domingo, 18 de dezembro de 2011

F.C. Porto-Marítimo, 2-0 (destaques)

A ressurreição de Cristián Rodríguez num golo salvador


A Figura: Cristián Rodríguez

O futebol é pródigo nestas fábulas de ascensão e queda. No caso, de queda e ascensão. Rodríguez teve um problema com Vitor Pereira, assumiu-o publicamente, parecia afastado da equipa e, num ápice, aí está ele a resolver um jogo intrincado e a dar três pontos ao F.C. Porto. Por tudo o que viveu nas últimas semanas, com uma lesão pelo meio, merecia esta recompensa e o reconhecimento colectivo do Dragão. Acaba contrato em Junho, a sua saída é dada como adquirida, mas este golo pode ter mudado tudo. A confirmar.

O Momento: o golo redentor

Não havia modo de ver a bola dentro da baliza do Marítimo. Peçanha, os ferros, a perna de um defesa, a pontaria desafinada, enfim, tudo adiava o primeiro golo do F.C. Porto. A dez minutos do fim, já numa fase de desespero parcial, eis que surge a ressurreição de Cristián Rodríguez. Os insulares, convém lembrar, estavam reduzidos a dez unidades desde o minuto 41.

A desilusão: Djalma

Uma excelente iniciativa, pouco antes de sair, não apaga uma exibição apenas sofrível. Limitações evidentes quando obrigado a decidir depressa, algumas limitações, erros a mais. Para quem está a tentar solidificar o nome entre os titulares, esta exibição não ajuda nada.

Outros destaques: 

Belluschi
Faz do relvado uma mesa de snooker, uma superfície suave e sem segredos. Cada passe é uma tacada certeira, inteligente, a rasgar convenções e a sugerir novos mundos. Exibição sorridente, sublimada em pormenores cuidadosamente ponderados. Ficaria muito perto da nota máxima, não fosse o lapso diante de Peçanha aos 35 minutos. Acolheu a bola passada distraidamente pelo guarda-redes do Marítimo, avançou para ele e¿ devolveu-lhe a gentileza. O golo ficava-lhe muito bem, pelo que jogou e pelo que quis fazer jogar. A época está a ser-lhe difícil, inclui passagens regulares pelo banco, mas quem o vê a tocar a bola percebe que a equipa cresce muito quando está bem. Um punhado de pontapés ousados, ameaçadores, mas sem final feliz. 

James Rodríguez
Orgulhosamente vagabundo. Vagueou nos trilhos escuros da defesa insular, escondido, indigente, até a bola lhe chegar aos pés. Aos pés não, perdão, ao pé esquerdo. Técnica adocicada, deliciosa, a merecer mais do que 45 minutos. Ficou ao intervalo nos balneários, aparentemente lesionado por uma entrada duríssima de Roberge. 

João Moutinho
Enorme primeira parte! Entendimento telepático com Belluschi, tabelas apoiadas, passes cirúrgicos e um dinamismo a todos os níveis admirável. Chegou a roubar uma bola no lado direito defensivo para logo depois aparecer na frente, sobre a esquerda. Ubíquo, pois. Menos influente na etapa complementar, a apostar mais na circulação simples, sem arriscar tanto. 

Peçanha
O que lhe terá passado pela cabeça ao colocar a bola nos pés de Belluschi? Sem pressão, com todo o tempo do mundo. Redimiu-se instantes depois, é verdade, ao roubar o golo ao argentino. Excepção feita a esse erro gravíssimo, efectuou uma exibição convincente e concentrada. Foi, aliás, o melhor da sua equipa. Defesa monumental a cabeceamento de Kléber aos 78 minutos.

Igor Rossi
Bela estreia a titular na Liga. É normalmente a quarta opção para o lugar de central, mas aproveitou (e bem) a lesão de Robson e o avanço de Roberge. Formado no Internacional de Porto Alegre, mostrou-se extremamente agressivo e compenetrado na missão de afastar para longe tudo o que fosse sinal de perigo. Nota positiva. 

Juan Iturbe
A primeira vez no relvado do Dragão, de um menino que tanta expectativa tem criado. Uma «bomba» desferida de fora da área e um drible a deixar Briguel perdido são dois momentos para registar. E mais tarde recordar.

in "maisfutebol.iol.pt

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