Atacante relembra o dia que, ainda como juvenil, foi ver os Dragões e se emocionou com a torcida: 'Ainda vou jogar neste time', prometeu na época
Hulk entra no Estádio das Antas, em Portugal, para mais um jogo do Porto. A torcida que lota o local está em polvorosa. Canta ao longo dos 90 minutos, ergue bandeiras e faixas em azul e branco e empurra o time. A festa é maravilhosa, e o paraibano se emociona, encantado com a festa que presencia.
Não, Hulk não estava em campo naquela oportunidade. O ano era 2002, e ele era apenas um garoto de 15 anos, pobre, que viajara para Portugal para sua primeira tentativa de fazer sucesso no futebol europeu. Na oportunidade, ele vira para um amigo e diz com ênfase.
- Eu ainda vou jogar neste time. Ainda vou dar muita alegria a esta torcida maravilhosa.
É o próprio Hulk, de férias em João Pessoa, quem lembra da história. Hoje, aos 25 anos, o paraibano é o maior ídolo dos dragões. Artilheiro da temporada 2010/2011 do Campeonato Português, com 23 gols, ele é ainda o atual bicampeão lusitano e considerado o melhor jogador em atividade em Portugal. Naquela época, contudo, o paraibano juntou algum dinheiro no Brasil e foi se aventurar como juvenil do Vilanovense, time da Segunda Divisão de Portugal.
De origem pobre, nascido em Campina Grande, na Paraíba, o atleta passou por várias dificuldades no início da carreira. E lembra que, entre um treino e outro, o motorista do Vilanovense disse que iria levá-lo para assistir a um “verdadeiro jogo de futebol”.
Foi uma festa inesquecível, e naquele dia eu percebi que teria que jogar no Porto"
Hulk
O motorista era torcedor do Porto e foi ele quem levou o garoto para a tal partida no Estádio das Antas, que naquela época ainda era a sede do time azul e branco (o Estádio dos Dragões, atual praça esportiva do Porto, só seria inaugurado em 2003). Hulk recorda aquele momento.
- Nunca tinha sentido nada parecido com o futebol. Eu ainda era um pirralho e me vi nas arquibancadas do estádio. Estava lotado, e todos cantavam sem parar. Foi uma festa inesquecível, e naquele dia eu percebi que teria que jogar no Porto. Foi uma meta e um sonho que tracei para mim mesmo – explica.
Hoje, dez anos depois, ele confessa que nem mesmo lembra quem era o adversário do Porto na ocasião. Sabe apenas que era uma competição continental e que o clube português venceu a partida. Para ele, marcante mesmo foi ver pela primeira vez um estádio europeu lotado.
- A torcida é realmente fanática. Isto mexeu comigo.
Volta por cima
A passagem do paraibano por Portugal, no entanto, não durou muito. Ele não se adaptou direito ao pequeno Vilanovense e, sem muito mais dinheiro à disposição, precisou voltar para o Brasil. Foi se apresentar ao São Paulo, onde ficou ficou por seis meses, mais uma vez tentando a sorte no time juvenil. Outra decepção. Não foi aproveitado e acabou dispensado.
Sua próxima parada foi o Vitória. Começou a jogar como juvenil e rapidamente se adaptou ao futebol baiano. No clube, assinou seu primeiro contrato como profissional e chegou a jogar no time principal do Rubro-Negro baiano antes de se transferir para o futebol japonês.
Canhoto, jogou como lateral-esquerdo e como meia antes de virar atacante. Passou cinco anos no Japão, onde defendeu três clubes (Tokyo Verdy, Consadole Sapporo e Kawasaki Frontale), sendo artilheiro em 2007, marcando impressionantes 37 gols. Em 2008, conversou com seu empresário e percebeu que tinha chegado a hora de novamente tentar espaço no mercado europeu. E foi quando lembrou de sua promessa ainda como adolescente.
- Recebemos propostas de vários clubes. O Atlético de Madri foi um dos que se interessaram. Mas o Porto também me queria, e isto pesou. Lembrei daquela minha primeira vez num estádio de futebol da Europa e vi que era o momento ideal para realizar o meu sonho. Não me arrependo de jeito nenhum. É incrível jogar lá – declara.
Hulk vestiu pela primeira vez a camisa do Porto em 2008, seis anos depois daquele primeiro contato com a torcida do clube. Virou unanimidade em Portugal e passou a ser o centro das atenções daquela mesma torcida que o deixou encantado no passado. Suas atuações em Portugal o credenciaram também para a Seleção Brasileira, sendo convocado pela primeira vez ainda na Era Dunga.
Agora com Mano Menezes, passou a ser figura recorrente nas escalações e é um dos cotados para compor a equipe olímpica que vai tentar o ouro inédito em Londres. Se conseguir vaga, será na cota de três atletas acima de 23 anos que cada seleção pode levar para a competição.
Sua permanência no Porto para a próxima temporada ainda não está certa, mas o jogador garante que vai permanecer na Europa.
- Não falo sobre transferências. Isto é assunto para meu empresário. Só sei que vou ficar na Europa. É onde eu quero continuar jogando, até porque minha família gosta de lá e já está adaptada – finalizou.
in "www.http://globoesporte.globo.com"
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