No meio de tantas manifestações de louvor ao arranque de temporada do FC Porto, exaltadas pela goleada do último fim-de-semana ao Benfica, André Villas-Boas sentiu a necessidade de distribuir os muitos elogios que tem recebido por quem lhe é mais próximo. E fê-lo, em plena sala de Imprensa, minutos depois da humilhação imposta ao principal rival. Começou por destacar os jogadores pelo sentido colectivo que colocaram na partida, para depois passar àqueles que, segundo ele, são fundamentais no seu trabalho: os elementos da equipa técnica. Vítor Pereira, José Mário Rocha, Pedro Emanuel, Wil Coort e até Daniel Sousa, o observador que é presença assídua no Olival, foram os destinatários dos elogios e, mais ainda, de uma revelação pouco habitual: muitas vezes são eles que tomam as decisões. Palavra de Villas-Boas.
O treinador trouxe para o FC Porto o conceito de porta aberta, ou seja, o trabalho é partilhado, porque todos os adjuntos, sem hierarquias rígidas, intervêm no processo de preparação dos jogos. O lema, imposto por André Villas-Boas e que orienta a equipa técnica, passa por três princípios básicos: empatia, liberdade e intervenção. O trabalho, mas também as responsabilidades, são repartidas em doses idênticas, embora com uma liderança bem vincada do treinador. Qualquer elemento da equipa técnica é incentivado a discordar, na lógica de que há-de sair uma síntese proveitosa das discussões. Os adjuntos, de Vítor Pereira a Wil Coort, sugerem, discutem, e daí nasce a decisão final.
No que diz respeito ao trabalho de campo, de referir que os treinos duram, normalmente, apenas 90 minutos, o tempo de um jogo de futebol, e nunca é executado trabalho diferenciado ou específico, uma vez que todos os jogadores treinam de forma integrada.
Por outras palavras, não há grupos para treino específico. Além disso, o plano de preparação realizado ao longo da semana está sempre virado para o adversário que se segue. Há mais: no final da cada treino, a equipa técnica reúne-se para analisar a forma como decorreu o trabalho e de seguida começa a preparar a sessão do dia seguinte, ficando desde logo estipulado todos os passos desse treino.
Apesar de ter em José Mário Rocha o elemento mais próximo, porque foi o único a transitar da Académica, André Villas-Boas considera a opinião de todos da mesma forma, e até Wil Coort, que tem uma função mais específica (treinador dos guarda-redes), é parte integrante dessas discussões.
Sendo assim, percebe-se que André Villas-Boas não exige sentido colectivo apenas aos jogadores, porque esse espírito começou a ser desenhado precisamente na equipa técnica.
Uma equipa completa
Vítor Pereira
Trocou o cargo de treinador principal - na última época esteve no Santa Clara - para ser adjunto de André Villas-Boas no FC Porto. Ele é a parte mais visível desse relacionamento aberto, como se pode comprovar, durante os jogos, nas insistentes trocas de ideias com Villas-Boas.
José Mário Rocha
Foi o único que transitou da equipa técnica de André Villas-Boas na Académica, razão para ser tido como elemento mais próximo do actual treinador do FC Porto. Tem a seu cargo a vertente mais física do treino, embora também seja uma voz bastante activa na discussão dos assuntos diários.
Pedro Emanuel
Apesar de ser o acrescento do clube a esta equipa técnica, nunca foi tratado como tal por Villas-Boas. A sua experiência recente enquanto jogador é muitas vezes levada em linha de conta pelo treinador principal, que também lhe tem atribuído a tarefa de observar alguns adversários, sobretudo da Liga Europa.
Wil Coort
Está há mais de cinco anos no FC Porto e é o elemento mais antigo da actual estrutura. Apesar de ter uma função muito específica (treinador dos guarda-redes), também é parte integrante das discussões diárias da equipa técnica.
Daniel Sousa
É o elemento menos conhecido da equipa técnica e tem como missão observar os adversários. Actualmente com 26 anos, Daniel Sousa, que já foi monitor na Dragon Force, também colaborou com Villas-Boas na Académica.
in "ojogo.pt"
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