Pinto da Costa conseguiu ver em Paulo Fonseca o que muitos, por agora, duvidam: capacidade para pôr o FC Porto a jogar bem à bola, jeito para a liderança, conhecimentos suficientes para manter o tricampeão nacional nos trilhos do sucesso, se possível com um novo impulso europeu, e ainda contar com ele para o crescimento de jovens jogadores, que, afinal, são o principal património da sociedade desportiva.
É opinião praticamente unânime que a aposta é mais uma vez de alto risco, como então foram as de Artur Jorge, António Oliveira, José Mourinho, Fernando Santos, Jesualdo Ferreira, Villas-Boas ou Vítor Pereira – quando chegaram ao clube, o currículo de qualquer um deles era uma imensa folha em branco –, mas no fim todos foram bem-sucedidos, embora uns mais do que outros. É, pois, com igual convicção que o presidente do FC Porto, do alto da sua experiência, investiu de novo num treinador que nunca pensou chegar tão cedo onde chegou. Se é para ganhar ou não logo se verá, com a certeza de que boa parte da sua afirmação desportiva dependerá do Benfica de Jorge Jesus, o seu ídolo até então, mas que certamente agora deixou de ser.
Compete a Paulo Fonseca vencer todas as reservas que, de momento, se lhe colocam, confirmando que o seu sucesso em Paços de Ferreira não foi obra do acaso, mas antes pelo contrário, como nos parece, foi seu em absoluto o mérito do crescimento da equipa ao ponto de ter feito história na Liga. Para o efeito, corrigiu o seu comportamento defensivo, melhorando-o em todos os aspetos, como os resultados aliás o provam, e retocou a atitude do seu ataque, tornando-o ainda mais eficaz. Depois, o jovem treinador sabe de antemão que pode dispor dos meios indispensáveis para o desenvolvimento do seu trabalho no FC Porto, tendo ao seu lado o apoio incondicional de uma estrutura que colabora intensamente na conquista de títulos.
A aposta de Pinto da Costa deve ser ainda interpretada como um tributo ao treinador português e o investimento num perfil de quem quer subir na vida não à força da “cunha” mas sim do talento. Deve-se considerar também que o presidente da SAD do dragão gosta de dar uma oportunidade a quem não tem currículo, e neste capítulo tinha muito por onde escolher. Coube a oportunidade a Paulo Fonseca, que terá a obrigação de a agarrar com as duas mãos, não lhe restando alternativa senão renovar o plantel que, de repente, se viu privado de dois dos seus melhores jogadores – Moutinho e James. Uma renovação que terá de passar pela aposta consistente nos jovens – um trabalho que não foi feito por Vítor Pereira, apesar de em duas Ligas só ter perdido um jogo. É que o futuro das sociedades desportivas passa pelos títulos, como é óbvio, mas também pela valorização dos seus ativos. Certo, Paulo Fonseca? Certo.
in "record.pt "
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