quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Taça: F.C. Porto-Pinhalnovense, 2-0 (crónica)

Há uma velha máxima do jornalismo, que diz que um avião que aterra não é notícia, um avião que cai sim. Esta será, portanto, a crónica de uma «não notícia». Mas não deixa de ser um relato com muito que se lhe diga. O voo portista chegou ao seu destino, é certo, mas esta esteve longe de ser uma calma viagem, como, de antemão, se poderia prever. O F.C. Porto venceu o Pinhalnovense por 2-0 e está nas meias-finais da Taça de Portugal. 


A pior assistência da época do Dragão viu uma primeira parte sonolenta, de sentido único, mas com tráfego condicionado. André Villas-Boas tinha prometido motivação para «fazer história», mas do Pinhal Novo veio uma equipa embalada pelo mesmo desejo. Depois de afastar o Leixões da Liga de Honra, a missão era espinhosa, mas a equipa de Paulo Fonseca queria torná-la possível. 



Para dar a sensação que seria possível contribuiu, e muito, a noite inspirada do guardião Pedro Alves. Um homem com experiência no mais alto patamar no futebol português que foi parando, uma a uma, as investidas dos dragões não filtradas pela concentrada defesa do Pinhalnovense. Foi assim na primeira parte, prolongou-se na segunda, até à bomba que decidiu tudo.



Assobios acordam Hulk



Nem se pode dizer que os dragões tenham facilitado. Villas-Boas introduziu cinco mudanças no onze, mas manteve a estrutura, entregou os flancos a James e Mariano e voltou a fazer de Hulk o ponta-de-lança de serviço. Guarín, o herói com o Marítimo, entrou na segunda parte, quando já se percebia que a tarefa iria exigir empenho máximo. Varela viria a seguir-lhe as pisadas.



A onda de impaciência, que ganhou corpo com as defesas de Pedro Alves às tentativas de Belluschi, Rúben Micael e Mariano, chegou ao limite quando Fernando, na cara do guardião, atirou por cima. Viria a explodir já no segundo tempo, quando Kieszek se redimiu do erro com o Nacional, negando o golo a Miguel Soares, com um voo impressionante. O crédito portista, já ameaçado em alguns sectores, esfumou-se aí e o Dragão sublinhou com assobios. Que acordaram Hulk.



Quando o espectro do prolongamento pairava, o «Incrível» decidiu. Drible, toque para a esquerda e bomba que deixou Pedro Alves sem reacção. Durava 78 minutos a resistência do Pinhalnovense. Passava a turbulência, extinguia-se a neblina. A pista estava à vista para o avião portista aterrar. Antes disso, o super-herói do costume ainda haveria de mostrar nova habilidade, depois de arrancar decidido pela esquerda, tabelar com Belluschi e atirar, com estilo, para o segundo. 



Da viagem, fica a clara sensação que o resultado sofrido se deveu, claramente, a falta de inspiração. Há noites assim. Uma combinação bem-feita, uma triangulação pensada e executada, um passe a rasgar...Viu-se tudo isto, a espaços. Faltou o que faz a diferença: marcar. No caso, quase sempre, desviar a bola de Pedro Alves.



Seguem em frente os azuis e brancos. Corrija-se. Segue em frente o F.C. Porto. Esta foi uma daquelas raras noites em que os adeptos do Dragão foram embora felizes com a derrota da equipa que jogou de azul e branco.



in "maisfutebol.iol.pt"

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