No ombro a ombro com a concorrência direta, o Braga cedeu. Lutou, esperneou e mostrou carácter, mas cedeu. Duas derrotas consecutivas cavaram um fosso de pontos que, mesmo num campeonato de loucos como este comprovadamente é, transforma o título num objetivo mais complicado para quem nunca o assumiu como tal, simplificando a equação: dependendo do Benfica, a corrida pode agora ficar resumida a dois. O FC Porto, isso é garantido, acendeu uma luz no labirinto que tem sido esta reta final do campeonato, ganhando um fôlego renovado.Vítor Pereira também o ganhou. Justamente criticado noutras ocasiões, desta vez o treinador acertou em cheio na leitura, incluindo a que fez ao seu próprio erro: apostar em Kléber de início. Era suposto que o brasileiro acrescentasse mobilidade ao ataque, mas o que se viu foi moleza. Pior ainda: o facto de Hulk e James, sobretudo este, não serem extremos clássicos foi permitindo ao Braga ganhar do lado direito asas que Vítor Pereira quis cortar. E cortou mesmo, tirando da manga Varela. Foi dois em um: além de sacrificar Kléber, que pouco acrescentava, conseguiu abafar Miguel Lopes. Há mais a favor dele. O golpe cirúrgico de tirar o anedótico Álvaro Pereira antes que da sucessão de asneiras do uruguaio resultasse um mal maior e ainda a súbita alteração de planos quando, ao perceber que Leonardo Jardim se preparava para juntar Nuno Gomes a Carlão, Paulo César e Lima, decidiu congelar a entrada de Djalma e apostar em Rolando. Para aqueles que, como ele diz, veem o futebol em papel quadriculado, não passou ainda despercebido certamente o facto de ter resistido a inventar no desenho do meio para solucionar a ausência de Fernando.Dito isto, chegamos a Defour. O belga jogou como nunca se tinha visto antes, sem tremer na responsabilidade de guardar as costas a Moutinho e Lucho, e sem poupar no atrevimento com que se chegou à frente. Uma surpresa que encheu o campo e que contribuiu para anular pontos fortes do adversário, ajudando a engolir a influência de Mossoró e Hugo Viana, sobretudo quando o Braga foi obrigado a responder à desvantagem.Até ao golo de Hulk, que já se explica melhor, sobressaiu um perfeito jogo de equilíbrios. Respeito de parte a parte, entrecortado com tentativas, também elas repartidas, de assalto às balizas que tornavam o empate ao intervalo num resultado justo. Só era injusto não haver golos. Num espelho fiel do que tem sido este campeonato, com vantagens construídas em cima de deslizes dos adversários, este jogo não foi diferente: em cima de uma asneira grossa de Hugo Viana (que se seguiu a uma outra, do mesmo Viana, que não conseguiu marcar na cara de Helton uns minutos antes...), James desenhou uma assistência que Hulk transformou num remate-cruzado sem defesa.O golo obrigava o Braga a responder com firmeza, mas, apesar das tentativas, a recolocação do FC Porto em campo chegou para as encomendas - Defour e Moutinho mais próximos; Lucho também mais contido, mas com Varela e Hulk, especialmente este, a manterem a defesa bracarense em sentido. Leonardo Jardim tentou o jogo de banco que lhe competia, sem o efeito desejado.Escaldado por vantagens curtas que se esfumaram noutros jogos, o FC Porto, com bom controlo de bola na parte final, manteve-se firme a segurar as pontas. Falta saber se é desta que dá continuidade ao novelo, sem enrolar nas quatro jornadas que o separam da revalidação do título.
Janko conheceu o sabor do banco
Apesar de já ter sido suplente na Luz, num jogo da Taça da Liga disputado pela maioria dos suplentes, Janko ficou ontem a saber o que é ser suplente num encontro do campeonato. O austríaco até nem vive uma crise particular de golos, uma vez que só esteve, antes de ontem, duas jornadas em jejum. Vítor Pereira, considerou, no entanto, que apostar em Kléber seria a melhor opção. Antes, o avançado fora titular nos oito jogos disputados na Liga desde que chegou da Holanda.
Azarado Álvaro Pereira falha Beira-Mar
Uma mão clara aos 59' valeu a Álvaro Pereira o nono cartão amarelo da época, motivo pelo qual vai falhar a próxima jornada da Liga, contra o Beira-Mar. Esse foi só o último pormenor de uma exibição infeliz do uruguaio, que passou grande parte do primeiro tempo no chão. As botas com que iniciou a partida nunca deram sinais de grande aderência e, por isso, o Palito escorregou vezes sem conta, além de ter somado algumas más receções de bola. Aos 38' teve mesmo de sair para as trocar. Hugo Viana, por falta aos 74', também viu o nono amarelo, pelo que falha a próxima jornada, em Paços de Ferreira.
Autocarro dos Dragões apedrejado à saída
O autocarro do FC Porto foi atingido por uma pedra na viagem de regresso à Invicta, mas o incidente não causou mais do que estilhaços no vidro da frente da viatura. O final do Braga-FC Porto foi tudo menos pacífico. Quando nada o fazia prever, a confusão instalou-se nas duas bancadas do AXA e obrigou mesmo à intervenção da polícia. No setor destinado aos adeptos azuis e brancos chegaram a voar algumas cadeiras; no dos bracarenses, foi a tentativa frustrada de um indivíduo entrar em campo que forçou a autoridade a agir. Resultado final: um adepto acabou por deixar o estádio em maca.
in "ojogo.pt"
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