Dragões foram buscar o novo treinador ao Paços de
Ferreira e já somaram contratações em três das equipas-revelação. Teórico
enfraquecimento na segunda linha da Liga Portuguesa encarna o espírito do
Bayern na Alemanha e pode vir a beneficiar outros riva
A forma de atacar o mercado de
transferências pode dizer muito sobre o poder e influência que uma equipa tem
no futebol nacional e europeu. Em 2009, por exemplo, o Real Madrid quis passar
uma imagem de poder não só da própria equipas mas também no campeonato. Por
isso, Florentino Pérez, o presidente, decidiu contratar aqueles que eram, com
maior ou menor discussão, os melhores jogadores dos campeonatos inglês (Ronaldo
ao Manchester United por 94 milhões de euros), italiano (Kaká ao AC Milan por
68,5 milhões) e francês (Benzema ao Lyon por 35 milhões mais incentivos).
O Bayern Munique é um caso paradigmático
mas numa perspectiva diferente. Em vez de contratar sobretudo no estrangeiro, a
equipa bávara costuma encontrar os melhores negócios a nível interno, como
mostram os 37 milhões de euros pagos ao Borussia Dortmund por Mario Götze.
Ainda assim, nenhum ano foi tão sintomático como o de 2007. Apesar de ser uma
das equipas alemãs de maior prestígio, terminou a época no quarto lugar, a dez
pontos do campeão Estugarda, a oito do Schalke 04 e a seis do Werder Bremen. O
trunfo para atacar o título na época seguinte tinha duas caras: fortalecer a
equipa e enfraquecer os rivais.
A perspectiva utilizada por Florentino
Pérez foi utilizada pelo Bayern a nível interno nessa temporada. Não contratou
ninguém ao Estugarda, mas foi buscar Miroslav Klose ao Werder Bremen e Hamit
Altintop ao Schalke 04. A filosofia encaixou na perfeição e os resultados
práticos apareceram logo no final da primeira temporada, com a reconquista do
título. E os principais rivais? O Werder Bremen foi segundo a dez pontos e o
Schalke 04 completou o pódio com menos doze.
RÉPLICA PORTISTA A dimensão do campeonato
português não tem comparação com o espanhol e o alemão, mas ainda assim a
lógica de mercado do FC Porto neste defeso tem-se assemelhado mais à do Bayern.
As relações entre os três grandes não permite tanta liberdade nas contratações
entre si - João Moutinho por 11 milhões de euros foi um caso inédito nessa
dimensão - mas a forte aposta no mercado nacional pode provocar, directa ou
indirectamente, uma mudança de forças na segunda linha do futebol português.
Paços de Ferreira, por lutar pela Liga dos
Campeões, Estoril, por atingir a Liga Europa, e Vitória de Guimarães, por
conquistar a Taça de Portugal, foram as três grandes revelações da temporada
mas têm somado "derrotas" desde que a época acabou, muito por culpa
do FC Porto. O clube de Pinto da Costa contratou Licá e Carlos Eduardo ao
Estoril, Ricardo e Tiago Rodrigues ao V. Guimarães e Paulo Fonseca (treinador)
e Josué ao Paços de Ferreira. E pode não ficar por aqui, já que a eventual
saída de Fernando - vai cumprir o último ano de contrato e já manifestou
vontade de abandonar o Dragão - pode abrir caminho para a entrada de André
Leão, outra das figuras dos castores em 2012/2013.
A lógica de saídas dá um novo fôlego
financeiro para atacar a próxima época mas aumenta o grau de incerteza nas
apostas de mercado. O risco é maior e numa primeira fase dá a entender que
provocará um enfraquecimento teórico das equipas que se poderiam consolidar no
pelotão que persegue FC Porto e Benfica no campeonato português. Neste aspecto,
Sporting e Sp. Braga, podem sair como os principais beneficiados. Demasiado
longe para lutar pelo título mas teoricamente acima das restantes para lutar
apenas por um lugar na Liga Europa, podem ter muito a ganhar com a política de
contratações que está a ser levada a cabo pelos dirigentes portistas.
O benefício directo do FC Porto é provável
mas não está fora de hipótese que esteja a servir também de braço-direito de
outros rivais. Mesmo com aqueles que agora lhe viraram as costas.
in "ionline.pt"
Sem comentários:
Enviar um comentário