quarta-feira, 7 de março de 2012

FC Porto. Afinal havia outra (vida)

Semana europeia começa hoje mas os dragões já não têm essa preocupação. Ainda há a Taça da Liga mas no Porto há uma prioridade muito clara: garantir o bicampeonato



Benfica vs FC Porto (LUSA)O mês de Janeiro parecia ter definido o futuro do FC Porto. E o de Vítor Pereira. Os dragões perderam a liderança ao empatar em Alvalade e, três semanas depois, perderam com o Gil Vicente. O resultado (3-1) não foi a única derrota da equipa. A imbatibilidade no campeonato caiu por terra e o recorde do Benfica não chegou a ser alcançado. Por falar no rival da Luz, os encarnados continuavam a ganhar e seguiam já com cinco pontos de avanço na liderança.
O fim do mês marcou a mudança. Pinto da Costa esteve activo na última semana do mercado e não quis perder oportunidades de negócio. Guarín e Belluschi saíram para Itália (Inter e Genoa), mas Lucho González voltou de França. E Marc Janko, o gigante austríaco, foi contratado ao Twente. Mais que uma derradeira aposta, Pinto da Costa estava a transmitir uma mensagem para dentro distinta daquela que o treinador, amargurado, tinha revelado após o jogo com o Gil Vicente. “Há que dizer que foi uma arbitragem vergonhosa. Se quiserem encomendar já faixas, podem fazê-lo. Se querem levar uma equipa ao colo, que a levem”, afirmou o técnico.
Menos de 48 horas depois, o plano de Pinto da Costa já estava em acção. O meio-campo azul e branco podia ter João Moutinho, Fernando, Defour, Guarín e Belluschi, mas faltava-lhe um verdadeiro patrão. Para o ter, saíram dois. É certo que Vítor Pereira perdeu uma opção para a rotatividade, mas ganhou um jogador que revolucionou o meio-campo. Lucho González (ganhou todos os campeonatos em que participou em Portugal) conquistou um lugar no onze, ao lado de Moutinho e Fernando, e revolucionou o futebol da equipa. Faltava o ataque. Kléber e Walter não estavam a corresponder e Vítor Pereira mudou a identidade dos dragões, jogando com Hulk na frente e apostando num futebol de ataque rápido, oferecendo a iniciativa de jogo ao adversário. Para isso chegou Janko, um goleador que marcou nos três primeiros jogos.
A identidade camaleónica do FC Porto voltou a mudar. Basta ver a forma como os dragões jogaram nos clássicos. Em Alvalade, ofereceram o jogo ao Sporting apostando nos desequilíbrios de Hulk, praticamente abandonado na frente. Na Luz, entraram a mandar, marcaram primeiro e conseguiram superiorizar-se no meio-campo, graças ao novo fulgor que Lucho trouxe. Em cinco semanas, o FC Porto passou de morto e enterrado a vivo e no papel de favorito para conquistar o campeonato.
Os únicos resultados negativos durante este processo foram com o Manchester City (1-2 e 0-4). É certo que a humilhação podia ser evitada, especialmente no jogo de Inglaterra, mas a eliminação funciona a favor do actual campeão. Hoje começa mais uma semana europeia e Vítor Pereira não está preocupado. O único objectivo é recuperar fisicamente os jogadores para que estejam todos disponíveis no próximo fim-de-semana contra a Académica e não é preciso impor uma política de rotatividade (até por isso não houve problema em abdicar de Belluschi e Guarín e contratar apenas Lucho).
A segunda vida do Dragão chegou no momento exacto, bem como uma injecção de confiança que parece ter sido drenada directamente do Benfica. Com uns a subir e outros a descer, continua a haver um encontro que pode traçar o futuro das duas equipas esta época: o jogo da meia-final na Taça da Liga, na Luz, a 21 de Março. A confiança será decisiva.
in "ionline.pt"

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