que está melhor. Temos que respeitar. É ele que manda e nós estamos lá para dar o melhor pelo país.
in "ojogo.pt"
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