sábado, 2 de outubro de 2010

"Temperamento leva a que não queira sair"


Pelos vistos não são só as faltas que ficam por marcar a aborrecer Hulk. As substituições também. Quinta-feira, em Sófia, o avançado brasileiro voltou a não disfarçar o descontentamento pela saída do relvado a 25 minutos do final do jogo, repetindo uma cena que já tinha ficado bem evidente no Dragão, contra o Rapid Viena.

No fundo, nem chega a ser novidade, porque houve episódios semelhantes na passagem do portista pelo Japão. "O mais incrível do Incrível Hulk é o temperamento", escreveu um jornalista japonês. O próprio Hulk reconheceu, numa entrevista concedida à Revista J, pouco depois da chegada ao futebol português, que teve uma época em que andava muito "esquentado", porque sofria muitas faltas e via muitos cartões. Na sequência disso, terá levado a mal uma substituição no último jogo que fez pelo Verdy contra o Urawa Reds. Na altura, a imprensa japonesa especulou sobre a viagem relâmpago para o Brasil que se lhe seguiu, aludindo a um desentendimento com o técnico Hashiratani.

Na Liga Europa, o temperamento voltou a trair Hulk, que saiu contrariado em Sófia. "O problema é querer jogar sempre até ao fim e o temperamento dele leva a que não queira sair", justifica Teodoro Fonseca, o empresário, reconhecendo faltar ao avançado maturidade para encarar normalmente as coisas: "Ele ainda é muito menino nesse aspecto, mas é feitio. Fica sentido quando está bem e é substituído". As coisas mudam quando os jogos não lhe correm bem: "Quando está mal, ele também sabe fazer a autocrítica e reconhecer que é melhor sair".

A questão já foi abordada entre os dois, até para alertá-lo para situações que possam prejudicá-lo sem necessidade. "Já conversámos sobre isso e ele vai acabar por entender que é para o bem dele e da equipa. Não podem entender como falta de respeito pelos companheiros ou pelo treinador quando sai chateado. A vontade de jogar é maior, porque ele começa os jogos a cem por cento e quer terminar a 120. É feitio dele, temperamento", sustentou o agente.

Há outra explicação para tanta vontade de jogar, diz Teodoro Fonseca: "Este tem de ser mesmo o ano de Hulk e ele preparou-se bem melhor desta vez, porque sabe que tem de apresentar resultados no FC Porto, conquistar títulos: o campeonato português, a Liga Europa. Por isso é que ele está tão empenhado. Se isso acontecer, Hulk poderá fixar-se na selecção". Neste início de temporada, os golos têm ajudado ao destaque desejado, ainda que Teodoro Fonseca tenha uma interpretação diferente: "Acho que a preocupação dele não será fazer golos, mas contribuir para as vitórias. Neste momento ele é líder das assistências na Liga portuguesa e vai continuar a alimentar os seus companheiros da frente. Precisa jogar bem e continuar a evoluir tacticamente com o André Villas-Boas, que o tem ajudado muito nesse caso particular, aliás como já o tinha feito Jesualdo Ferreira, que foi bom conselheiro e um paizão".

Hulk mais eficaz e menos egoísta

O jogo de Sófia é um exercício perfeito para desbravar dois lados de Hulk. À superfície das observações ficou a imagem de quem não gostou de ser substituído. No campo tinha ficado o porquê: cinco recuperações de bola; uma assistência para o golo de Falcao; quatro remates, dois dos quais a obrigar o guarda-redes a defesas apertadas; um cruzamento teleguiado para a cabeça de Belluschi. O problema, neste caso, foi ser a de Belluschi, a quem faltaram alguns centímetros para elevar para duas as assistências de Hulk com golo. Mas houve mais. Houve, por exemplo, um Hulk que soube provocar o erro do adversário e que não fixou os olhos na baliza assim que recebeu a bola, independentemente da distância. Aprendeu a olhar para o lado, facto comprovado pelas inúmeras tabelas com Falcao, o preferido, e tentativas de assistência em locais que o velho Hulk jamais hesitaria em assumir como zonas de remate obrigatório (quem estiver interessado, puxe o filme do jogo com o CSKA até ao minuto 31 ou o 40 para comprovar).

Mas, Sófia só confirmou uma tendência. Hulk não perdeu o que faz dele único - sim, continua a ser o mais rematador da equipa, mas, agora, é também o melhor marcador do FC Porto; sim, perde muitas bolas, mas Álvaro Pereira, com mais um jogo, é verdade, até vai à frente nesse domínio nas estatísticas de campeonato. O brasileiro tem revelado, em contrapartida, um sentido mais colectivo, comprovado pelas assistências ou pelas recuperações. Este, sim, é um Hulk credor de aplausos. Do princípio ao fim.

in "ojogo.pt"

1 comentário:

Fluzão Eterno disse...

O meu interesse seria pela parceria de link,que eu colocasse o link do seu blog no meu mas que voce fizesse o mesmo.