Decorre a segunda parte do jogo e, junto à linha lateral, o 4.º
árbitro levanta a placa com o número 3. Lucho González vê que é ele a
sair, corre até à baliza e entrega a braçadeira de capitão a Helton. Os
dois abraçam-se, trocam sussurros e o argentino lá inverte a marcha,
regressando à linha intermediária debaixo de uma forte ovação.Lucho
retribui na mesma moeda, dirigindo aplausos aos adeptos no caminho para o
banco de suplentes. Mais pormenor, menos pormenor, isto aconteceu em 28
dos 44 jogos oficiais nos quais Lucho participou na temporada passada.
Com Vítor Pereira no comando técnico dos dragões, Lucho só foi totalista
em 16 partidas. Paulo Fonseca chegou agora, mas parece apostado em
inverter essa tendência...
À entrada nesta que é a sua última
época de dragão ao peito, isto caso não venha a renovar o contrato que o
liga ao clube e que termina a 30 de junho próximo, Lucho González
mostra que ainda tem pedal para 90 minutos de uma partida e o treinador
mostra-se rendido a essa evidência. Nos 4 jogos oficiais já disputados,
El Comandante só foi substituído num deles, para o campeonato, frente ao
V. Setúbal, e quando saiu já o fez com a vitória assegurada, aos 81
minutos desse jogo. Como ponto de comparação, refira-se que, em período
idêntico, mas na temporada passava, Lucho só havia feito os 90 minutos
de uma única partida. Sintomático...
A verdade é que nada faz
crer que este cenário se venha a alterar brevemente. Apesar da entrada
em cena da Liga dos Campeões no calendário portista, Lucho González
arranca a todo o gás para o novo ciclo que se inicia no próximo
fim-de-semana, frente ao Gil Vicente, já que, ao contrário do que
acontece com grande parte dos seus concorrentes diretos por um lugar no
onze, o argentino está privado do desgaste provocado pelas seleções.
Para além disto, há outro factor que vai jogando a favor do argentino: a
inversão do triângulo do meio-campo.
Outrora
um médio box-to-box, Lucho González encontrou, agora, com Paulo
Fonseca, uma nova forma de estar dentro das quatro linhas do terreno de
jogo. As funções de número 10 assentam-lhe como um luva e como que lhe
devolvem o fulgor evidenciado há uns anos, quando chegou à Invicta e
logo começou a convencer a nação azul e branca. Ainda assim, apesar de
ter as costas guardadas por Defour e Fernando, por fruto do tal novo
figurino táctico, Lucho recusa-se a virar a cara na luta pela posse de
bola, mas é agora no meio-campo ofensivo que mais se destaca nessa
missão. A pressão alta é, de resto, uma das suas novas funções,
procurando junto de Jackson Martínez a melhor forma de impedir os
defesas adversários de saírem a jogar.
Em suma, aos 32 anos,
Lucho González vai dando sinais de que está aí para as muitas curvas que
uma época tem e, continuando assim, não será de estranhar que lhe seja
apresentada uma proposta para renovar o seu contrato, adiando dessa
forma o fim da sua carreira, que, a fazer crer no que disse há tempos o
amigo Mariano González, isso acontecerá no FC Porto. Para confirmar...
in "record.pt"
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