Regresso dos heróis de 1987 ao prater
Futre foge do grupo, que ri à gargalhada e troca piadas. Passaram-se 17 anos e 188 dias, mas o esquerdino aproxima-se da linha, enfia as mãos nos bolsos e ainda se vê a galgar pela direita e a servir Madjer para um golo mítico. “Mudou a vida”, diz-nos: “A minha, muito, mas a de todos os que passaram por aquilo. Ninguém foi o mesmo a partir daquele dia.”
Até Villas-Boas sabe onde estava naquele 27 de maio de 1987. “Em casa da minha avó, todos a seguir o jogo pela televisão. Eu era um miúdo de 10 anos e com cachecol ao pescoço. Celebrei com entusiasmo”, recordou o adepto, que também teve direito a brinde: “Não fui para a Avenida dos Aliados, mas podem ter-me tentado embebedar com um copo de champanhe.”
Madjer, sempre Madjer, é curto e conciso: “Fizemos a história do FC Porto.” Mais expansivo é Juary. Perdão, míster Juary. “Estou em Itália, onde sou treinador de uma equipa da 3.ª Divisão”, conta com orgulho, numa conversa interrompida por Augusto Inácio: “Anda, pastor.” Tudo tem uma explicação: “Eles falam isso porque eu agora sou evangélico. Converti-me há cerca de cinco anos, mas não sou pastor...”
O homem que marcou o golo que mudou a vida de toda esta gente que agora regressa a Viena é o mais expansivo. “Foi há quanto tempo mesmo? Há 23 anos? Mas eu ainda lembro de tudo, só não lembro dessa neve”, brinca. Talvez não se recorda do branco de Viena, mas Inácio puxa a fita atrás até à eliminatória com o Brondby, nos quartos-de-final. “Nós ganhávamos em qualquer campo. O tempo estava péssimo, tínhamos ganho nas Antas com um golo do Madjer e lá empatámos 1-1 graças ao Juary”, recorda, para dar novamente a palavra ao antigo avançado brasileiro: “Só mesmo o Pinto da Costa é que podia fazer uma coisa destas.”
A imagem que fica é a de João Pinto. Sem taça, o capitão ironiza: “Passaram-se estes anos todos e se não tivesse feito isso já não aparecia mais nas fotografia...”
in "record.pt"
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