segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O ponto de equilíbrio entre o sobe e desce

NÚMEROS DE BELLUSCHI E MOUTINHO EM CONTRACICLO
 

Numa equipa que faz da posse de bola uma forma de estar, é suposto que os médios apresentem números contundentes. Certo? Errado! Quem olhar para os registos apresentados pode ficar confuso, sobretudo no que diz respeito a João Moutinho, que regista uma quebra quantitativa em quase todas as ações do jogo, em nítido contraciclo com o que acontece com Belluschi.

O Moutinho do Sporting já não existe. Contacta menos com a bola, recupera-a e perde-a com menor frequência, cruza menos e não faz tantas faltas. Significa isto que é um jogador pior? Carlos Azenha discorda: “Tudo tem a ver com a organização do coletivo. O FC Porto de Villas-Boas está muito bem equilibrado a nível tático e há uma menor dependência das ações de Moutinho comparativamente com o que acontecia no Sporting.”

Em Alvalade, passou por todas as posições do losango. No Dragão, as suas funções estão melhor definidas e o seu raio de ação é diferente. Veja-se o número de cruzamentos, que nos revela que o internacional português é hoje um jogador que empresta menor largura ao seu jogo, ganhando a profundidade que lhe permite registar uma subida no número médio de remates por jogo. É certo que Moutinho ainda não marcou, mas isso parece ser sobretudo uma questão de confiança, uma fase de maior ansiedade.

Agressivo

Numa equipa que vence 13 de 14 jogos (e esta dupla esteve presente em 13), é inevitável que haja um meio-campo em destaque. Sobretudo se tivermos em conta que, contrariamente ao que acontecia com Jesualdo Ferreira, o FC Porto de Villas-Boas prefere jogar em posse do que em transição. Mas com laterais (sobretudo Alvaro Pereira) e avançados tão presentes no processo de construção, torna-se inevitável que o foco esteja repartido.

Eloquente é o crescimento de Belluschi. O salto qualitativo expressa-se em campo, mas também na contabilidade. Não há que enganar: o argentino tem mais ações no jogo. “A classe já lá estava. A questão é que Belluschi precisou de um período de adaptação. Todos os jogadores precisam, ainda que nuns casos isso seja mais evidente do que noutros”, analisa Azenha, que vê dedo de Villas-Boas neste rejuvenescimento do argentino.

“A sua agressividade cresceu de forma notória. É um jogador que luta muito mais, que é mais feroz na recuperação de bola, que tem outra atitude perante a perda. Tudo isto é também, obviamente, uma conquista do treinador”, elogia.

É o FC Porto quem beneficia deste sobe e desce. Moutinho passou a dosear melhor o seu futebol, Belluschi ganhou intensidade. Apesar da forte concorrência de Ruben Micael, Souza ou Guarín, esta parceria está de pedra e cal e explica parte do sucesso do dragão.

in "record.pt"

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