Aos 45 anos, Tó Neves regressa a casa para assumir uma herança de peso: substituir Franklim Pais, o treinador que conseguiu o inédito decacampeonato. Currículo não lhe falta: 10 Campeonatos Nacionais, nove Taças de Portugal, 12 Supertaças, duas Taças dos Campeões Europeus, duas Taças CERS, uma Supertaça Europeia e, por Portugal, um Campeonato do Mundo e quatro Campeonatos da Europa.
Apenas um dos títulos foi conquistado longe do Porto, na Oliveirense, clube em que encerrou a carreira como jogador-treinador, na última época. Nas próximas páginas, vai ficar a conhecer melhor a personalidade de um homem viciado em competição, a quem não auguravam grande futuro, mas que viria a jogar 28 anos de Dragão ao peito, 18 deles na primeira equipa.
Pressão, rapidez e rotatividade. Estes são os três conceitos-chave que pretende pôr em prática no FC Porto?
Sim. A gestão do plantel é importante, as intensidades do jogo também... É a própria pressão alta que obriga a ter mais rotatividade, porque há um maior desgaste. Há uma série de ideias que funcionam em conjunto. Este é o modelo de jogo de que gosto e que se enquadra dentro do perfil do jogador do FC Porto de hóquei em patins. Não deste ano nem do anterior, mas de há 15 ou 20 anos para cá.
Ainda assim, há ideias novas. A assimilação tem decorrido melhor do que o esperado?
A qualidade dos jogadores tem diminuído esse tempo de adaptação, que pensei que pudesse ser maior. Mas enquanto estas coisas não estão bem assimiladas pode sempre haver recuos e avanços… Quero que o processo continue assim e é importante dizer que os jogadores têm feito um esforço grande e que estou muito agradado com isso.
Os anos que passou na Oliveirense serviram de laboratório?
No hóquei, as ideias estão muito relacionadas com dois factores: os treinadores que nos marcaram e os clubes em que jogámos. Em termos de modelos de jogo, o Cristiano Pereira sempre foi a minha grande referência, se bem que o Livramento e o José Fernandes também me tenham marcado. Falando de clubes, tenho 28 anos de FC Porto e por isso o meu modelo de jogo é de ataque, de velocidade. A Oliveirense serviu para tentar colocar as minhas ideias em prática, com um plantel diferente do que tenho aqui no FC Porto. Penso que isso deu frutos, ajudei na formação de alguns jogadores e criei um modelo de jogo.
As novas ideias em que tem trabalhado podem tornar a equipa mais competitiva na Liga Europeia, em que o FC Porto tem “morrido” tantas vezes na praia?
Em termos de competições europeias, as coisas funcionam de forma um pouco diferente. As equipas espanholas são muito rigorosas e defensivas, há poucos golos e não há grandes espectáculos. A nossa ideia é tentar encaixar o modelo de jogo do FC Porto dentro das características das equipas adversárias, tanto espanholas como italianas. Defensivamente temos de ser bastante rigorosos e no ataque não queremos mexer muito: as intensidades de jogo, a busca pelo golo e a rapidez de execução devem ser fundamentos postos em prática, tal como no campeonato nacional.
(Este é um extracto de uma entrevista a Tó Neves, que poderá ler na íntegra na mais recente edição da revista Dragões, já disponível nas bancas)
in "fcp.pt"
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