quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

CAIO DE PREGO A FUNDO

De regresso aos Dragões e à "melhor cidade do mundo", após dois anos no Benfica, Caio está, provavelmente, no melhor momento da sua carreira. Nesta entrevista, o hoquista foi franco e abdicou de qualquer jogo táctico, mas não deixou de olhar pelo retrovisor e reconhecer erros do passado.

O número oito do FC Porto Império Bonança passa em revista o seu percurso e mesmo os hobbies, entre os quais se encontra o karting. Por isso, recordou tempos de infância, no Cabo do Mundo, em Perafita, onde viu muitas vezes o pai correr.

Quais foram as razões do seu regresso ao FC Porto?
As razões foram basicamente as inversas das que me levaram a sair. Apenas saí do FC Porto por questões meramente pessoais, porque em termos desportivos é impossível encontrar melhor em Portugal. As razões pessoais já não existem e, a partir daí, o meu desejo foi regressar a casa, à minha cidade e, de preferência, ao FC Porto. Na altura em que foi noticiada a minha saída do Benfica, a primeira pessoa a ligar-me foi o senhor Ilídio Pinto e, apesar de não termos feito nenhum acordo, comprometi-me logo com ele. E cá estou.

É aqui que se sente em casa?
Completamente em casa. É a minha cidade, a que eu mais adoro, por variadíssimas razões. Foi aqui que nasci e que tenho a minha família e amigos. Desde sempre fui acarinhado no clube e acho que sempre retribuí esse carinho. Sinto que as pessoas gostam da maneira como jogo e da minha forma de ser, que se enquadra no clube. E agora espero ficar até me aturarem [risos].

O facto de ter vivido em Lisboa aumentou o seu sentimento pelo Porto?
Aumentou. Só damos valor ao que não temos. Muita gente acha que em Lisboa é que é, mas sinceramente nunca tive esse fascínio. Depois de ter ido para lá, sentia falta das pequenas coisas do dia-a-dia, como ir ao café com os amigos. Não tinha lá amigos muito próximos, porque os que mantenho são quase todos de infância. Mesmo estando longe, sempre que podia, dava um salto ao Porto. E daí consegui perceber que o Porto é a melhor cidade do mundo.

Sente que, esta época, é mais titular e decisivo do que alguma vez foi?
Um dos grandes pilares da nossa equipa é que não há titulares. Têm de começar cinco de início, mas entre nós não há essa divisão. Estamos todos a remar para o mesmo lado. Julgo que é isso que faz o sucesso do FC Porto em todas as modalidades: não há ninguém a “minar” porque não joga. Neste momento ainda estou numa fase de adaptação, porque estou a jogar mais atrás, o que é algo que nunca tinha feito, mas tanto eu como a equipa estamos a atravessar um bom momento.

Como foi decidido que iria começar a jogar como defesa-médio ou playmaker?
Houve uma conversa com o Tó Neves, que me perguntou se não ficava chateado, se não me "importava". Disse-lhe que não, até podia ir para a baliza... Se puder, dou o meu melhor. Há jogadores que são postos noutra posição e têm medo de não corresponder. Acho que isso é uma atitude um bocado egoísta: não ando aqui para me sentir bem, mas para servir o clube, o treinador e a equipa.

Tem gostado das novas funções?
Acho que no hóquei de hoje já não há aquela divisão entre defesas e avançados. Este é um jogo fundamentalmente de contra-ataque e, dada a velocidade que imprimimos no jogo, há alturas em que os defesas estão na frente e os avançados é que estão a defender. Em termos ofensivos não tive grandes dificuldades, porque já costumava jogar por fora, mais a organizar e a servir do que propriamente a finalizar. O que mais me custou foi a parte defensiva: o Pedro Moreira, que está mais habituado, tenta ajudar-me e preocupa-se com o jogador que eu estou a marcar, porque sabe que posso falhar em algumas jogadas. Até agora tem sido bom.



in "fcp.pt"

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