sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Jesualdo: «Bom começo de Hulk decisivo na vantagem»


Com Hulk em grande forma, o FC Porto lidera o campeonato. Em separado, qualquer um destes assuntos - Hulk e FC Porto - seria suficiente para uma conversa com Jesualdo Ferreira. Juntar as duas coisas acabou por tornar-se irresistível, resgatando-lhe memórias da trajectória que foi obrigado a fazer sem o brasileiro por causa do castigo aplicado pela Comissão Disciplinar, na sequência do que se passou no túnel da Luz. "Quando o Hulk voltou, todos perceberam aquilo que foi o FC Porto. Recordo que estivemos 12 jogos consecutivos a ganhar, só que, naquela altura, o atraso já era difícil de recuperar. O Benfica e o Braga fizeram o que tínhamos feito em anos anteriores. Quando nos distanciávamos, depois era impossível", disse ontem, no dia que encerrou a participação no Fórum de treinadores de elite, promovido pela UEFA.

Naquilo que pode ser visto como um reforço da ideia, encadeou a actual situação dos portistas. "Creio que percebem que o facto de o Hulk ter começado muito bem - e aconteceu o mesmo na época passada - levou a que o FC Porto tenha ganho vantagem. Tem seis pontos sobre o Benfica, o seu adversário mais directo, e não vai ser fácil ao Benfica encontrar forma de, nos próximos tempos, atenuar ou recuperar esta diferença. É assim que se ganham e perdem campeonatos", referiu, sinalizando o momento em que perdeu o da época passada. "Foi na segunda volta. Perdemos dois jogadores [Hulk e Sapunaru], perdemos competitividade, perdeu-se muito tempo a discutir coisas que não interessavam nada e acabámos por ser vítimas. Se tivéssemos tido todos os jogadores em pleno, pelo menos do ponto de vista mental, não sei o que iria acontecer. O Benfica podia até ganhar, mas o campeonato seria diferente, isto porque, em dois meses, o FC Porto teve poucos jogadores activos, que se esgotaram ao final de algum tempo. Ninguém aguenta. Se forem ver o calendário, entre Janeiro e 28 de Fevereiro, quando perdemos em Alvalade e ficámos praticamente arredados do titulo, percebem pelos resultados, com Champions pelo meio, que não foi fácil".

"Equipa praticamente pronta..."


Na sequência do comentário às saídas de Bruno Alves e Raul Meireles (ler caixa), Jesualdo Ferreira lembrou que, do primeiro grupo que orientou no FC Porto, e com o qual foi campeão, "só restam Fucile e Helton", aproveitando para sublinhar que foi sempre remodelando os plantéis. "Foi uma equipa inteira em quatro anos...", disse, sem que isso tenha condicionado a capacidade de ganhar. Nesse contexto, André Villas-Boas herda uma estrutura parcialmente montada. "O FC Porto foi perdendo jogadores, mas ganhando campeonatos. Este ano tem uma equipa praticamente pronta para ganhar outra vez e, para poder ganhar outra vez, vai prosseguir com a política de vender jogadores, pois é isso que mantém e dá capacidade ao FC Porto para competir ao nível que compete, aos níveis que tem feito e que vai continuar a fazer. De outra forma, não há mercado nem capacidade financeira para fazer equipas fortes. Está com uma equipa praticamente feita e vai tirar dividendos desportivos e económicos", referiu ainda Jesualdo, insistindo na ideia de ter deixado no Dragão uma base sólida para Villas-Boas dar continuidade, isto apesar das saídas de Raul Meireles e Bruno Alves.

"Raul e Bruno? Saíram os dois moicanos"


Bruno Alves e Raul Meireles foram elementos nucleares nos anos de Jesualdo Ferreira, ainda que a última época de um e outro não tenha correspondido às expectativas. Jesualdo não recusa o papel importante que teve na carreira de ambos e, também por isso, acabou por comentar as saídas. "Não retiro o papel que tive na evolução dos jogadores que orientei, não seria tão modesto. Direi que saíram os dois moicanos", disse. Recorde-se que Bruno Alves só ganhou espaço na equipa portista com Jesualdo Ferreira e Raul Meireles cimentou com ele o estatuto que Adriaanse lhe havia atribuído no ano anterior à chegada ao Dragão do agora treinador do Málaga.

in "ojogo.pt"

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