Se André Villas-Boas aprecia o campeonato chileno, que gostava de experimentar, como já confessou, as exibições de Tomás Costa com a camisola do Universidad Católica não lhe devem ter passado despercebidas. Sobretudo a última, na quinta-feira, na qual marcou um grande golo (ver explicação na página ao lado) e fez uma assistência, tornando-se decisivo na vitória por 2-0 diante do Universidad do Chile. O médio cedido pelos portistas está em grande destaque - ontem estava esmpado nos jornais - e amanhã pode mesmo sagrar-se campeão. Com o empréstimo aos chilenos quase a terminar(30 de Junho), Tomás Costa soma três golos no campeonato e um na Taça Libertadores. Com mais um ano de contrato com o FC Porto, o médio aguarda indicações para voltar ou ser novamente cedido, mas se fosse ele a decidir, não hesitava um segundo: voltava. Até porque, como salientou, aprendeu com os erros e faria tudo para se afirmar. O JOGO falou com o argentino antes, e também depois, da grande exibição que realizou na quinta-feira.
Como está a sua situação? Já recebeu indicações para voltar?
O empréstimo ao Universidad Católica termina no fim de Junho, e tenho mais um ano de contrato com o FC Porto. Vou ver o que os dirigentes do FC Porto querem fazer comigo e aguardar um contacto. Tenho algumas coisas em vista, mas nada claro. São contactos do meu empresário com alguns clubes europeus e outros sul-americanos. Vou ver se o FC Porto tem clubes interessados em mim. Mas, primeiro, quero terminar o campeonato no Chile e sagrar-me campeão. O que sei é uma coisa: não quero ficar sem treinar muito tempo porque depois custa mais a reintegração. Gostava de resolver rapidamente as coisas e ter alguma certeza quanto ao futuro.
Mas qual é a sua intenção: voltar ou ser cedido?
Claro que gostava de regressar ao FC Porto. É uma possibilidade. Se fosse para jogar com regularidade, então seria melhor. É o clube que me paga, do qual gosto, e por isso é a opção que mais me agrada. Mas, neste momento, não sei de nada. Regressar ao FC Porto seria óptimo. Já aprendi com os erros e ganhei experiência, tanto no FC Porto como nos clubes por onde passei. Tive saudades da equipa, do clube, dos sócios e da cidade. Essa é a verdade. Regressar pode ser uma boa oportunidade, embora não dependa de mim.
Fernando pode sair. Acha que esse cenário o beneficiaria?
Tenho acompanhado as notícias pelos jornais e vi que Fernando falou em sair. A concretizar-se, a saída dele pode abrir uma porta para o meu regresso. É uma posição que gosto de fazer. E o treinador utilizou-me nessa posição durante o estágio na época passada. Mas também sei uma coisa: quando o FC Porto decide vender um jogador, já tem outro em vista para o substituir... Mas nunca se sabe. Vou esperar.
"Vitória especial foi mesmo na Luz"
O médio argentino cedido pelo FC Porto esteve muito atento ao que a equipa de André Villas-Boas fez durante a temporada. Entre jornais e televisões, nada escapou a Tomás Costa. "Acompanhei tudo pela televisão. Vibrei com a vitória do FC Porto em Dublin, mas não foi esse o jogo que mais alegria me deu. Foi o da vitória na Luz para a Taça de Portugal [1-3]", contou. Tomás Costa elegeu esse devido às dificuldades que a equipa tinha na eliminatória e também pela forma categórica como venceu. "Falei com os meus companheiros antes desse jogo e alguns estavam nervosos, mas sobretudo estavam conscientes do que valia uma vitória. Era um jogo muito importante e, para mim, foi a vitória mais especial."
O médio ficou contente com as conquistas do FC Porto e só teve pena de não ter participado nelas. Seja como for, festejou-as à distância. "A temporada do FC Porto foi incrível. Houve jogadores que chegaram no início da época, o treinador também era novo, e alguns meses depois ganharam tudo, ou praticamente tudo."
As explicações de Tomás Costa para o sucesso da equipa portista apontam para a qualidade dos jogadores e também para a estrutura do clube. "Os meus companheiros jogaram bem e mostraram uma equipa forte e unida ao longo de toda a época. O FC Porto tem bons jogadores, o que, aliado às excelentes condições do clube, faz com que seja muito difícil parar a equipa. Foi o que aconteceu na temporada que passou. Ninguém conseguiu parar o FC Porto, que terminou o campeonato invicto", lembrou Tomás Costa. O médio, recorde-se, foi campeão na primeira época que passou em Portugal.
Sempre em contacto com os amigos portistas
Uma das primeiras coisas que Tomás Costa fez quando chegou ao Chile foi captar as frequências das televisões que passaram os jogos do FC Porto, tanto em Portugal como na Europa. Os contactos telefónicos com os companheiros do Olival também foram frequentes. O grande amigo Fucile, com o qual costumava partilhar muitas refeições no Porto, colocou-o a par das últimas notícias durante a época. Os telefones dos argentinos Mariano e Belluschi também tocaram muitas vezes
Um golo depois de percorrer 50 metros com a bola nos pés
Vale a pena ir à internet procurar o golo que Tomás Costa marcou anteontem ao Universidad do Chile. O camisola 25, com o nome Costa por baixo do número, recuperou a bola no meio-campo defensivo e só parou quando bateu o guarda-redes com um remate em jeito. "Foi lindo. Espero que sirva para chamar a atenção do FC Porto", brincou. O médio fez ainda a assistência, com o pé esquerdo, para o segundo golo. "Estou a jogar na posição seis, mas um pouco mais à frente do habitual. Já fiz outras posições do meio-campo e, por necessidade, também joguei a defesa-direito. Já tinha marcado um golo de livre directo e outro de bola corrida", contou.
"Guarín é um exemplo e uma motivação para mim"
Tomás Costa foi contratado em 2008 ao Rosário Central, da Argentina, e na primeira época foi bastante utilizado, alcançando um total de 1764 minutos em 38 jogos, 20 deles a titular. A segunda temporada, ainda com Jesualdo Ferreira como treinador, correu pior: 1041 minutos em 31 jogos, 11 deles a titular. Veio André Villas-Boas e, depois do estágio, foi emprestado. O médio não duvida do seu valor e persegue o sonho de se fixar na equipa portista. Há um jogador que lhe serve de inspiração. "Guarín é um exemplo e uma motivação para mim. Depois de não ter sido muito utilizado, conseguiu impor-se e agarrou a oportunidade que lhe deram. Gostava que se passasse o mesmo comigo, daí dizer que Guarín é uma motivação", explicou Tomás Costa.
O médio do Universidad Católica acha que tem tudo a ver com a forma como o treinador olha para o jogador. "O que se passa nestes casos é a confiança do treinador, que depois transmite esse estado de espírito ao jogador. Quando se tem essa confiança, consegue-se mostrar o nosso futebol. Faltava continuidade a Guarín, tal como faltou a mim. Um jogador deve sentir que é importante para a equipa para poder render mais."
"Consegui provar que posso jogar ao mais alto nível"
O médio argentino, de 26 anos, não viu com maus olhos o empréstimo ao Cluj, da Roménia, até Dezembro e depois ao Universidad Católica, do Chile. "Foi bom. Queria demonstrar a mim mesmo que podia jogar ao mais alto nível e, nessa medida, os empréstimos funcionaram bem. No Cluj, fiz uns 15 ou 16 jogos em bom nível e disputei a Liga dos Campeões, o campeonato e a Taça da Roménia." Seguiu-se a aventura no Chile, na fervilhante capital cultural da América do Sul, como é considerada a cidade de Santiago do Chile. "Fui para uma equipa que tinha conseguido o título na época passada. É um clube parecido com o FC Porto porque tem um bom nível económico. Socialmente, a cidade é muito agradável. Estou a sentir-me muito bem e a jogar, que é o mais importante. Disputámos a Taça Libertadores e podemos ser campeões. Se isso acontecer, será o primeiro bicampeonato da história do Universidad Católica", disse Tomy.
in "ojogo.pt"
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