sábado, 1 de janeiro de 2011

"Falcao, Hulk e André Villas-Boas vão chegar longe"

Quando Kostadinov chegou a Portugal para representar o FC Porto, em 1990, André Villas-Boas tinha 12 anos, Falcao tinha 4, e Hulk apenas 3 anitos. Actualmente são três das maiores figuras dos dragões - e quem as admira é o antigo internacional búlgaro e actual director-desportivo do CSKA de Sófia. Tanto que vê nelas capacidade para chegar ao topo do futebol europeu. "O Falcao pode chegar muito longe, tudo depende dele. Até agora tem feito um excelente trabalho no FC Porto. Daqui pode ir para qualquer equipa da Europa. Tem qualidade para isso. O mesmo acontece com o Hulk; pode jogar em qualquer grande da Europa", perspectiva Kostadinov, enumerando as qualidades que mais aprecia no avançado brasileiro do FC Porto. "O que mais admiro nele é que tem um arranque muito forte. Até agora, nunca vi um jogador assim. Talvez mesmo só o brasileiro, o Romário, o Baixinho. Além do arranque, o Hulk tem um remate muito potente. Nesses dois aspectos, ele é muito forte", justifica, evitando comparar Hulk e Falcao com a dupla que ele próprio fez com Domingos, isto porque se trata de jogadores muito diferentes uns dos outros.

Encantado com os dois avançados do FC Porto, Kostadinov também não esconde a admiração que nutre pelo trabalho de André Villas-Boas. Admite mesmo que não está surpreendido com o trabalho do treinador contratado à Académica. "Já o conhecia há quatro ou cinco anos, quando ele estava no Chelsea a trabalhar com o José Mourinho. Ele já chegou muito alto na carreira, porque não é qualquer treinador que é escolhido para treinar o FC Porto, mas tal como disse em relação ao Falcao e ao Hulk, o André Villas-Boas também pode ir para qualquer grande da Europa. É só ele querer", declara Kostadinov em exclusivo a O JOGO.
Para o antigo avançado búlgaro, André Villas-Boas já tinha mostrado serviço na Académica, daí a sua contratação para treinar o FC Porto. "Só lá chega quem tem muita capacidade. E o André Villas-Boas está a demonstrar que tem muita qualidade. Muito sinceramente não me surpreende o trabalho que ele está a realizar no FC Porto, um excelente trabalho", acrescenta.

Kostadinov atreve-se mesmo a fazer comparações. "Comparativamente com a equipa da época passada, a deste ano subiu muito de rendimento. Está muito mais compacta", destaca, elogiando um pouco mais o treinador portista. "O André Villas-Boas trabalha muito a defesa e o ataque. O FC Porto é muito mais seguro atrás e depois marca muitos golos. O que se está a ver tem a mão do treinador, nota-se isso. Ele está a fazer um excelente trabalho", conclui.

"FC Porto tem capacidade para ganhar a Liga Europa"

Depois dos dois jogos que o CSKA de Sófia realizou com o FC Porto - derrotas por 2-0 na Bulgária e 3-1 no Dragão -, mas também pelo conhecimento profundo que tem do líder destacado do campeonato português, Kostadinov coloca os portistas no lote de candidatos à vitória final na Liga Europa. "Por aquilo que já vi da qualidade desta equipa do FC Porto, mas também por conhecer a mentalidade do clube, não tenho dúvidas em dizer que tem capacidade para ganhar a Liga Europa. Ainda é muito cedo, é um facto, mas a qualidade está lá", destaca.

Hábitos bem portugueses

Uns quilitos a mais, a mesma simpatia. Kostadinov recebeu O JOGO na unidade hoteleira de Vila Nova de Gaia onde o CSKA de Sófia estagiou antes do jogo com o FC Porto, o último da fase de grupos da Liga dos Campeões. O encontro com o director-desportivo da equipa búlgaro surge quase por casualidade. Kosta, como ainda hoje é tratado pelos amigos, convida-nos para aparecer no dia seguinte e logo com um hábito bem português: "Vamos tomar um café." Convite aceite, lá aparecemos à hora marcada; para sermos verdadeiros e mais rigorosos, com 13 minutos de atraso. Outro hábito bem português. Adiante. Afinal de contas, quem chegou ainda mais atrasado ao encontro foi o antigo avançado do FC Porto, actualmente com 43 anos. Quando chega, e com a educação de sempre, desfaz-se em desculpas; de regresso a Portugal, o telemóvel não parou de tocar e os amigos apareceram no hotel para revê-lo. Justificações dadas e desculpas aceites, Kostadinov senta-se acompanhado de um amigo de longa data, Alexandrov, de quem foi companheiro no CSKA de Sófia, mas actualmente a residir em Tomar, onde jogou. Os dois tomam café, e a conversa com O JOGO começa. O FC Porto é o tema central: Kosta fala com paixão do clube que representou de 1990 ao Verão de 1994, quando se transferiu para os alemães do Bayern de Munique.

"O Porto é a minha segunda casa"
Kostadinov chegou a Portugal com 23 anos, depois de uma longa passagem pelo CSKA de Sófia. Naquele que foi o primeiro salto para um dos grandes da Europa, o antigo internacional búlgaro ficou apaixonado, como diz o poeta, pelo velho casario que se estende até ao mar entre becos e vielas e ruas sujas e gastas. "Quando cheguei à cidade do Porto, era muito novo, além de que foi a primeira vez que joguei fora do meu país. Foi uma experiência que me marcou muito", revela, feliz por voltar. "O Porto é a minha segunda casa."


Saudades do Estádio das Antas
Foi com a camisola do FC Porto que Kostadinov encantou de 1990 a 1994. Para trás ficaram mais de cem jogos no campeonato português e a época mais produtiva da carreira, com 16 golos alcançados na temporada de 1993/94. O búlgaro formou, com Domingos, uma das melhores duplas de ataque da história do clube, e o já extinto Estádio das Antas era a sua casa. "Quando volto ao Porto e já não encontro o Estádio das Antas, sinto nostalgia dos grandes momentos que lá vivi", admite, sem que o coração lhe atraiçoe o pensamento. "O Estádio do Dragão é melhor e mais bonito", admite.

in "ojogo.pt"

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