Os líderes do campeonato são a equipa com menos golos sofridos das principais Ligas europeias. A explicação está num bom entrosamento, contratações atempadas e integração paciente.
Luis Aguiar, Lima, Faouzi e Carlão. Estes são os autores dos quatro golos que o FC Porto sofreu no campeonato, os únicos que conseguiram ultrapassar a muralha defensiva dos “dragões” e obrigar Helton a ir buscar a bola ao fundo das redes. Decorridas 11 jornadas da Liga, os portistas têm, por larga margem, a melhor defesa da prova. O Marítimo é segundo no ranking, com oito golos sofridos, seguido pelo Olhanense, que já sofreu dez golos. Os três perseguidores na tabela, Benfica, Vitória de Guimarães e Sporting, contam 11 golos sofridos (média de um por jogo).
O registo actual do FC Porto é uma melhoria assinalável em relação à época passada. Em 2009-2010, à 11.ª jornada, os “dragões” tinham nove golos sofridos. A equipa então orientada por Jesualdo Ferreira não tinha sido batida em apenas três jogos – tantos quantos aqueles em que o conjunto liderado por André Villas-Boas sofreu golos. Pelo contrário, em 2007-2008 (no segundo ano de Jesualdo Ferreira), o FC Porto chegou à 11.ª jornada com os mesmos quatro golos sofridos da presente época.
Mas a solidez defensiva dos portistas não se fica pelo plano interno. Nos jogos da Liga Europa, a equipa de Villas-Boas sofreu dois golos em quatro jogos. Contando as partidas da Supertaça e da Taça de Portugal, a média global é pouco superior a 0,4 golos sofridos por jogo.
Se nos debruçarmos sobre os principais campeonatos da Europa, a conclusão é que os “dragões” têm a melhor defesa, à frente de equipas como Real Madrid, Chelsea ou Inter de Milão.
Os merengues de José Mourinho concederam cinco golos em 11 jogos da Liga espanhola, mais dois na Liga dos Campeões e um na Taça do Rei. A média total é de 0,47 golos/jogo – próxima da do FC Porto, mas superior. Já o campeão inglês tem uma prestação razoável no campeonato (oito golos sofridos em 13 jogos) e na Champions (dois em quatro), mas a média é inflacionada pelas derrotas na Supertaça (1-3) e na Taça da Liga (3-4). Feitas as contas, os blues concederam 0,89 golos/jogo.
Estes bons resultados surgem num ano em que a defesa portista perdeu uma referência como Bruno Alves, transferido para o Zenit de São Petersburgo. Ao PÚBLICO, dois antigos defesas do FC Porto desvalorizam esse facto. “No futebol, ninguém é insubstituível”, frisa Eduardo Luís, campeão europeu em 1987, acrescentando: “A forma como o FC Porto joga faz com que os adversários tenham poucas oportunidades de golo. Para além disso, há a grande qualidade dos jogadores na defesa.”
À situação actual não será alheio o facto de os três totalistas do FC Porto no campeonato serem defesas: Helton, Álvaro Pereira e Rolando jogaram os 90’ nos 11 jogos disputados. Otamendi alinhou em três partidas (duas a titular) enquanto Sapunaru e Fucile se têm revezado na lateral direita – o romeno foi sete vezes titular contra quatro do uruguaio. “Na defesa não há só os quatro que jogam, o FC Porto tem seis ou sete jogadores a postos e o treinador não tem dores de cabeça em substituí-los”, continua Eduardo Luís, que vê melhorias também no meio-campo: “Toda a equipa trabalha no sentido de recuperar a bola o mais rapidamente possível.”
Augusto Inácio, que foi parceiro de equipa de Eduardo Luís, concorda, destacando a “organização, confiança e espírito colectivo bastante forte” na equipa do FC Porto. “Não é só a defesa que sofre poucos golos. A equipa ataca e defende bem, tem que ver com o nível de confiança”, aponta.
Na opinião do treinador do Leixões, a própria política de contratações do clube ajuda a equipa a manter os mecanismos, nomeadamente a solidez defensiva. “O entrosamento é bom, os jogadores já se conheciam há algum tempo”, aponta Augusto Inácio. “O FC Porto trabalha para além do momento. Não ficam à espera que as coisas aconteçam. A base colectiva nunca se desfaz”, vinca o técnico, apontando como exemplo as contratações de Maicon e Rolando.
in "publico.pt"
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