Direto, conciso e sem medo das palavras, Fernando fez um balanço positivo de uma "época complicada", mesmo a nível pessoal. Numa entrevista a O JOGO, o médio também assumiu erros de um passado recente e admitiu ainda que Vítor Pereira não teve vida fácil no Dragão...
Foi a época mais complicada que teve no FC Porto?
Como vencemos o campeonato, todas essas dificuldades foram um pouco amenizadas. O ano mais difícil foi mesmo aquele em que perdemos o campeonato para o Benfica... Este ano, e apesar de a época ter sido complicada, a conquista do título acabou por nos trazer um maior conforto, até porque sabemos que a vitória na Liga sempre foi o nosso principal objetivo.
Fazendo a pergunta de outra forma: dos três campeonatos que já venceu no FC Porto, este foi o mais difícil?
Sim, sem dúvida que este título foi o mais complicado, porque nem sempre fomos regulares. Também vivemos um momento de transição de treinador e isso é sempre um pouco complicado. Para além disso, havia muitos jogadores que, no início, não estavam totalmente focados no clube, como foi o meu caso. Reconheço isso sem problemas. No entanto, conseguimos estabilizar a equipa para a segunda metade da época e acabámos por perceber que o título não nos podia escapar.
Depois da derrota em Barcelos, o FC Porto ficou a cinco pontos do Benfica. Nessa altura, ainda acreditava na vitória no campeonato?
Sabíamos que ia ser difícil, mas também sabíamos que se chegássemos perto eles iam tremer. Foi disso que fomos à procura a partir daquele momento. Ficámos à espera que eles errassem para nós aproveitarmos e eles erraram mesmo. Depois, acabámos por passar para a frente do campeonato e, a partir daí, não demos mais hipóteses.
O Benfica tem-se queixado das arbitragens nos últimos tempos, mas, para si, ficou provado no jogo da Luz que o FC Porto foi a melhor equipa do campeonato?
Claro que sim. Não só durante este ano, mas também nos últimos. Temos provado que somos a melhor equipa portuguesa, sem dúvida. Esta época, até pelo título conquistado, voltamos a demonstrar que somos a melhor equipa de Portugal. Agora, espero é que o clube continue nesta senda de vitórias por muitos mais anos.
Qual foi a importância que Lucho teve nesta conquista?
O Lucho foi muito importante. Não tenho dúvidas disso. Também não é segredo para ninguém que eu sou um fã do Lucho, não só do seu futebol, mas também da sua personalidade. Ele representou o FC Porto dentro do campo, com a qualidade e classe que todos lhe reconhecem, mas também foi fundamental no balneário, pelo pessoa que é e por tudo aquilo que representa. Ele transmite-nos sempre muita confiança antes dos jogos e foi uma contratação muito importante para todos, como acabou por ficar provado pela influência que ele teve na conquista deste campeonato.
"Não foi fácil gerir jogadores que tinham ganho tudo..."
Pediu publicamente para sair no final da última época. Como contornou essa situação?
Todos os jogadores trabalham para conseguir sempre mais para as suas carreiras, tal como acontece em todas as profissões. No final da última época, não estava a atravessar um bom período a nível pessoal e, naquele momento, disse que queria sair, algo que não devia ter feito. Aconteceu, não posso fazer nada. Depois disso, no início desta temporada, ainda passei por um momento confuso, um momento de desequilíbrio, mas consegui voltar a ganhar a mentalidade habitual. Ou seja, voltei a concentrar-me naquilo que realmente é importante e acredito que acabei por fazer uma excelente época. Não vou repetir declarações daquele género, porque tenho é de me concentrar no meu trabalho. Tenho mais dois anos de contrato e passei a dar ainda mais valor ao clube que me dá trabalho.
Sendo assim, os adeptos podem contar com o Fernando para a próxima época?
Claro que sim. Podem, claro. Enquanto tiver contrato com o clube podem contar sempre comigo, porque vou estar sempre a lutar pelo FC Porto e a dar o máximo todos os dias. Não vão ouvir mais pedidos para sair, nem este ano, nem nunca mais, seja no FC Porto ou noutro clube qualquer. Vou respeitar sempre a instituição que me dá trabalho. Foi um erro que não se repetirá. Não devia ter falado com a Imprensa sobre esse assunto; devia, antes, ter conversado calmamente com as pessoas do clube. Mas é mesmo assim: ainda sou novo e vou continuar a aprender com a vida.
Foi muito difícil gerir as vitórias do ano passado? E acredita que Vítor Pereira sofreu com isso?
Reconheço que foi muito complicado para ele. Não é fácil gerir jogadores que, no ano anterior, tinham ganho tudo o que havia para ganhar. Por vezes, os jogadores deixam a humildade um pouco de lado e cada um começa a olhar para o seu umbigo. Para o Vítor Pereira foi muito complicado, mas a verdade é que ele conseguiu dar a volta à situação da melhor forma; conseguiu manter o grupo unido e ainda conquistámos o campeonato. Considero que o principal mérito é dos jogadores, mas muito desse mérito também é do treinador, porque conseguiu voltar a focar os jogadores no essencial, que são as vitórias.
"Festejos na expulsão? Foi como um desabafo"
Que festejo foi aquele no momento da expulsão no jogo com o Sporting?
Foi um momento de euforia, de alegria, foi como libertar tudo o que passei durante esta época. Naqueles segundos, expressei tudo o que estava guardado, foi algo que aconteceu no momento. Agora que vejo as imagens, acho que vai ficar para a história (risos). Fiquei feliz por ter realizado uma excelente temporada e por ter ajudado o FC Porto a conquistar um título muito importante, embora espere que aquele festejo por um cartão vermelho não se volte a repetir. Quero é festejar mais títulos e muitos golos.
Mas, então, foi um momento em que se libertou da pressão de uma época que considerou complicada?
Foi exatamente isso. A época foi muito desgastante, com muitos altos e baixos, e tivemos um ano muito difícil. Acho que aquele momento foi como um desabafar de tudo o que estava guardado. Acredito que foi algo saudável, que me expressei de uma maneira divertida, sem maldade, e ainda acho que pus muitos adeptos a rir, o que é sempre bom.
Hulk, o incrível também é "fantástico"
A pergunta surgiu enrolada no meio de tantas outras, mas Fernando não hesitou nem um segundo quando foi convidado a escolher o melhor jogador do campeonato. "Foi o Hulk, claro", atirou de pronto, antes de passar a explicar de uma forma entusiasmada uma opção que até parece óbvia. "Ele foi o melhor, sem sombra de dúvidas. E foi o melhor pela forma como jogou, como decidiu os jogos, pela potência que tem... Ele é incrível. Tem um talento fantástico e voltou a ser o melhor jogador do campeonato com uma diferença muito grande para todos os outros", afirmou o médio, que também considerou o Hulk como o "jogador mais difícil de anular" de todos os que foi encontrando ao longo da carreira.
in "ojogo.pt"
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