Intenso, de cortar a respiração, por vezes verdadeiramente alucinante. À desvantagem, que por duas vezes apontou na direcção contrária ao sentido do jogo, o FC Porto replicou com talento e uma generosidade ilimitada, num misto raro de que se fazem as grandes equipas. E ganhou. Apenas porque foi o melhor num encontro fantástico, que chegou a parecer uma final.
Do ritmo moderado de um previsível estudo mútuo, que se sobrepôs às intenções, ao balanço veloz que multiplica momentos de desequilíbrio, foi questão de 15 minutos. No seguinte, Helton, que até então não tivera oportunidade de esboçar uma defesa, foi forçado a recolher a bola do fundo das redes. Luís Aguiar transformara um livre de forma irrepreensível.
Com o golo disparava o compasso do jogo, num reflexo claro da pretensão portista, cujo plano sofreria uma rápida reformulação. Sem alternativa que não fosse continuar a ditar o sentido e as direcções do encontro, o Dragão expunha-se aos perigos do contra-ataque adversário, num risco calculado.
O empate até poderia ter chegado na primeira resposta à desvantagem, mas a trave negou o adjectivo soberbo, ou outro semelhante com o mesmo significado, ao remate de Hulk, que serviria o empate ainda antes do intervalo. Aí, o brasileiro voltou a ser incrível, ou a fazer o incrível, tirando adversários do caminho e «obrigando» Varela a cabecear para golo.
Num decalque da primeira metade, embora numa versão mais óbvia e descarada, o SC Braga recolocou-se em vantagem na primeira vez que redescobriu a direcção da baliza de Helton. Só que agora Hulk responderia de imediato, em cheio nas redes, depois de tabelar com Alvaro Pereira, que devolveu subtilmente com o calcanhar.
Parceiro do brilho, o FC Porto recuperava de duas situações de desvantagem, mas estava longe de dar a tarefa por concluída. A missão só terminava na vitória, para lá do remate cruzado e fulminante de Varela, que promoveu a aproximação do resultado ao jogo que as duas equipas proporcionaram, ou da persistência de Hulk em campo, mesmo em inferioridade física. Porque no Dragão até a determinação cintila e a fibra confunde-se com génio. Com bom génio. Que só dá vitórias e uma boa vantagem na liderança.
FICHA DE JOGO
Liga 2010/11, 4ª jornada
11 de Setembro de 2010
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 47.617 espectadores
Árbitro: Pedro Proença (Lisboa)
Assistentes: Tiago Trigo e André Campos
4º Árbitro: Vasco Santos
FC PORTO: Helton; Sapunaru, Rolando, Maicon e Alvaro; Fernando, Belluschi e João Moutinho; Hulk, Falcao e Varela
Substituições: João Moutinho por Rúben Micael (66m), Falcao por Cristian Rodríguez (77m) e Varela por Souza (83m)
Não utilizados: Beto, Fucile, Walter e Otamendi
Treinador: André Villas-Boas
SC BRAGA: Felipe; Sílvio, Moisés, Rodriguez e Elderson; Alan, Leandro Salino, Vandinho «cap» e Paulo César; Luís Aguiar e Lima
Substituições: Elderson por Miguel Garcia (65m), Lima por Matheus (67m) e Luís Aguiar e Hugo Viana (72m)
Não utilizados: Artur Moraes, Paulão, Andrés Madrid e Elton
Treinador: Domingos Paciência
Ao intervalo: 1-1
Marcadores: Luís Aguiar (16m), Varela (33m), Lima (61m), Hulk (62m) e Varela (70m)
Disciplina: cartão amarelo a Fernando (15m), Rodriguez (36m), Paulo César (43m), João Moutinho (56m), Leandro Salino (72m), Belluschi (81m), Sapunaru (89m)
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