O FC Porto foi a primeira equipa a apurar-se para a final da Liga Portuguesa de Basquetebol, mas de forma inédita e indesejada. O CAB Madeira optou mesmo pela mais drástica das possibilidades que o JOGO havia adiantado ontem, a desistência, depois de os seus responsáveis terem conversado com a Federação Portuguesa de Basquetebol, concluindo ser esse o desfecho mais digno face à impossibilidade de viajar até ao Porto, onde deveriam ter feito o primeiro jogo ontem à noite e o segundo amanhã à tarde. Obrigar depois o FC Porto a ir à Madeira, sabendo-se que os insulares continuariam sem dinheiro caso chegassem a um quinto jogo (de novo no Dragão), seria apenas prolongar um caso que o presidente federativo, Mário Saldanha, reconhece ser o "mais grave" da história do basquetebol.
Esta desistência, única na modalidade a este nível - o Penafiel abdicou no início da época, mas sem prejudicar a competição -, é um culminar dos problemas dos clubes madeirenses que já levaram ao afastamento do Porto Santo no hóquei em patins e do Machico no voleibol. Devido aos atrasos nos subsídios do Governo Regional, os clubes começaram por acumular salários em atraso, mas não têm conseguido desbloquear os bilhetes de avião junto das agências de viagens.
Curiosamente, o CAB desiste nas meias-finais da Liga quando já sabe que na próxima época será um dos que manterão o apoio estatal - ao lado de Marítimo, Nacional e União no futebol e Madeira SAD (masculino e feminino) no andebol, únicos considerados prioritários - para a sua equipa masculina, perdendo-o para a feminina, que hoje estará em Vagos, também a jogar as meias-finais da sua Liga. A coincidência poderá não ser inocente. O CAB aposta no título feminino para manter o subsídio e no masculino, reconhecendo o poderio portista, preocupou-se sobretudo em garantir, junto da FPB, que não baixará à CNB2, conforme prevê o regulamento.
Dragão na final sem jogar
Devido à desistência do CAB Madeira, o FC Porto vai ter uma paragem obrigatória. Os campeões nacionais só voltarão a ter competição na final do play-off da Liga, que arranca a 12 e 13 de maio. No Dragão Caixa.
Como Benfica e Lusitânia poderão lutar pelo outro lugar na final até dia 9 do próximo mês - no caso de ser necessário fazer os cinco jogos - Júlio Matos, vice-presidente do basquetebol do FC Porto, mostrou logo na noite de quinta-feira a sua indignação com o sucedido, isto porque, diz, "a competição nunca deve parar". "Com esta situação, a nossa organização desportiva quebra", completou. O FC Porto terá de fazer alterações na sua programação, para não chegar à final com falta de ritmo, pelo que deverá agendar alguns jogos de treino.
Refira-se que os dragões anunciaram ontem que devolverão o valor dos bilhetes para os dois jogos com o CAB na Loja do associado, no Estádio do Dragão.
in "ojogo.pt"
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