quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sláinte FC Porto! E já agora mais um brinde para Falcao

FC Porto e Braga exportam para Dublin uma final fraca em que tudo se decide numa oferta de Rodríguez. Em cinco finais europeias, o FC Porto perdeu apenas uma


A caminho da Dublin Arena, um adepto do Manchester City que comprou bilhete antes de a sua equipa o trair contra o Dínamo Kiev, estava convencido de que ia ver a final da Liga Europa. Mas depois FC Porto e Braga exportaram para Dublin um jogo pior que aquilo que costumam fazer na Liga portuguesa e o homem, coitado, deve ter ficado a pensar que mais valia ir beber uma Guinness para um pub na cidade. Talvez com algum álcool no sangue ficasse com uma ideia melhor do futebol nacional. Não faça confusão, FC Porto e Braga são muito melhores do que isto, fartaram-se de o mostrar esta época, o problema é que se anularam de tal forma que ofereceram à Europa uma final fraquinha e em que se salvou uma questão essencial: o FC Porto ganhou mais um título europeu, o quarto da história, porque foi o melhor do princípio ao fim da Liga Europa, e portanto "slaínte FC Porto", o que no gaélico cá do sítio é um "brinde de saúde e de sorte" para quem merece, porque o que fica no palmarés é mais um caneco. Já agora, "slaínte" Falcao porque o melhor marcador de sempre da competição fez mais um golo (18) e decidiu tudo - já agora, depois de um... brinde do defesa Rodríguez.

QUEM QUER UMA DERROTA? A final começou como um braço-de-ferro entre os miúdos rivais lá da escola - cada um deles faz apenas a força suficiente para controlar o jogo, porque o orgulho é enorme e nenhum quer perder o músculo, ou a atenção da miúda mais gira. FC Porto e Braga apareceram em Dublin como as equipas mais parecidas deste mundo, na postura e na ambição, mas também no receio da derrota. Estavam convencidos de que chegariam à vitória mais com um erro do adversário que propriamente por obra sua, por isso, como no tal braço-de-ferro, arriscavam um esticão de vez em quando, para ver o que se passava do outro lado.

Foi mais de meia hora nisto e não interessava nada a diferença histórica entre as duas equipas, como o facto de o Braga ter chegado à Irlanda com apenas quatro finais da Taça de Portugal (tendo ganho uma em 1966 contra o Vitória de Setúbal) e o FC Porto ter esse mesmo número só em finais europeias (tendo ganho até ontem duas Champions e uma UEFA!); não interessava nada a reputação do Braga ser defensiva ou a do FC Porto ser ofensiva, não interessava nada o facto de os dragões terem muito mais adeptos na Dublin Arena. Tudo se equilibrava, os sistemas estavam encaixados, os jogadores do meio-campo anulavam-se em marcações individuais e os laterais praticamente não arriscavam no meio-campo ofensivo. Bocejo.

Custódio e Hulk despertaram para dois remates perigosos logo no início, volta e meia o mesmo Hulk ou Custódio (bom jogo!) sacudiam o pó, mas a final da Liga Europa só se decidiu quando Rodríguez, defesa-central peruano, cometeu em cima do intervalo o erro que ninguém podia cometer num jogo com nestas circunstâncias: entregou mal a bola numa saída de jogo, Guarín recuperou-a, alargou a passada, arrancou um cruzamento perfeito para a cabeça do inevitável Falcao. 1-0, a Taça estava entregue.

INTERVALO A provável despedida de Rodríguez do Braga não podia ser pior. Domingos, o treinador que deve levá-lo para o Sporting, substituiu-o ao intervalo e também castigou Hugo Viana. Fora! No seu lugar entrou Mossoró, que logo no início da segunda parte aproveitou um erro de Fernando para se isolar e falhar a oportunidade da sua vida, apenas com Helton pela frente. Voltaria o Braga a ter uma chance daquelas? Não.

A noite voltou a arrefecer até que o Braga assumiu o desespero nos últimos 15 minutos. A velocidade quase rendeu a expulsão de Sapunaru, mas nem o vermelho nem um golo apareceram. E o FC Porto, que podia matar o jogo em contra-ataque, deixou a coisa feita pelo serviço mínimo. Também o recorde de golos da competição já estava estabelecido (44) por esta equipa condenada a somar títulos e recordes. "Sláinte", sai mais uma Guinness.

in "ionline.pt"

Sem comentários: