O facto de o FC Porto ser a única equipa imbatível na Europa traz pressão adicional?
Acho esse facto pouco relevante. Conseguimos um número importante de jogos sem perder e estamos satisfeitos com o facto de termos apenas três empates, mas, por exemplo, o Manchester United, que perdeu agora, já fez mais jogos do que nós. Se chegarmos ao final da época e atingirmos os nossos objectivos, então penso que poderemos olhar para trás e apreciar esse facto de outra forma. Mas apenas se vencermos. Estes números, agora, ainda não nos trazem títulos, nem nenhum extra em termos financeiros. Por isso, tudo depende de como terminarmos a época.
O treinador do Rapid de Viena considerou que o FC Porto é um mini-Barcelona...
O FC Porto nunca pode ser considerado um mini-Barcelona porque tem um palmarés tão importante como o do Barcelona. Tem também uma filosofia de que gosto, defendo e tento implementar. Continuarei a lutar agressivamente contra o futebol que não quer ter bola, que pensa apenas nas transições rápidas e é especulativo. A minha filosofia é a outra, que só foi possível aplicar no FC Porto e na Académica devido à qualidade dos jogadores.
O Rapid pode ter mais possibilidades de ganhar pelo facto de o FC Porto já ter garantido a qualificação?
Não me parece. É um jogo importante para nós, porque procuramos garantir o primeiro lugar o mais rapidamente possível, de forma a sermos cabeças-de-série no sorteio para os 16 avos-de-final. Queremos resolver o assunto já neste jogo, sabendo, no entanto, que temos o conforto de jogar em casa com o CSKA de Sófia na eventualidade de não o conseguirmos. Aliás, coloco a questão ao contrário: o Rapid, que tem de ganhar as duas partidas para se qualificar, tem um jogo decisivo para o campeonato no próximo fim-de-semana; será que eles não vão optar por essa competição em detrimento da Liga Europa?
Continua a pensar que é possível vencer a Liga Europa?
Tenho respondido frequentemente a isso. Esta competição é anormal, está mal formatada e é inadmissível que as equipas que prestigiam a competição neste momento tenham depois de levar com as que forem eliminadas da Champions. São equipas de topo, com ambições, mas nós também.
Já teve oportunidade de verificar o estado do terreno?
Sinceramente, não me parece que esteja em grandes condições, mas já nos garantiram que amanhã [hoje] estará perfeito. Segundo as previsões, vai continuar a nevar, mas confirmaram-nos que o campo estará melhor. Sendo assim, as preocupações com esse facto são mínimas.
As condições climatéricas jogam a favor do Rapid?
Penso que não. Os jogadores são profissionais e estão habituados a jogar contra qualquer tipo de adversidade. Mas, tendo em conta que não tem nevado por aqui nos últimos tempos, este também será um factor de novidade para os jogadores do Rapid.
Quais são os pontos fortes do Rapid de Viena?
Não nos podemos esquecer que sentimos dificuldades no primeiro jogo. Foi uma partida competitiva, aberta e orientada para o ataque. Jogam em transições rápidas e têm Salihi em excelente momento de forma. Hofmann é uma ausência importante, mas eles criaram-nos problemas no primeiro jogo e podem voltar a criar neste, sobretudo se continuarem a acreditar que ainda se podem qualificar.
"Walter foi uma opção técnica"
Walter foi desconvocado. Que se passou?
Foi uma opção técnica. Normalmente, viajamos com dois dias de antecedência e pensamos que pudesse ser útil vir a Viena com 19 jogadores. No entanto, tendo em conta a brevidade da viagem, decidimos trazer apenas 18 jogadores.
Mas depois da partida com o Moreirense, Walter não voltou a ser convocado. Ficou insatisfeito com a exibição do avançado nesse jogo?
Não. Temos um plantel muito competitivo, com jogadores que podem desempenhar muitas funções na frente. Relativamente ao jogo do fim-de-semana passado, em Alvalade, entendemos que o Cris (Rodríguez) podia ser uma opção para o lugar de ponta-de-lança, função que já desempenhou no Paris Saint-Germain. Tendo em conta as características desse encontro, ele poderia, se fosse necessário, jogar entre linhas e fornecer o ponta-de-lança através da sua mobilidade e velocidade.
"Tinha dez anos, um cachecol e tentaram embebedar-me"
Onde estava na final de 1987?
Assisti ao jogo em casa da minha avó. Era um miúdo com 10 anos, estava de cachecol ao pescoço, e celebrei essa vitória com grande entusiasmo. Se bem me recordo, não fui festejar para a Avenida dos Aliados, mas lá por casa poderão ter tentado embebedar-me com um copo de champanhe (risos).
"Vou continuar a ser expulso se me dirigir aos árbitros..."
André Villas-Boas foi expulso em Alvalade, já depois de ter sido expulso em Guimarães, curiosamente nos únicos jogos do campeonato que o FC Porto não conseguiu vencer. O treinador não concorda, no entanto, com a decisão de Jorge Sousa. "Não sei se o relatório já está disponível. O que lhe disse foi exactamente aquilo que vos transmiti no final do jogo: disse-lhe que estava a desconfiar da escandalosa dualidade de critérios. Foi a expulsão [de Maicon], o golo ilegal... E parece-me que as pessoas querem apagar rapidamente o impacto que o trabalho do árbitro teve no resultado. Nesse sentido, penso que a minha expulsão está a tornar-se num factor de diversão. Mas, pelos vistos, vou continuar a ser expulso, se me continuar a dirigir aos árbitros. Não lhe disse nada de especial, e fico surpreendido quando vejo outros treinadores a dirigirem-se aos árbitros de forma injuriosa, agressiva e a roçar a agressão verbal. No meu caso, não foi isso que aconteceu, mas, como sou reincidente, e fui expulso com o mesmo resultado de Guimarães, agora diz-se que sou incapaz de lidar com a adversidade. Isso parece-me uma tremenda besteira".
"Mourinho o melhor treinador, Barcelona com o melhor futebol"
O Barcelona venceu o Real Madrid por 5-0, repetindo o mesmo resultado do clássico entre o FC Porto e Benfica. No entanto, Villas-Boas só encontrou esse ponto comum. "Semelhanças só no resultado. As probabilidades de vitória no campeonato continuam iguais para o Real Madrid e Barcelona. É um campeonato muito competitivo, tal como o nosso, e a vitória sobre o Benfica permitiu-nos abrir uma vantagem, embora ainda faltem disputar muitos jogos. Regressando a Espanha, tenho a certeza de que o José Mourinho vai ser considerado o melhor treinador de sempre, sendo apenas uma questão de tempo até que isso aconteça, enquanto o futebol do Barcelona é, para mim, o mais memorável da história", adiantou.
in "ojogo.pt"
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