segunda-feira, 20 de maio de 2013

Três mais três: os títulos do FC


Dragões confirmam o terceiro campeonato consecutivo com uma vitória em Paços de Ferreira (2-0). Encarnados chegam a estar a perder, mas recuperam e também ganham, ao Moreirense (3-1). Mesmo assim, a esperança numa reviravolta na Liga transforma-se numa desilusão pelo terceiro jogo seguido. É o fim de uma corrida a dois, com o resto das equipas a servir de obstáculo. O FCPorto acaba sem derrotas (pela segunda vez em três anos) e Vítor Pereira é bicampeão – já está à frente do rival Jorge Jesus em títulos

FCPorto + lucho = título. A receita continua a funcionar

Lucho é um oportunista. E esqueçamos desde já o significado negativo que a palavra por vezes carrega. O médio argentino vem para Portugal em 2005 e conquista quatro ligas consecutivas. Depois segue para Marselha, onde ganha outras coisas, a começar pelo dinheiro e a acabar em mais títulos (um campeonato, três taças da liga e duas supertaças). Em Janeiro de 2012 volta a Portugal, a tempo de ser de novo campeão pelo FC Porto. E agora junta-lhe mais um. É difícil ter melhor timing do que isto.

Em Paços de Ferreira, Lucho marca um golo e faz uma assistência. É o capitão em campo, a par de Helton a face mais visível do FC Porto pós-2004, que reforça o domínio em Portugal com o sétimo título (Helton esteve em todos) em oito épocas (três seguidos) e o 27.º no total. Pela segunda vez em três anos, completa um campeonato inteiro sem perder. Feitas as contas, tem apenas uma derrota nos últimos 99 jogos da Liga.

Chega a ser irónico pensar que uma equipa com estes números esteve a dois jogos de fracassar por completo. Isso diz mais sobre os méritos do Benfica do que dos deméritos de um FC Porto ainda assim menos espectacular do que noutros tempos. Vìtor Pereira é um apaixonado pela posse de bola, o que nem sempre se traduz num bom aproveitamento. Ao longo destas duas épocas (as primeiras do treinador portista na Liga) essa foi uma das críticas mais vincadas. A isso, Pereira responde com os números de um bicampeonato; 47 vitórias, 12 empates e uma derrota em 60 jogos. Desde que Pinto da Costa é presidente do FC Porto, só André Villas-Boas (com Vítor Pereira como adjunto) conseguiu melhor.

A Mata Real enche-se para uma dupla comemoração. Enquanto o P. Ferreira vive num ambiente tranquilidade com o terceiro lugar garantido, o FCPorto tem em cima a pressão do momento decisivo. João Moutinho tenta sacudi-la cedo, mas remata para fora (4’). Lucho responde a um cruzamento de Varela (7’) – uma combinação repetida várias vezes ao longo da tarde – com um remate à malha lateral que chega a criar a ilusão de um golo.


O início é ambicioso, mesmo sem Fernando (lesionado) a controlar o meio-campo (Defour passa a titular). No entanto, é preciso um erro de Luiz Carlos para desencadear um golo. Ora, o médio atrasa a bola para terra de ninguém, que depressa é reclamada por James Rodríguez. Atrás dele vai Ricardo, que lhe dá um toque ligeiro no pé. O colombiano tropeça e vai ao chão, mas tudo isto acontece fora da área. A expulsão é justa, o penálti nem por isso. Lucho  marca e os dragões acalmam.

Com menos um jogador até aos 55’ (Danilo também vê vermelho, por acumulação), o P. Ferreira não faz mais do que alguma comichão.Porque de resto, além do segundo golo do FCPorto, há uma defesa enorme de Cássio (cabeceamento de Jackson) e duas bolas ao poste, de Lucho e Jackson. É de uma combinação desta dupla dentro da área que nasce o 2-0. Oponta-de-lança marca o 26.º no campeonato e termina a época com golos a todas as equipas da Liga (à Académica só marcou na Supertaça).


Benfica em código morse. Golo, poste, golo, golo, poste, penálti, golo

Entre o Ikea de Paços de Ferreira e a Luz, há uma grande distância. Ou talvez não, é apenas um ponto, o (in)suficiente para animar milhares e milhares de adeptos do Benfica, crentes na palavra de Jesus: “enquanto há vida, há esperança”.

Os portões abrem às 17 horas e um mar de gente apodera-se das bancadas com o único pensamento na Vitória, assim mesmo com V maiúsculo. É o voo da águia, o espectáculo antes do espectáculo. Ela arranca lá de cima, plana, dá uma volta e desaparece pelo topo sul. Há quem a veja na Avenida Lusíada (a caminho de Paços?). É a segunda falha da águia na época, depois de em Julho ter saído no jogo ‘Um gesto contra a fome’ para ser recuperada na zona do Jardim Zoológico. Agora, o Benfica-Moreirense é a favor do Banco Alimentar contra a fome. Há aqui um padrão...

Bom, os jogadores entram mas não jogam logo, há um compasso de espera para o início do Paços-FC Porto a fim de evitar diferenças temporais. Tudo em ordem? Cá vai, peep peeeep peep, vamos a isso, sai o Benfica...

E o Moreirense assusta por Ghilas (2’).Da ameaça ao golo, é um tirinho. Aos 43’, já com o Porto em vantagem no Ikea, um livre apanha todos de surpresa, menos Ghilas. O argeltino serve Vinicius e este faz o 1-0. A Luz cala-se, apaga-se e tudo isso. Que balde de água fria. Ainda por cima, no quadradinho seguinte, Lima cabeceia ao poste. Moreirense são e salvo na 1.ª divisão, Benfica condenado ao vice-campeonato pela 27.ª vez (contra 24 do FCP e 19 doSporting). Da águia, nem sinal.Dentro e fora de campo.

Começa a segunda parte e o Benfica aperta, aperta, aperta até chegar ao 1-1. Obra de Cardozo, de cabeça, após lance da esquerda de Gaitán, recém-entrado para o lugar do aniversariante Ola John. Quase à mesma hora, Jackson faz o 2-0 em Paços e agora é que é, adeus título.

O Benfica enche-se então de brio e só não despacha o assunto mais cedo do que deve, porque Ricardo Ribeiro faz defesas do arco da velha, num frente a frente comSalvio (52’ e 59’).

O 2-1 só sai aos 80 minutos, por Lima. Ricardo Ribeiro (lá está) ainda defende o cabeceamento do brasileiro, mas o remate à queima já lhe é impossível de deter.

Consumada a reviravolta (a sexta) para desagrado do Moreirense (agora sim, despromovido), o Benfica acelera para o 3-1. O capitão Luisão acerta no poste aos 85’ e aos 90’+2 (fina ironia, hein?!) há penálti num lance muito confuso, com mão de Paulinho, já dentro da baliza, a impedir o golo de Lima, em fora-de-jogo. Penálti, expulsão e Lima fixa.

Com este golo, a dupla Lima (20) e Cardozo (17) já tem mais golos que oSporting (36). Fraca consolação para quem sonha ainda há uma semana com o treble (campeonato nacional, Liga Europa e Taça de Portugal). Agora, há o medo de outro treble (segundo no campeonato, segundo na Liga Europa e..., o Vitória tem uma palavra a dizer).

Quando o jogo acaba, há aplausos sem festa. Quer para o Benfica, quer para o Moreirense.Nem para Inácio (o primeiro treinador campeão – Sporting 2000 – a descer uma equipa) nem para a águia.


in !ionline.pt"

1 comentário:

Mattos disse...

Boas...


Desde já os meus parabéns pela conquista do tricampeonato, embora seja da opinião que este titulo tem menos brilho do que os anteriores, se bem que o sabor seja algo melhor ...por certo.
Foi um campeonato bem disputado como deveriam ser todos, sendo que qualquer das equipas em disputa do titulo o poderia ter alcançado , olhando à disputa mano a mano.
Em termos de qualidade de jogo, sou da opinião de que o SL Benfica foi mais entusiasmante, dispondo de um plantel mais valioso, sendo que o mérito Portista recaiu uma vez mais na sua disciplina táctica e regularidade de jogo.

Abraço

Mattos...paixaodabola.blogspot.com