Jovem do F.C. Porto diz que teve de dar dois passos atrás e que agora está no caminho certo. Confissões de um miúdo que foi notícia aos 17 anos.
O dia 18 de outubro de 2009 está marcado na história de Sérgio Oliveira, e do próprio F.C. Porto: nesse sábado, dia de Taça de Portugal com o Sertanense, o jovem médio com então pouco mais de dezassete anos tornou-se o mais jovem de sempre a vestir a camisola principal do F.C. Porto.
Foi há pouco mais de dois anos e desde então que Sérgio Oliveira é olhado de lado: uma eterna promessa por concretizar. «Se calhar, como apareci tão cedo, as pessoas pensam que já tenho 22 ou 23 anos. Mas só tenho 20.» Tem 20 anos e fala como se tivesse 30: ponderado, calmo, maduro.
Olha para o passado sem receio, responde a todas as perguntas, não debita chavões que tornem o discurso vazio. Mas sim, só tem 20 anos. «Só tenho 20 anos», repete. «Posso nem sempre me ter saído tão bem, mas sinto que agora estou no bom caminho», frisa em conversa com o Maisfutebol.
O «agora» de que fala passa sobretudo pelo regresso ao F.C. Porto. Sérgio Oliveira, recorde-se, surgiu como um meteorito: bateu o recorde do mítico Fernando Gomes como mais novo de sempre no clube e um mês depois renovou contrato com uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros.
Ainda nem sequer era maior de idade. Na época seguinte foi emprestado ao Beira Mar e estreia-se na liga. Segue-se o Mundial sub-20 na Colômbia e uma experiência no Malines, onde volta a jogar numa primeira divisão: a da Bélgica. Tudo parecia fácil para um miúdo. «Essa fase já passou.»
Hoje está no F.C. Porto B, depois de na última época ter estado no Penafiel. São dois anos seguidos na Liga de Honra. «Dei um ou dois passos atrás e agora estou a começar a dar passos em frente outra vez», sublinha. «A verdade é que sinto-me bem, sinto que estou a crescer e é este o caminho.»
Definitivamente de lado ficaram as expetativas criadas naqueles primeiros tempos, quando ainda era pouco mais do que um adolescente. Sérgio Oliveira sorri, por exemplo, quando se lhe pergunta se foram escritas demasiadas notícias sobre ele quando apareceu. «Não me compete analisar isso.»
No fundo o jovem sabe que as coisas são assim: não dá para mudar o passado. «As pessoas esperam sempre o melhor de mim e eu só quero dar uma boa resposta. A partir de agora e sempre. O regresso a casa fez-me muito bem. É no F.C. Porto que me sinto bem e é ali que quero jogar e crescer.»
Ora por isso não traça metas. É incapaz de dizer, por exemplo, que sonhos tem para o futuro. «Já passei por muita coisa. Agora quero dar um passo de cada vez. Não quero pensar no que vai ser de mim daqui a dois, três ou quatro anos. Sei que agora estou bem e quero estar bem amanhã.»
«Plantel do F.C. Porto B já começa a ser mais um grupo»
Nesta equação é impossível esquecer o F.C. Porto B. Afinal é por aí que passa o futuro imediato: o futuro que interessa. «O F.C. Porto B não começou bem, mas agora estamos mesmo a melhorar. Chegaram 14 ou 15 jogadores novos e é muito difícil criar uma relação de colega e amigo.»
«Essas relações são muito importantes. Agora já existem. Dentro de campo nota-se que já há mais entreajuda, que já somos mais um grupo. Conseguimos vencer o Marítimo B, fomos empatar a Arouca, que é uma equipa difícil, e agora temos um bom jogo para ganhar, com o Freamunde.»
«Temos um bom grupo na seleção sub-21
Por fim a seleção: Sérgio Oliveira já conta 56 internacionalizações, agora está nos sub-21 e sente ser parte de um grupo que está a criar-se. «Não me sinto líder». «O importante é que todos temos de remar para o mesmo lado. Eu tento ajudar porque se calhar já vivi mais momentos na seleção.»
«Tento passar a melhor mensagem para eles, claro. Penso sinceramente que temos aqui um bom grupo. Não vamos fugir à regra das seleções nacionais: queremos estar na fase final do Euro 2015». Sérgio Oliveira fala no plural, sempre. «Somos Portugal e não podemos pensar de outra forma.»
Na seleção no clube ou no futebol, quer ser apenas mais um.
in "maisfutebol.iol.pt"
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