O campeão mostrou tudo: qualidade, aborrecimento e muita pujança.
As mentes mais simplistas dirão que é um campeão de duas caras. É uma leitura possível. Outra leitura possível aponta para um campeão que se aborrece apenas com extrema facilidade. Que se alheia até com aparente sobranceria. Que em noventa minutos faz tudo: e faz mesmo tudo sozinho.
Um campeão, enfim, que entra em campo com dinâmica, ritmo, sempre em cima do adversário como a anunciar que, ele sim, traz o escudo no braço. Mas um campeão também que de um momento para o outro parece cansar-se e torna-se monótono. Com um ou outro susto pelo meio.
O F.C. Porto foi um pouco de tudo isso em noventa minutos. A metade inicial, naqueles primeiros minutos oficiais no Dragão, pareceram ser um bálsamo para as bancadas. O nulo em Barcelos reavivou certos fantasmas, a equipa em três quartos de horas sossegou os espíritos mais inquietos.
O V. Guimarães, por exemplo, chegou ao intervalo com apenas um remate feito, numa bola muito fácil para Helton. O resto do tempo foi uma tortura para a equipa de Rui Vitória: sempre a correr atrás, sempre à procura da bola, sempre a ver o adversário surgir de todos os lados... e pujante.
Com grande dinâmica no centro, com constantes trocas de posição entre os médios e os extremos, e com muito apoio dos laterais, o F.C. Porto recuperou a ideia com um par de anos de que era o mais parecido que havia com um mini-Barça. Muita posse de bola, muito domínio e boas combinações.
É certo que só fez um golo, viu o árbitro negar-lhe um penalty e ameaçou marcar em mais duas ou três ocasiões, tudo isso é certo, mas em posse e construção de jogo o F.C. Porto chegou a ser um regalo. Faltou-lhe talvez melhor definição no último passe para serem 45 minutos perfeitos.
Ora o intervalo era pacífico: o campeão apresentara-se com toda a pujança. Por isso também nada fazia prever aqueles vinte minutos iniciais da segunda parte, vinte minutos de passes errados, pouca dinâmica e muita desconcentração. Vinte minutos que roubaram toda a ilusão anterior às bancadas.
Nessa altura este frágil V. Guimarães cresceu e quase marcou por duas vezes. O Dragão calou-se: só se ouvia a claque vimaranense. Foram vinte minutos, lá está, não mais do que isso, mas vinte minutos difíceis até que Lucho entrou na área com perigo e o F.C. Porto voltou a ser ele próprio.
Logo a seguir fez o segundo golo numa bomba de Hulk e nunca mais se ausentou do jogo. Lucho bisou, Jackson Martínez estreou-se a marcar na Liga com um penalty à Panenka, o F.C. Porto voltou a ter um futebol dinâmico, constante posse de bola e muito apoio dos laterais Alex Sandro e Danilo.
É certo que nesta altura se questiona a saída de Miguel Lopes, ele que não fez nada para deixar de ser titular. Pode por isso questionar-se a opção de Vítor Pereira, não pode questionar-se porém a titularidade de Danilo. Não teve porventura o fulgor de Alex Sandro, mas andou muito perto disso.
Globalmente a equipa esteve aliás muito bem. À exceção, lá está, daqueles vinte minutos. No cômputo geral pode parecer até injusto dar tamanha importância a um período tão curto. Não é. O Porto goleou e está de parabéns, mas não é detalhe que faça tanta coisa em só noventa minutos.
in "maisfutebol.iol.pt"
FC Porto 1-0 V. Guimaraes por simaotvgolo12
FC Porto 2-0 V. Guimaraes por simaotvgolo12
FC Porto 3-0 V. Guimaraes por simaotvgolo12
FC Porto 4-0 V. Guimaraes por simaotvgolo12
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