Três continentes, seis países e um vaivém electrizante, com três regressos a Portugal pelo meio, depois de um bem sucedido processo de aculturação à realidade norte-americana, que lhe permitiu estabelecer marcas históricas na Universidade de Charlotte, na Carolina do Norte. A «experiência brutal» de ter jogado em Espanha, na segunda melhor liga do Mundo, é o seu maior orgulho. Falhar o Eurobasket, em 2007, é o seu maior lamento. De novo no Porto, onde já foi campeão, Carlos Andrade está decidido a acrescentar mais um título ao currículo. Invejável. Na carreira e na atitude.
A cidade da Praia é só o ponto de partida de uma longa viagem marcada por múltiplas escalas, porque, aos dois anos, ainda antes de as memórias da Ilha de Santiago poderem conquistar contornos bem definidos, Carlos já tinha chegado a Lisboa. Voltaria, então adolescente, a Cabo Verde, para rever a família paterna, com a qual mantém contacto regular.
Viveu por uns anos na Ajuda, mas foi em Chelas que cresceu. A jogar futebol, antes de o brilho revelado numa prova escolar sugerir o desvio para uma variante competitiva diferente, quase inversa. A permissão de contacto com a bola, que, na troca, também ganhou peso e volume, ascendeu dos membros inferiores para os superiores e o que antes era proibido passou a ser obrigatório. Nada que o atrapalhasse, no entanto. «Nos torneios inter-turmas ganhava sempre as competições de basquetebol. Toda a gente dizia que eu jogava muito bem», recorda. Lembra também a surpresa com que recebia os elogios, porque todos os gestos lhe pareciam simples e incrivelmente naturais.
Se não congénita, a habilidade de Carlos com a bola laranja nas mãos era, no mínimo, induzida. Por Mery, a irmã. «Ela é a minha inspiração», assume hoje, com uma admiração tão óbvia que nem procura disfarçar. «Na altura, via-a jogar contra rapazes e a bater-se com el
A conselho do professor Ramos, os sonhos de Carlos cresceram o suficiente para caber por uns tempos num pavilhão do bairro da Graça. O do Maria Pia, onde, com 10 anos, conheceu João Santos, hoje companheiro de equipa e de Selecção. «A partir daí foi fácil. Foi dar largas à paixão, foi sempre a subir», evoca, com um prolongado sorriso capaz de suplantar e esquecer todos os episódios de dificuldade e superação, que são quase uma constante da sua trajectória de evolução.
(Este é um extracto de uma entrevista ao basquetebolista Carlos Andrade, que poderá ler na íntegra na mais recente edição da revista Dragões, já disponível nas bancas)
in "fcp.pt"
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