O Benfica está na quarta final consecutiva da Taça da Liga, deixando pelo caminho o F.C. Porto. A reviravolta sobre os dragões (3-2), consumada por Cardozo, põe fim a um trauma encarnado de três derrotas seguidas na Luz. Mas o equilíbrio numa partida em três atos, e em que Vítor Pereira inovou mais do que Jorge Jesus, deixa a certeza de que o desfecho da temporada continua tão incerto como até aqui.
Quem gosta de futebol agitado e frenético bem pode agradecer ao golo madrugador de Maxi Pereira a montanha russa de emoções da primeira parte. Ainda não estava completo o quarto minuto quando a pressão encarnada no remodelado flanco esquerdo portista deu frutos. Mérito para Witsel, a iniciar a jogada com um roubo de bola, e para Bruno César, que explorou a brecha aberta pelo belga com um passe curto à medida do jogo interior do uruguaio.
A inovação de Vítor Pereira à esquerda (Alvaro Pereira a extremo, Alex Sandro a lateral, como nos minutos finais na Choupana) era punida ao primeiro choque, mas enganava-se quem tirava conclusões definitivas sobre a falsa partida do dragão.
Se o Benfica tinha marcado no primeiro remate, o F.C. Porto chegou ao empate no primeiro desequilíbrio criado por Hulk. Foi o brasileiro a servir Lucho para um remate feliz, que contou com a tabela no tronco de Javi para bater Eduardo. Em apenas oito minutos, não era só o marcador a mexer duas vezes: era também o ascendente a mudar de dono, já que o F.C. Porto partiu desse golo afortunado para uma fase de ascendente claro, sempre com Hulk como motor. O golo de Mangala, após um livre lateral arrancado pelo brasileiro, já o sublinhava aos 17 minutos.
O silêncio que se abateu sobre a Luz, após a reviravolta, dava a medida do trauma recente, com três vitórias portistas em outros tantos jogos. E era reforçado pela facilidade com que a equipa de Vítor Pereira se desdobrava em contra-ataques conduzidos pelos flancos. Valeram então ao Benfica a atenção de Eduardo, que negou o 3-1 golo a Sapunaru (30 m) e também a quase invisibilidade de Kléber, que limitava as opções portistas.
Mas faltava um segundo ato à primeira parte, e, a partir dos 30 minutos, esta seria inteiramente pintada a encarnado. Decisivo, o trabalho de sapa de Nélson Oliveira e Nolito, a obrigarem a defesa visitante a algumas faltas na chamada «zona Aimar». Os livres indiretos do argentino não demoraram a fazer mossa: por três vezes em três minutos, os postes completaram o trabalho a Bracalli, dando ao Benfica a certeza de que a reentrada em jogo estava mesmo ali ao virar da esquina. Ao quarto livre, a ação combinada de Javi e Nolito fez justiça ao que se via em campo. Logo depois, Artur Soares Dias mandava as equipas descansar, concluindo uma primeira entusiasmante e de domínio rigorosamente partilhado.
Seria esperar de mais que o segundo tempo mantivesse os níveis de animação, mas foi indisfarçável a deceção por 20 minutos incaracterísticos. Um remate de Nolito para fora, e uma oferta de Jardel desproveitada por Kléber foram exceções à monotonia. Com as movimentações nos bancos, entrava-se no terceiro e último ato da partida. Gaitán e Cardozo de um lado; James e Janko do outro: a simetria prolongava-se nas opções dos técnicos.
Estava escrito que seria um suplente a decidir a partida. E, desta vez, a entrada de James não deu um suplemento de agressividade ao F.C. Porto. Já a presença de Cardozo, no eixo de ataque, permitiu tirar partido do desgaste de Mangala, que depois de duas ou três incursões ousadas ao ataque, se deixou ultrapassar em velocidade pelo paraguaio, após passe notável de Gaitán (77 m).
O remate seco do Tacuara fez o resto, dando ao marcador um percurso oposto ao do jogo da Liga. Ao fim do terceiro clássico, F.C. Porto e Benfica repartem entre si sete golos e três desfechos distintos. Ilustração perfeita para o equilíbrio de uma temporada que teima em não dar sinais claros sobre quem tem condições para reclamar o prémio maior.
in "maisfutebol.iol.pt"
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