Rui Barros, autor de um dos dois golos com que o FC Porto conquistou a Supertaça Europeia, há 25 anos, disse que "a confiança de uma equipa bem consolidada" foi o trunfo contra o Ajax. Quando se assinala um quarto de século da conquista, o antigo avançado recordou à agência Lusa momentos "inesquecíveis", começando pelo jogo de Amesterdão, a 24 de novembro de 1987, quando marcou logo aos cinco minutos.
Contratado ao Varzim no início da época 1987/88, Rui Barros teve uma estreia europeia fulgurante, com a conquista de dois títulos internacionais (Supertaça Europeia e Taça Intercontinental): "Foi um golo muito especial, até porque era o dia do meu aniversário (23 anos, à época)". "Fiz uma tabela com o Gomes, à entrada do meio-campo, ganhei terreno em velocidade, driblei o Menzo e, depois de me reequilibrar, fiz o golo", disse o agora detetor de talentos no clube "azul e branco".
Um tento que pesou, confessa, na sua contratação pela Juventus (Itália), logo na época seguinte, "tal como as exibições do FC Porto nas várias finais".
De memória, Rui Barros afirma que, apesar de entrarem em campo com o estatuto de campeões europeus, os portistas não se sentiam favoritos: "Sentíamos, sim, que tínhamos uma equipa bem consolidada, forte e uma confiança enorme". "Sabíamos que era um adversário com grande historial e que jogava muito bem. Mas entrámos com sentido de responsabilidade e lutámos por um título que tínhamos a esperança de ganhar", acrescentou.
Pessoalmente, sublinha, foi uma época extraordinária: "Na temporada anterior jogava no Varzim e nem imaginava, nos meus sonhos, que no ano seguinte estaria no FC Porto e a ganhar títulos internacionais". "Estar a jogar no mesmo campo e na mesma equipa que aqueles grandes jogadores foi extraordinário. Ajudaram-me muito. Eu era humilde perante aqueles que eram os meus ídolos", recordou.
No final dessa época, Rui Barros ingressou na Juventus, onde "havia algum respeito pelo futebol português, mas não muito, pois sentia-se uma distância enorme". "Sentiam-se um bocado superiores, diziam que o futebol português era uma enorme confusão, que as equipas não eram tão fortes", afirmou.
Segundo Rui Barros, "as conquistas do FC Porto mudaram um pouco" essa ideia e "o futebol português acabou por demonstrar que tinha bons jogadores para a Europa e para o Mundo, o que veio a acontecer". E, assegura, viu o próprio clube, ao qual regressou em 1994/95, depois da "Juve", Mónaco e Marselha, a ganhar um estatuto ímpar: "Basta ver nos sorteios das taças europeias, quando os treinadores das equipas revelam que não gostam que lhes calhe o FC Porto".
"Foi mudando desde então, porque temos conquistado consistência ao nível europeu. Nos últimos anos, somos o clube que ganhou mais títulos internacionais, mesmo comparando com o Real Madrid, Bayern Munique e Manchester United", concluiu.
António Sousa: «Tomislav Ivic teve muito mérito na conquista»
O antigo futebolista do FC Porto, António Sousa, revelou que o técnico croata Tomislav Ivic teve mérito naconquista da Supertaça Europeia, conquistada há 25 anos aos holandeses do Ajax. Completam-se, este domingo, 25 anos sobre a conquista da Supertaça Europeia pelo FC Porto, "selada" nas Antas com um golo de António Sousa, depois de Rui Barros ter anotado o único tento no triunfo na primeira mão em casa dos holandeses.
Com um potente remate, à entrada da área, após um mau alívio dos defesas holandeses, Sousa concluiu o trabalho que Rui Barros havia começado, cerca de mês e meio antes (na primeira mão, a 24 de novembro de 1987).
"Lembro-me como se fosse hoje. São momentos que não esquecemos nunca, por muitos anos que passem. Foi um golo importante e uma grande conquista".
Naquele dia - 13 de janeiro de 1988 -, e com a segunda vitória por 1-0 face à equipa orientada por Johan Cruyff, o FC Porto conquistou o terceiro título internacional no espaço de oito meses (já era campeão europeu e intercontinental), mas este último "teve muito mérito de Ivic".
"Era muito carismático e o tipo de treinador que explorava tudo o que tinha ao seu dispor", afirmou António Sousa à agência Lusa, recordando a época em que o croata passou pelas Antas: "Mudou ligeiramente a nossa forma de jogar. Com ele, jogávamos mais em contra-ataque, com o Rui Barros e o Madjer, sobretudo".
Com a memória "reforçada" pela experiência como técnico profissional, Sousa recordou: "Nos dois jogos contra o Ajax montou uma estratégia mais defensiva, povoando o meio-campo e tirando espaço ao adversário". "O Ajax era fortíssimo, das melhores equipas europeias. A qualidade do seu jogo era diferente de todas as outras. Era uma equipa que jogava, por exemplo, como joga hoje o Barcelona", sublinhou.
Para o antigo campeão portista, "Ivic leu bem o jogo do adversário e soube fazer ver a melhor estratégia para vencer". "Queríamos ganhar. Tínhamos plantel para, mesmo face às dificuldades que nos esperavam, conseguir mais uma vitória histórica, para nós e para o futebol português", afirmou.
O antigo campeão portista recorda que o jogo foi "encarado com optimismo, mas também com um grande grau de seriedade, apesar do espírito em alta pela excelente carreira". Tempos memoráveis, repetiu António Sousa: "Uma época fantástica de um grupo excelente, no qual se respirava muita união, amizade e um companheirismo enorme. Éramos como uma família".
"Esse espírito imposto e criado no FC Porto tem conseguido títulos importantes para o historial do clube, que tem tido uma ascensão constante, baseada em grandes vitórias", afirmou o antigo médio ofensivo.
Segundo Sousa, o seu antigo clube "é uma instituição onde se sente essa mística e onde, felizmente para quem lá passa, as pessoas se sentem em casa". " Irei recordar isso na vida inteira", concluiu.
in "record.pt"
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