Viena é a universalidade do dragão, ponto de partida e viragem, cenário feitiço da mais extraordinária e comovedora vitória do FC Porto, o seu Maio e o seu poder frente à história: um marco, uma mística iniciada, uma memória a preservar em regime de permanência.
Viena-1987, Viena 2010: o traço comum de aparência radical. Lá, dentro de 15 dias, o FC Porto actual revê-se no mais inspirador dos grupos que debruaram a sua história de alcance global; lá, dentro de 15 dias, voltarão a soltar-se as memórias, a unir-se as pontas adormecidas da razão maior de ser portista.
Viena, ou o espírito de Viena, é tudo o que um dragão quer manter vivo, e terá sido, seguramente, essa ideia que levou o FC Porto a movimentar-se no sentido de reunir toda aquela tropa de elite e, aproveitando a deslocação à capital do romance para defrontar o Rapid, levar todo aquele heróico grupo de 87, para uma viagem refrescante e inspiradora no tempo.
Nada que se faça ao acaso: mergulhar com os deuses dessa conquista inigualável e dona dos afectos do tempo, é uma acção emotiva mas pensada preciosamente ao pormenor: nada de mais inspirador, repete-se, para o grupo actual, dirigido por um talentoso iniciado na função e que, bebendo Viena com um apuramento garantido, terá, seguramente, ele e o grupo, mais tempo e atenção para recuperar com os homens desse tempo e dessa façanha, toda a envolvência, toda a mística, toda a densidade emocional que a lembrança e reconfiguração desse épico 27 de Maio de 87 trará, ou transmitirá, ao FC Porto de 2010, um novo Porto a procurar o seu lugar na história.
Estarão lá todos, ou pelo menos é essa a ideia do FC Porto, e não se fala apenas dos rostos mais visíveis, das figuras mais mediáticas, ainda hoje: Madjer, Futre, Juary, Artur Jorge, a galeria supra, o recorte sinónimo da excelência. Não: todos, o FC Porto quer lá todos, e esse objectivo, a ser integralmente conseguido, será uma outra grande vitória e fará, acredita-se, esgotar alguns aviões.
in "abola.pt"
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