Pinto da Costa marcou presença no 12º aniversário
da Casa do FC Porto de Espinho e no discurso da praxe fez um
balanço da temporada, mas começou por elogiar
Vítor Pereira, um homem da casa. "É sempre especial vir a
Espinho por causa de grandes espinhenses que se dedicaram ao FC Porto.
Este ano tenho um motivo ainda maior e tocou-me profundamente ver o
dragão espinhense Vítor Pereira ser homenageado pelas
pessoas da sua terra. Costuma dizer-se que santos da terra não
fazem milagres, mas Espinho é diferente: abre as portas do
município ao FC Porto, homenageia os filhos da terra que se
distinguem e mostra um grande sentido de solidariedade", referiu,
dirigindo-se em seguida ao treinador. "Vítor, sei desde a
primeira hora como foi difícil esta época, sei o que foi
pegar num conjunto de jogadores que tinham ganho tudo e que pensavam
que eram os melhores do mundo. Não são, embora sejam
muito bons. Houve constantemente notícias a tentar
desestabilizar. Ainda hoje [ontem] li os títulos de dois jornais
e um punha o Manuel Fernandes no FC Porto, não sei se aquele que
jogou no Sporting, se o que esteve em Espanha; e o outro vendeu-nos o
Miguel Lopes. Dinheiro e propostas ainda não vi. Sabemos o que
querem e que queriam que nós fizéssemos, mas não
fazemos porque quando escolhemos é com critério, rigor e
cuidado. E quando assinamos contratos não são para
rasgar, mas para renovar. É o que temos feito e continuaremos a
fazer", atirou, dando a entender que Vítor Pereira poderá
ser convidado a prolongar o contrato com os dragões.
Depois, Pinto da Costa passou ao ataque. "Foi uma época
difícil e quem não fosse ao futebol nem visse
televisão ficaria confundido ao ver o FC Porto campeão
com seis pontos de avanço. Tivemos um campeonato que até
meia dúzia de jornadas do final foi extremamente competitivo,
com três que podiam ganhar. Não se via melhor na Europa.
Mas depois fomos à Luz, desta vez não foi preciso
apagá-la, mas apenas vencer e o campeonato deixou de ser
fantástico. Era de segunda categoria com jogadores fracos,
treinadores medíocres. E quem lesse alguns jornais a falar das
nossas exibições ficaria apreensivo se não
iríamos descer de divisão. Este era o melhor Benfica dos
últimos 28 anos com nota artística elevada.
Pensávamos que já não valia a pena jogar, mas
quando se tem um treinador competente, sério e determinado,
quando se tem um conjunto de jogadores de grande valor e solidariedade,
vale a pena chegar ao fim ganhar e dizer-lhes 'sois muito
ridículos'", frisou, continuando com a ironia. "Ainda bem que
é assim. O nosso treinador durante o ano deixou de o ser, ele
até já me tinha dito que se ia embora e eu já
andava à procura de treinador, já tinha ido ao
presépio escolher o treinador... mas continuamos firmes no nosso
destino de vencer. E faço votos para que daqui a um ano
continuem com essa estretégia que nós cá estamos a
trabalhar com rigor, competência e paixão. Em 30 anos o FC
Porto venceu 308 títulos e na quarta-feira, se Deus quiser,
venceremos o campeonato que ontem esteve para ser conquistado mas
faltou a Luz. É deixá-los falar", acrescentou, fazendo
questão de dizer que no FC Porto ninguém ganha nada
sozinho. "Se não tivesse a colaboração da minha
administração, da direção e do departamento
de futebol nas pessoas do Reinaldo Teles e do Antero Henrique,
garanto-vos que não teríamos tantas vitórias",
concluiu.
"Vozes de burro não chegam à UEFA"
Pinto da Costa fez questão de falar de arbitragens, uma vez
mais para criticar a estratégia dos adversários. "Vemos
programas televisivos e entrevistas estratégicas a culpar os
árbitros. O Pedro Proença foi constantemente castigado e
quem não visse futebol pensava que era o pior árbitro da
Europa, mas depois a UEFA, quando tem de escolher o melhor para a final
da Liga dos Campeões, elege esse que fui zurzido a toda a hora.
Só chego a uma conclusão: vozes de burro não
chegam à UEFA", atirou.
Pinto da Costa, "o rei Midas do futebol europeu"
Pinto Moreira, presidente da Câmara local, mostrou-se honrado
por receber Pinto da Costa. "Uma personalidade que marca o presente,
marcou o passado e marcará o futuro, não só do FC
Porto como de Portugal", começou por dizer, acrescentado mais
elogios. "Um site espanhol utilizou um epíteto muito feliz
referindo-se a Pinto da Costa como o rei Midas do futebol europeu
porque transformou o FC Porto no maior e no melhor clube
português. Um exemplo também para políticos e
autarcas pela capacidade de trabalho e dedicação", atirou
enquanto Pinto da Costa aproveitava a deixa para tocar no microfone do
Porto Canal.
Pinto Moreira recordou ainda o seu passado na escola e não
esqueceu Vítor Pereira. "Na primária era gozado por ser
do FC Porto, mas entretanto já o vi ganhar tudo. Só falta
aquela taça da cerveja que não interessa para nada e
já retribuí o gozo aos benfiquistas. Mas uns
títulos são mais especiais do que outros e este foi muito
especial porque nele participou um treinador nascido, criado e que vive
em Espinho", atirou.
Espinho parou para o presidente passar
Pinto da Costa presidiu às comemorações do
12º aniversário da Casa do FC Porto de Espinho que
arrancaram com uma receção na Câmara Municipal.
"É uma honra estar nos Paços do Concelho, o que acontece
de Norte a Sul, de um modo geral, e em Espinho pela primeira vez",
referiu, aproveitando para mais uma crítica implícita a
Rui Rio. "Lembro-me da história da mãe que foi ao
juramento de bandeira do filho e achou que ele era o único que
marchava direito e os outro todos estavam mal. Também
alguém da cidade do Porto pensa que tem o passo certo e se tem
alheado dos feitos do clube. Ainda ontem, quase à uma da
manhã, o presidente da Câmara de Coimbra ficou à
espera de receber a equipa que brilhantemente venceu a Taça de
Portugal em Lisboa. Ele estava com o passo certo", atirou.
Pinto da Costa atravessou depois, a pé e em cortejo com
centenas de adeptos, a Rua 19, até chegar às
instalações da Casa do FC Porto de Espinho. Seguiu-se o
jantar-convívio no casino da cidade. Foi lá que
Vítor Pereira se juntou para ser homenageado. Antes,
porém, foi guardado um momento simbólico em
recordação de Júlio Lemos, o antigo presidente da
delegação portista e que faleceu no início do ano.
Vítor Baía, Vítor Hugo, Manuela Aguiar, Frasco e
Eduardo Luís, entre outras figuras, também estiveram
presentes.
Prémio para Vítor Pereira
Para Vítor Pereira, as últimas semanas têm sido
de festa, mas também de emoções. O treinador
voltou a senti-lo ontem e a homenagem que mereceu fê-lo recordar
o percurso que trilhou até ser campeão pelo FC Porto. Por
isso, foi com sentimento que comentou esta celebração...
em casa. "Cresci nesta terra e este foi um trajeto de muita luta, muita
entrega. Lembro-me do que ficou para trás, uma infância
feliz mas difícil. Recordo o que passei, as pessoas que gostaria
que aqui estivessem e não estão", registou com
emoção e reagindo à vontade do presidente da
autarquia em homenageá-lo: "Nasci numa família humilde,
numa zona de Espinho humilde. A minha força interior veio dessas
raízes. Com trabalho, dedicação e
competência, consegue-se chegar onde se sonha." Por ter sonhado
onde chegou, o presidente da Câmara de Espinho vai propor, dia 16
de junho, que seja atribuído ao treinador o título de
reconhecimento público.
in "ojogo.pt"
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