No momento em que pisou o relvado de Alvalade e dirigiu-se para o banco de suplentes do lado esquerdo, André Villas-Boas ouviu uma estrondosa assobiadela. Nada que o preocupasse. Era sinal que estava a deslocar-se para o local certo. Esteve, é um facto, para sentar-se no banco da direita, numa altura em que parecia estar tudo certo para ser treinador do Sporting, mas como o acordo não passou para o papel, só adiou algumas semanas até assinar pelo FC Porto, o clube do coração.
Cumprido o sonho de ter a braçadeira de treinador do FC Porto no braço esquerdo, foi com orgulho que se sentou no tal banco destinado aos visitantes. Foi de lá que dirigiu a equipa até aos 73 minutos, altura em que foi expulso por palavras dirigidas ao árbitro. É a segunda vez que lhe acontece desde que chegou ao Dragão, depois de ter recebido ordem de expulsão em Guimarães, mas ninguém pode garantir, nem mesmo o próprio, que tal não voltará a acontecer. É mesmo muito difícil alguém o ver quieto no banco.
Em Alvalade, no primeiro clássico em que participou fora de portas, foi um espectáculo vê-lo dirigir a equipa. O JOGO seguiu ao minuto todos os movimentos do jovem treinador. Desde a Bancada Central, posicionados mesmo em frente ao banco destinado ao FC Porto, só o deixámos de ver desde que foi expulso. Até lá gastámos páginas do bloco para descrever os principais movimentos do técnico portista. Valeu a pena.
André percorreu dezenas e dezenas de vezes aquele rectângulo destinado aos treinadores. Coitados dos suplentes que estiveram atrás dele. Correram o risco de ficar com problemas no pescoço, tantas foram as vezes que tiveram de espreitar para a esquerda ou para a direita, porque à frente deles lá estava o treinador a dar instruções, quase sempre de pé. Raras foram as vezes que voltou ao banco para sentar-se. E constantes foram os momentos em que olhou para trás e conversou com o seu braço-direito, Vítor Pereira, com quem trocou impressões. Mas na maior parte do tempo foi vê-lo a andar de um lado para o outro, a saltar, berrar, incentivar. E festejou o golo de Falcao, que deixou o FC Porto no restrito lote de equipas invencíveis, como um verdadeiro adepto. Afinal de contas, consegue aliar a profissão à paixão.
in "ojogo.pt"
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