Quatro vitórias consecutivas, nove golos marcados, zero sofridos. O saldo de quatro jogos oficiais é esclarecedor: nos antípodas dos rivais, o FC Porto arrancou para a época 2010/11 de prego a fundo e vai deixando vítimas pelo caminho enquanto ganha velocidade, consistência e peso a cada jogo que passa. Ontem foi a vez de o Beira-Mar sair do Dragão vergado pelos mesmos 3-0 que deixaram praticamente resolvido o play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa três dias antes, em Genk. Mas, desta vez, o FC Porto não se limitou a ganhar ao Beira-Mar. Soube reagir às adversidades que o jogo lhe colocou, utilizando-as a seu favor; multiplicou as oportunidades, aproveitando para consolidar processos; e ainda teve tempo para mostrar que há muita vida para além do onze titular.
As coisas nem sequer começaram muito bem para a equipa de Villas-Boas, que insistiu no onze utilizado na Bélgica cerca de 72 horas antes, numa prova de confiança na capacidade física dos seus jogadores. Aos 2 minutos, num lance invulgar, Ukra chocou com João Luiz e sofreu uma fractura na face, acabando substituído por Souza. O brasileiro foi ocupar o lugar de Belluschi, à direita de Moutinho, enquanto o argentino subia para ocupar a posição de extremo-direito, mas por pouco tempo.
Mais do que empatado, o jogo estava dividido até porque o Beira-Mar cumpria a promessa de Leonardo Jardim e não punha o autocarro à frente da baliza. Sem espaço pelo meio, André Villas-Boas queria profundidade no futebol portista pelas alas e Belluschi não estava a conseguir garantir-lha à direita, obrigando o treinador a fazer rodar a equipa: Varela, mais rápido, passou para a direita e Belluschi foi para a esquerda onde combinava com Moutinho e Álvaro Pereira em busca da penetração. Foi por ali que nasceu o primeiro golo do jogo: combinação entre Belluschi e Moutinho a garantir espaço para a penetração de Álvaro Pereira e para o cruzamento tenso do uruguaio que encontrou Falcao ao primeiro poste, a mergulhar para o desvio.
Em desvantagem, o Beira-Mar não se rendeu e reagiu, procurando capitalizar o inexplicável nervosismo da dupla de centrais do FC Porto. Aos 32' um livre de Artur encontra Wilson nas costas de Rolando e Maicon e na cara de Helton. Apenas o remate em desequilíbrio do brasileiro evita o empate que volta a ameaçar a tranquilidade dos adeptos portistas seis minutos mais tarde, novamente com Wilson como protagonista, e novamente com um remate defeituoso a falhar a baliza do FC Porto. A tranquilidade sairia dos pés de Belluschi, na cobrança de um livre a castigar uma falta que ele próprio sofreu zona frontal, ligeiramente para a esquerda do meio-campo ofensivo dos portistas, precisamente à medida do seu pé direito. O jogo ficava resolvido ainda antes do intervalo e o FC Porto ganhava 45 minutos para consolidar processos e rodar a equipa, com a atitude positiva do Beira-Mar a ajudar.
Os aveirenses nunca desistiram de chegar à baliza de Helton, mas acabaram por abrir demasiados caminhos na direcção oposta. Com Souza, Moutinho e Belluschi, mais tarde, Rúben Micael na condução da bola, as oportunidades de golo multiplicaram-se e apenas a pontual falta de inspiração de Falcao impediu a goleada. O colombiano marcaria mais um, mesmo assim. Um grande passe de Rúben Micael, que tal como na Bélgica, aproveitou o tempo que Villas-Boas lhe deu para mostrar que está vivo. Tal como o FC Porto: vivo e aos pontapés.
in "ojogo.pt"
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