Janko voltou aos golos, quatro jogos depois de ter marcado pela última vez. Pouco habituado a estar um mês sem faturar, como foi o caso, o austríaco fez questão de dedicar o momento aos pais, beijando a mão e, depois, tocando com ela na chuteira onde tem escrito "in honorem parentum", que em português significa "em honra dos pais", que não sabiam deste gesto. "Dedicou-nos o golo? Fico muito feliz. O Marc sempre foi muito dedicado à família. A primeira inscrição que fez nas botas até foi dedicada à avó", contou a O JOGO Herbert Janko, o pai do avançado que, pela televisão, vibrou com o golo. "Ir para Portugal foi o melhor que lhe podia ter acontecido. E ele é que o diz", confessa.
Em entrevista à revista austríaca "Sportwoche", o avançado assume que chora quando tem de o fazer, pois "mostrar as emoções é um sinal de força." Não esconde ser um "sentimentalista" e daí não ter pejo em mostrar a ligação aos pais. "Sacrificaram-se muito por mim e pelos meus irmãos. Só passados alguns anos nos apercebemos disso", justificou.
Antes desta dedicatória, Janko tinha gravado nas botas o nome de Gustav Kral, seu ex-colega no Admira e melhor amigo, falecido num acidente de viação. "Poucos dias antes tinham estado juntos de férias, nos Estados Unidos", contou-nos o pai. Janko chegou a fugir dos treinos do Salzburgo para poder estar presente no funeral. Por isso, incompatibilizou-se com Huub Stevens, o treinador. "Só iria a Viena deixar um último adeus ao meu amigo. Juntar-me-ia novamente aos meus colegas antes do jogo contra o Lask. O treinador tentou convencer-me a não ir e disse que não podia abandonar a equipa, mas a sua argumentação numa situação como esta, era para mim inimaginável. Tem de haver limites, existem alturas em que o desporto fica em segundo plano", explicou. Por isso, foi mesmo ao funeral. "E fez um pequeno discurso para uma multidão, que se emocionou bastante. Eram inseparáveis", completou Herbert Janko.
Lesão quase lhe custou a carreira
Em fevereiro de 2007, Marc Janko sofreu uma lesão num joelho que quase lhe custou a carreira. A ameaça foi séria, revelou o avançado à "SportWoche", na segunda parte de uma entrevista concedida há pouco mais de um mês mas só agora publicada. "Desde a cirurgia ao primeiro treino, foi o período mais stressante da minha carreira", reconheceu. "Quando estava na cama, o médico disse-me que não me garantia que voltaria a andar sem dores, quanto mais a jogar futebol. Na artroscopia verificou-se que os danos eram grandes e que perderia quase um ano na recuperação. O medo de me ser roubado o sonho de uma vida era mais forte do que nunca", contou. Contudo, e pouco mais de seis meses depois, o gigante voltou, recorrendo não só à medicina tradicional como às alternativas. "Dizem que o tempo cura tudo. Fui deixando de sentir dor e não pensei mais nisso", continua, adiantando que nunca sequer pensou numa profissão alternativa: "Acredito no poder do pensamento positivo."
Convenceu Co Adriaanse e elogiou Vítor Pereira
Janko não liga muito ao que os treinadores dizem à Imprensa. "Até o Mourinho é um provocador", nota. O que importa são as palavras para dentro. Co Adriaanse é um exemplo. Quando o holandês trabalhou consigo no Salzburgo, chegou a desconfiar do seu valor. Depois rendeu-se e, no Twente, ficou definitivamente convencido. "Tive de o convencer a deixar-me jogar como gosto. Na Holanda teve, depois, palavras muito boas para mim. Disse que nunca tinha visto alguém jogar tão bem na zona do penálti", contou. "Tive boa harmonia também com Trapattoni, Kurt Jara e Preud'homme. Eles souberam aproveitar as minhas características. Vítor Pereira também o faz", continuou, num elogio ao atual técnico, que depois da entrevista até já o deixou no banco (em Braga).
in "ojogo.pt"
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