Reconhecer um problema é o primeiro passo para aniquilá-lo. O F.C. Porto começou a fazê-lo no instante em que Vítor Pereira se lembrou que neste 4x3x3 é capaz de dar jeito ter um extremo. Pelo menos um. Não há coincidências.
A vitória em Moreira de Cónegos, segura, tem muito a ver com o equilíbrio entre todos os setores. O título continua a ser uma possibilidade real, saia o que sair do Benfica-Sporting.
A palidez de James e Defour em Coimbra, sugeria uma radical inversão da lógica a aplicar no processo ofensivo. A posse de bola, antes riquíssima, tornara-se um amontoado de previsibilidade, muito por culpa da incapacidade de ir à linha e cruzar dos supostos alas.
A velocidade de Christian Atsu fazia, pois, todo o sentido. O ganês não foi o melhor em campo, longe disso, mas teve a gentileza de acelerar, agitar, alargar o futebol azul e branco. Mesmo com James Rodríguez a estar ainda a léguas de ser o maestro de batuta hipnotizante que já foi.
Este novo mundo dado à equipa, ampliando fronteiras e pontos de vista, permitiu aos cérebros (Lucho e Moutinho) mais tempo para pensar e ao operário-mor (Fernando) uma concessão legal de terrenos normalmente entregues a outros.
Com tudo isto, a história encaminhou-se da forma como se previa, um pouco ao sabor da lei da gravidade. Como se fossem maçãs na cabeça de Newton, a perceção do tempo e do jogo foi servida numa bandeja aos dragões.
Percebeu-se, a dada altura, que a queda do Moreirense seria uma questão de tempo.
Não nos estamos a esquecer da entrada adulta e comprometida da equipa de Inácio. Fábio Espinho foi enorme até à meia-hora, tal como Ghilas. Os cónegos foram capazes de jogar olhos nos olhos, embora a miséria pontual e a aflição aconselhassem mais cautelas.
Só que, lá está, o F.C. Porto resistiu ao período mais duro, tomou conta do jogo e chegou ao golo através do homem que há seis jogos não marcava: Jackson Martinez. O colombiano inaugurou e fechou o marcador, de resto, num ato de contrição e reconciliação com os adeptos.
Entre esses golos, importa sublinhar o segundo, da autoria de Fernando. O médio foi uma espécie de República Independente, com leis próprias e sem paciência para supostos tratados de clemência. Rigoroso, duro e empenhado, um patamar acima de todos os outros. Grande exibição!
A exibição no duro palco cónego faz adivinhar um F.C. Porto em recuperação. Física e emocional, depois de um período em que as exibições e os resultados estragaram o excelente período de janeiro/meados de fevereiro.
Avizinham-se dias duros, tentações normais, mas este Porto é bem capaz de ter erradicado alguns dos seus males. Ter começado por assumir um problema evidente foi apenas o primeiro passo, é verdade. Mas um passo fundamental.
in "maisfutebol.iol.pt"
Sem comentários:
Enviar um comentário