No Dragão, avançados nunca são de mais. Os titulares são craques e os suplentes muitos gostariam de ter
Volta, não volta o Benfica farta-se de esperar e encerra a loja. "Cansámo-nos do vai e vem do River" - João Gabriel, director de comunicação do Benfica, falou em nome do clube, justificando o abandono das negociações por Funes Mori com a indecisão dos argentinos sobre o preço do avançado. Porta fechada, portinhola aberta pelo FC Porto, que quando lhe cheira a caça grossa persegue-a, embrulha-se com ela e suja-se até lhe fincar o dente - se uns desistem, eles insistem mesmo que a presa não chegue ao Dragão como troféu de uma caçada intensa. A Funes Mori não lhe falta mercado e este interesse portista vem acender a lógica de contratações portistas no que toca a avançados: ter um dos bons é bom mas não chega; ter dois é melhor mas melhor ainda é ter três.
Vejamos: à falta de melhor opinião, Falcao é um craque. Alguém discorda? E quem lhe está na sombra? Walter, o bigorna, um futebolista a dar para o cheiinho mas que sem dar muito nas vistas leva seis golos marcados. Não chega. É preciso chegar-se à tripla de goleadores válidos para que o FC Porto se dê por satisfeito - da Argentina ou de outro lado, ele chegará à Invicta e entrará no sistema de rotação que permite aos dragões manterem-se na liderança da tabela de marcadores desde há muito. É simples: há o titular indiscutível, o substituto natural e o que joga nas sobras; o indiscutível acabará por sair e quem estiver atrás sobe na hierarquia. É um facto.
SUPER-MÁRIO JARDEL Em 1996 aterra no Porto um tipo alto, de pescoço longo e braços esguios: Jardel. Não soubéssemos nós o que o futuro nos trouxe e diríamos que estávamos então perante um dos populares gigantones. Mário Jardel foi único porque em quatro épocas (de 1996 a 2000) disputou 175 jogos pelo FC Porto, marcou 168 golos, ganhou três campeonatos, duas Taças e quatro Supertaças. A alcunha é tão óbvia quanto injusta, porque Super não chega para definir este futebolista com o dom da ubiquidade: onde havia bola de golo, lá estava ele à espreita. Mas mesmo ele tinha concorrência interna, ainda que irrisória. Para ele, porque quem lhe fazia sombra tinha lugar em muito bom plantel como se veio a confirmar: Domingos, Artur, Mielcarski e Fehér.
PESADO COMO PENA A saída de Jardel em 2000 deixou o ataque portista órfão do maior goleador europeu da altura. Para o seu lugar, a antítese dele: um jogador atarracado, espécie de pugilista peso--médio de olhos no chão: Pena, que em duas épocas marcou 42 golos em 87 jogos. E quem esteve com ele? Domingos, que regressou ao FC Porto a pedido de Pinto da Costa, após o exílio de Tenerife: PC convenceu-o a não aceitar o Sporting via telefone, em plena viagem Espanha-Portugal. Mas também lá andava McCarthy, que depois ainda brilhou no Blackburn; e Postiga, hoje o ai-Jesus dos leões.
AQUI DEL-REI E pronto, chega-se à fartura: Derlei, o combativo futebolista que só jogou bem na vida com Mourinho, chegou em 2002 (92 jogos, 40 golos) para se tornar o símbolo do irresistível FC Porto: conquistou dois campeonatos, uma Taça UEFA, uma Liga dos Campeões, uma Taça, uma Supertaça e uma Taça Intercontinental. Os tipos que discutiam com ele a titularidade eram McCarthy (de novo), Luís Fabiano (agora no Sevilha), Jankauskas (sacado ao Benfica na altura) e Hugo Almeida (a última estrela portuguesa do Besiktas).
PASSAR A LIXA Chegamos a Lisandro López (150 jogos e 63 golos, quatro ligas, duas Taças e uma Supertaça) que quando engatou passou a marcar em ritmo de cruzeiro. Para mal de Adriano (pelo qual o Sporting suspirou), Farías (pelo qual, diz-se, o Benfica andou interessado), McCarthy, Postiga e Almeida. Fartura em qualidade quanto baste. E quanto chegue.
in "ionline.pt"
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