segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Do fundo para líder em 365 dias

No dia 25 de Outubro de 2009, André Villas-Boas saiu do túnel de acesso aos balneários do Estádio do Dragão e virou à esquerda, para se sentar no banco de suplentes da Académica. Hoje, dia 25 de Outubro de 2010, o treinador vai percorrer o mesmo caminho, mas vira à direita, para se sentar no banco de suplentes de uma equipa líder e dominadora. Uma mudança radical de direcção em apenas um ano de carreira no campeonato.

Outra curiosidade engraçada a realçar: há um ano, Villas-Boas estreava-se na Académica em jogos do campeonato na oitava jornada, não evitando a derrota por 3-2, depois de o adversário ter disputado uma jornada europeia com sucesso. Hoje, o FC Porto disputa precisamente a oitava jornada, também depois de uma vitória europeia. Esse é um ponto comum, mas há outros que não podiam ser mais afastados. Há um ano, Villas-Boas, então com 32 anos, orientava o último classificado do campeonato, com uns míseros três pontos resultantes de três empates (alcançados por Rogério Gonçalves, que não resistiu aos maus resultados) e hoje, aos 33 anos, dirige uma equipa que ganhou seis jogos e empatou apenas um. Ou seja, passou de um extremo ao outro em 365 dias, ganhando uma gravata pelo meio, apesar da ausência de "dress code" no Dragão. Se na Académica gostava de aparecer de fato e sem gravata, nos primeiros jogos no FC Porto ainda manteve o "look" (como na conquista da Supertaça), mas por pouco tempo. Um pormenor, apenas.

O que ressalta mesmo à vista é o curso intensivo tirado num ano apenas. E com nota elevadíssima, para já. Tanto assim que, mesmo sem grande experiência, o Sporting tentou contratá-lo por duas vezes. Villas-Boas foi negando contactos até onde pôde e, à segunda, falou mesmo em palhaçada. Depois, não se sabe exactamente quando, chegou o convite do clube do coração, embora ele também o tenha negado nas primeiras vezes em que surgiram os sinais de fumo dessa rota.

Certo é que Villas-Boas nunca foi um personagem indiferente no futebol português e, se na Académica já tinha um discurso cativante, no FC Porto a única coisa que mudou foi a dimensão das suas palavras. Na Académica, conseguiu tirar a equipa do último lugar e acabar o campeonato no 11º posto, fruto de oito vitórias, seis empates e nove derrotas, no FC Porto os números são mais sorridentes: seis vitórias, um empate, 14 golos marcados e três sofridos.

Contas feitas, foi um "ano explosivo", como André Villas-Boas confessou anteontem. Entre 25 de Outubro de 2009 e o de 2010, as diferenças são óbvias.

25 de Outubro de 2009 [FC Porto-Académica]

Com escassos dias de trabalho, a Académica de Villas-Boas espantou o Dragão pelo rigor táctico e desmultiplicação das unidades, que encravaram a equipa portista e levaram os adeptos a esperar o pior. A estreia do treinador de 32 anos no campeonato terminou com uma derrota por 3-2 e também com elogios ao seu trabalho. Sobre a vitória do FC Porto, recorde lá isto: Mariano marcou o primeiro golo, aos 65', num cabeceamento de fora da área e Farías obteve o segundo (68'). A Académica reduziu por Miguel Pedro (76'), Farías voltou a marcar (82') e Sougou fez o último (90+2').

Um, dois, três convites

Sporting, parte I

No dia 6 de Novembro de 2009 Paulo Bento saiu do Sporting e Bettencourt começou a procurar treinadores. Apesar de ter pouco mais de duas semanas na Académica, as duas primeiras como técnico principal, Villas-Boas foi o escolhido. A Académica negociou com o Sporting, mas não prescindiu de uma indemnização elevada. No dia 13 de Novembro o clube de Coimbra comunicou que, afinal, não havia acordo.

Sporting, parte II

Nos últimos dias de Março e nos primeiros de Abril de 2010 houve uma abundante onda de notícias a garantirem que Villas-Boas seria o treinador do Sporting na época de 2010/11, sucedendo a Carvalhal. O treinador da Académica nega e descreve essas garantias como "palhaçada". Face às notícias, o Sporting nega o interesse no dia 5 de Abril, num comunicado à CMVM. Especulou-se que o FC Porto podia estar de olho.

Enfim, FC Porto

Em Maio acentuam-se duas notícias relacionadas com o FC Porto. A da saída de Jesualdo Ferreira e a da provável entrada de André Villas-Boas no Dragão. O treinador, em declarações à Agência Lusa, nega a notícia, dada cada vez com mais insistência por vários órgãos de Comunicação Social. No início de Junho ninguém ficou espantado quando André Villas-Boas foi apresentado no FC Porto...

O título que embalou a equipa para um arranque fulgurante

O jogo da Supertaça foi, muito provavelmente, o mais importante desta temporada para o FC Porto. Pelo menos até agora. Em primeiro lugar, a vitória sobre o rival da Luz serviu para apagar as incertezas de uma pré-época feita de resultados pouco inspiradores; e depois, porque também serviu para atenuar as dúvidas naturais - tendo em conta as circunstâncias - sobre André Villas-Boas. Certo é que depois do jogo de Aveiro, o FC Porto embalou para um arranque de época verdadeiramente demolidor.

14
Nos 30 jogos realizados no campeonato, André Villas-Boas garantiu 14 vitórias, sete empates e nove derrotas. No FC Porto ainda não perdeu.

46
Entre FC Porto e Académica, o treinador garantiu 46 golos marcados, sendo que 14 surgiram já esta temporada, numa média de dois golos por jogo desde que chegou ao Dragão.

34
Os 34 golos sofridos garantem ao treinador um goal-average favorável. O FC Porto desta época sofreu apenas três no campeonato.

in "ojogo.pt"

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