O exercício financeiro do FC Porto está quase a terminar, o que acontecerá no final deste mês, e já está planificado o próximo orçamento, que vai suportar as despesas para a época que se avizinha. Trata-se, na linha do anterior, de mais um orçamento recorde no futebol português, a rondar os 95 milhões de euros.
Numa entrevista televisiva, Pinto da Costa disse recentemente que o orçamento poderia ser ligeiramente superior ao último, e ontem Angelino Ferreira, o responsável pela área financeira da SAD, confirmou os números a O JOGO. "Será um orçamento da mesma ordem de grandeza do anterior. Diria que é um orçamento que está em linha com o do último ano, algo como 95 milhões de euros [o orçamento anterior foi de 94,7 milhões de euros]. É um orçamento maior do que o do Benfica", disse Angelino Ferreira, para se ter uma ideia comparativa.
Contextualizando o orçamento portista com o dos grandes clubes europeus que estão na Liga dos Campeões e com os quais o FC Porto vai medir forças nos relvados, fica a certeza de uma enorme disparidade. Os números portistas espreitam os três dígitos, mas ficam muito aquém dos dos colossos europeus, como se pode perceber acima. A verdade é que, com um orçamento a roçar os 95 milhões de euros, a equipa de André Villas-Boas venceu a Liga Europa e dominou no panorama interno. É interessante verificar que a equipa chegou a Dublin com quase um quarto do dinheiro que gastou o Manchester City, que também disputou a Liga Europa e não passou dos oitavos-de-final.
No actual exercício financeiro, o FC Porto procurava ainda realizar mais-valias na ordem dos 12 milhões de euros, conforme estipulado no orçamento. Um valor que não obriga o clube a desfazer-se dos principais jogadores precisamente porque as vendas de Bruno Alves e de Raul Meireles, num total de 35 milhões de euros, entram neste exercício, além de outras renegociações que permitiram encaixes suplementares.
Angelino Ferreira
"Necessidade curta de mais-valias"
A declaração pode ser tranquilizadora para os adeptos: mesmo que o FC Porto precise tanto de vender jogadores como um leão precisa de carne fresca para sobreviver, a verdade é que o clube pode saciar a fome com operações financeiras menores até 31 de Agosto, altura em que fecha o mercado de transferências. Ou seja, para garantir um orçamento equilibrado não há a necessidade, ou pelo menos a urgência, de vender Hulk, Falcao e companhia. Angelino Ferreira explica: "Não estou a dizer que não necessitamos de mais-valias, mas nesta altura o volume que ainda temos de alcançar é muito reduzido, precisamente porque já realizámos as operações com as vendas de Bruno Alves e Raul Meireles. Essas operações poderão fazer com que eventualmente possamos fazer outro tipo de receitas para cobrir a margem que ainda nos falta para fecharmos uma exploração financeira equilibrada no final de Junho."
Mas se as grandes vendas não se fizerem agora, dando seguimento a estratégia de investimento no capítulo desportivo, não haja dúvidas de que na próxima época terão de se realizar grandes encaixes financeiros. "O nosso modelo de negócio, dos clubes portugueses, mas também dos europeus, é baseado na obtenção de mais-valias provenientes da venda de jogadores. É a realidade do FC Porto, como é a realidade do Manchester United, só que o grau de necessidade ou dependência dessas receitas varia. Não temos a elasticidade e a expressão das receitas dos grandes clubes europeus, desde os direitos televisivos aos comercias, por isso o nosso grau de necessidade é maior do que o desses clubes."
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in "ojogo.pt"
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